sábado, 3 de abril de 2021

UMA CRÓNICA CRÔNICA

 

" Eu não acredito que ainda tenha que protestar desta merraça. ' Tradução minha livre para não traduzir " fucking shit" em " história" à laia de traduções feitas no meu Portugal para teatro, cinema e tv. Tipo: Fuck you é traduzido em " Com os raios". Além de ninguém falar isso na sua vida normal a expressão original perde toda a força. Enfim... Vamos ao que interessa. Primeiro falarei brevemente desta foto e de seguida farei uma espécie de crónica baseada em factos do dia a dia de muitas pessoas, embora pareça um tanto insólito.

A expressão e a postura desta senhora é incrível. Se tudo correr bem eu quero envelhecer assim. Sair à rua, encontrar pessoas mais jovens que eu, não esquecer dos princípios que me movem e também usar um colarzinho como o dela que parece um nariz de palhaço. Ao que parece daqui ela segura um maço de cigarros com os seus óculos escuros. Eu não fumo, só muito mas muito de vez em quando. Mas também não me cabe a mim julgar outras pessoas que fumam. Outro dia, nos comentários duma entrevista com os cartoonistas Marjane Satrapi e o Art Spiegelman o que algumas pessoas repararam foi que eles fumavam e isso causava-lhes desconfiança.... Não confiavam em pessoas que fumam, mesmo quando estas fazem um trabalho incrível reconhecido internacionalmente. O my dog!!!

Vamos à crónica:

Naquela época a sua internet era muito falha. Era no tempo das pen's de plano mais barato... Constantemente a cair. Uma espécie de prova de paciência nem sempre superada. Mas naquela noite a divina tecnologia estava com ela como se o wifi fosse um enorme anjo da guarda. No momento em que o sujeito propôs textualmente uma masturbação a dois onde ele é que orquestrava como ela deveria fazer e sentir ZÁS a internet cai e não volta mais até à manhã seguinte. De facto, ela respirou de alivio porque não estava a fim de desenvolver esse tipo de fantasia que lhe deixava um sensação de pornografia duvidosamente consentida mas sem escuta e sem a poesia dos preliminares.

Ingenuamente quando o contactou como se duma amiga se tratasse sem tocar no assunto levou um fora. Talvez por ingenuidade e nunca ter tido amigos assim e também por querer fazer amigos num novo território onde agora moraria insistiu em conhecer a pessoa ao vivo e a cores. Vários foras... Pobre ingénua que nunca entrou num tinder e agora tinha um brinde um tanto grotesco à laia de tinder surpresa pela frente que duraria anos. O sujeito sempre dizia que não dava para se encontrar porque estava namorando... Ela não entendia a relação, pois tinha e tem amigos que namoram... Nem por isso ela vai desrespeitar a relação. Depois vieram situações um tanto sinistras: mensagens sem nexo anónimas ou com nomes falsos - algumas pedindo ajuda mas com um mau gosto assombroso ( um exemplo entre vários: Olá! Tenho 12 anos e estou hospitalizado. Sei que é palhaça e gostaria que me fizesse cócegas nos pés), entradas nas suas contas de e mail por outros dispositivos que não os seus, vírus no facebook disparando mensagens pornográficas para familiares e amigos, apagamentos de publicações e comentários das mesmas, apagamento de fotos e contatos nomeadamente de trabalho, do dentista (!!!) e de amigos das filhas ... Enfim, a p..ta da loucura. A sorte desse sujeito é que tinha uma colega e também amiga da faculdade que sempre se prestou a escutar aquela mulher menina moça que tinha até idade para ser sua mãe e ao que consta não o rechaçou mas ficou atenta. Esse sujeito também tinha muita sorte de ter um irmão que o amava, provavelmente por conhecer as suas dores de criança ferida, defendia-o até um certo ponto, não competia com ele ( pelo menos aparentemente) e não o julgava publicamente, mesmo quando não concordava com a sua atitude. Isso é amor de irmão. Talvez toda essa bizarraria tivesse um propósito maior. 

Até ao próximo texto cujo titulo é: ' Quando a bizarraria se desfaz'.

A Piu

Campinas SP 03/04/2021

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