domingo, 31 de janeiro de 2021

APRENDE A RELAXAR, COMPANHEIR@

    Para mim as memórias de infância são como eixos. Há quem não se lembre da sua infância. A minha vai até lá atrás quando me mudavam as fraldas, que ainda eram de pano e agora quem tem consciência ecológica e tempo para lavar voltou a usar nos seus e suas petizes. Memória do cuidado e da luz doce que entrava pela janela do quarto rosinha bebé próprio de uma menina como eu. ihihih Ainda hoje gosto desse rosa suave, mas dispenso habitar no planeta pink, onde tudo é oba oba e maravilhoso. Uma espécie hiponga de boutique ihihih. Ser hippie ou alternativo de verdade dá trabalho e vamos contradizer-nos e errar muitas vezes. Como tal, a galerada alternativa não faz parte do planeta pink que também é conhecido pela terra do nunca. ihihih

Antes de saber ler eu já conhecia a lombada do ' Cem anos de solidão', do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez. Passava por ela todos os dias quando ia para o meu quarto. Mais tarde, com uns 12 anos tirei-o da grande estante de livros que contornava o corredor. Na contracapa lia-se sobre a importância da solidariedade. Esse termo começou a reverberar cá dentro desde essa época, como um formigueiro que se alastra e que nos pica, morde e dá coceira quanto ao caminho a seguir e a entender.

Para mim solidariedade é o que pauta a vida. Nela está contido empatia - capacidade de nos colocarmos no lugar das outras pessoas no individual e coletivo; compaixão - capacidade de se dispor a escutar a necessidade alheia e prestar-se a ajudar sem ceder aos benefícios próprios. Isto é, sem almejar que dali tirará vantagem para si; procurar ser justo e honrar a verdade sem ceder a manipulações - embora possam existir muitas verdades consoante as versões, existe algo que une na essência. Ao passo que a mentira não tem ponta por onde se lhe pegue, logo não se sustente. Embora possa se perpetuar no tempo. Mas o que é não deixa de ser, enquanto o que não é nunca foi é mera ilusão e desfoque daquilo já é e sempre foi. E a grande cereja no bolo é A-M-O-R I-N-C-O-N-D-I-C-I-O-N-A-L. Para mim é isso que faz alguém especial.
Para sermos solidários precisamos de estar informados, de várias fontes, ou pelo menos não nos movermos por achismos.
Há uns dias voltei a escutar algo tão evidente mas que precisamos de escutar e interiorizar. ' Se queremos receber amor, precisamos doar amor. Se queremos receber confiança, doar confiança. Solidariedade, empatia, leveza e por aí vai. '
Por vezes só queremos receber, e nem temos consciência que não nos estamos doando o suficiente. Como tal, auto observarmos-nos é importantíssimo. Quando nos comprometermos a esse olhar para dentro largamos os julgamentos. O julgamento de si e do outro. Porque sabemos o quanto é trabalhoso desconstruirmos-nos e a grande chave da grande porta é que essa porta é para todes onde não há perdedores nem vencedores. Todes são vitoriosos nesse caminho de nos despirmos das nossas auto sabotagens, competições, comparações, ansiedades, inseguranças e tristezas de estimação assim como raivinhas.
No próximo texto falarei sobre feminismo vegano, outro grande desafio - pelo menos para mim- de sair do piloto automático para viver duma forma mais consciente e leve. Não é um caminho linear, pelo menos para mim. Sabermos que sempre falamos dum lugar com as nossas experiências, facilidades e dificuldades em nos desconstruirmos é fundamental. Já é meio caminho andado para nos despirmos da fúria de impingir as nossas verdades aos outros, assim como julgamentos, e somente compartilhar processos que inspiram, porque também fomos inspirados por alguém, como uma corrente.
AH.... E confiar no fluxo da vida. Eu descobri um dia, quando quase me afogava no mar, algo muito importante. Relaxar e corpo e manter a respiração o mais coordenado possível, ao invés de nadar contra uma corrente mais forte ou marés vivas, e assim mais tarde ou mais cedo chegamos a terra sãs e salvas. Mesmo quando somos enrolados por uma grande onda confiar no destino. Sempre nos doando.
A Piu
Campinas SP 31.01.2021











 

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