O que é óbvio precisa de ser dito. Para ser lembrado e até aprendido. Ninguém nasce desconstruído, mas nos prestarmos a rever, a crescer, a amadurecer mais do que um direto é um dever. Nada do que escrevi até agora eu inventei, ouvi doutras pessoas. Então, ser original nem é o caso. O que conta é sermos honst@s com o que nos traz aqui neste plano, tenha 3, 4, 5, 6, 7 dimensões ou mais.
Inocência e ingenuidade não são a mesma coisa. Posso ser inocente e não ser ingénua. Posso ser ingénua e não ser inocente. É mais lato, mas por ora defino que inocência é não nos corrompermos pela mentira e por ciclos viciosos ao passo que ingenuidade é no desaviso parcial ou total colocarmos umas lentes coloridas em algo que não é bem assim.
Alguns exemplos da minha parte: até há relativamente pouco tempo eu achava ( ai o achismo...) que uma pessoa oprimida não vislumbrava ser opressora e estava ligada nos mecanismos todos de opressão. Uma mulher enxergaria uma outra como igual e não como rival. Um homem negro, numa sociedade embranquecida, estaria do lado das mulheres, um trabalhador de qualquer cor e parte do mundo enxergaria outro trabalhador de outra qualquer parte, e que uma nacionalidade não define uma pessoa pela sua classe social e económica visto esta estar hierarquizada, um universitário teria mais sensibilidade e estaria mais informado ( PURA ILUSÃO! PRINCIPALMENTE NUMA SOCIEDADE MERITOCRATA).
Lorde chama atenção para o machismo e o racismo nos idos anos 60 e 70 em que o movimento negro não era, ainda não deve ser, homogéneo. Homens negros machistas, mulheres negras ríspidas entre si e com feministas brancas medindo quem era mais oprimida. Lorde propõe algo óbvio, mas não linear: mais escuta, olhar para o que nos une, mais (auto) gentileza ao invés de exigir de outras mulheres ( até de homens) o que nem sempre damos conta. Porém, segundo ela, não há obrigação de ensinar o que cada um precisa de aprender porque a luta já é árdua para ainda ter que ensinar a uma mulher branca da classe média alta que ela precisa de dar a vez à mulher negra, que um homem antes de defender direitos à dignidade da sua identidade e do seu trabalho precisa de respeitar, admirar também, as mulheres sem a fotogenia fake, de preferência. Ficar bem na fotografia sem alma é um isco para @s ingénu@s. Sim, são coisas óbvias que precisam de ser ditas e repetidas as vezes necessárias. Para que o Manawee ( na foto) se empodere da sua masculinidade sã, onde procura conhecer o que o feminino tem para ensinar para ficar de igual para igual e não para dominar, logo oprimir. Caso contrário é sempre o vira o disco e toca o mesmo. Sim, há homens que querem aprender a honrar a vida. Há sim. Dentro de tod@S nós há a imbecilidade, mas há uns que alimentam e outros que a domesticam para florescer a natureza selvagem e sã. Haja esperança.
A Piu
Campinas SP 07/01/2021
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