terça-feira, 17 de dezembro de 2019

SAIR DA ESCURIDÃO

#eumeamo #eumecuido #eudecido
Eu disse pra ela/ele, que ela/ ele era especial
(...) O careta e o descolado
A beleza e o horror
Quem foi que definiu o preto e o branco
O que é mal e o que é santo
O ódio e o amor?
Bia Ferreira " Levante a bandeira do amor"
Um ano se passou aqui no Brasil depois daquele circo de horrores que foi a campanha eleitoral e o que se seguiu por consequência. Já terem escolhido umas eleições bem pertinho do Natal e reveillon com as respectivas férias de Verão comprometeu bastantes famílias. Inevitável? Não sei. Talvez.Sempre tive a sorte de ter uma família que é unânime em alguns aspectos do que significa a tríade: liberdade, justiça e igualdade. Então, de alguma forma, é-me difícil imaginar o que é uma ruptura drástica com familiares por motivos éticos, cuja a capa é partidária. A única ruptura drástica foi com um dos personagens secundários do espetáculo de palhaçaria femnina " Ar Dulce Ar" sobre violência contra a mulher, protagonizado pela palhaça Maffalda dos Reis ( Geni Viegas) e a palhaça Bell Trana D'Tall ( Ana Piu, eu própria). Ruptura essa que vem na sequência de dois anos de ralação com um sujeito que quis ser pai, mas depois afinal já não e não contente com isso tinha e tem comportamentos misóginos. Isto é, comportamentos intimidantes e destrutivos. E como nos livrarmos dum misógino? Uiiiiii! Boa pergunta. Por vezes passamos uma vida inteirinha a tentar perceber onde amarramos o nosso bode. Lemos, informamos-nos sobre as leis que nos protegem eventualmente, conversamos com outras pessoas, e por aí vai.
Partindo do principio que o Budismo, antes de ser uma religião, é uma prática espiritual de auto conhecimento, essa filosofia espiritual defende que as pessoas não devem ser rotuladas e congeladas nesses mesmos rótulos. Certo. Se por um lado devemos identificar o que ocorre em nós em termos emocionais e sentimentais dar nome às coisas não congela a nós nem aos outros numa condição. Porém os comportamentos, os transtornos comportamentais têm nomes. Ao identificar determinados padrões, características talvez fique mais fácil de resolver esse emaranhado que afeta não só a pessoa que se comporta duma forma nociva, como a parceira ou parceiro, familiares, amigos, colegas e etc e tanto.
Qual a diferença entre machismo e misoginia? Sumariamente machismo é quando se considera que os homens são superiores às mulheres e que estas devem ser inibidas de liberdade por uma questão de proteção ( paternalista, patriarcal). Já a misoginia é uma admiração distorcida do homem pela mulher com impulsos destrutivos. Há quem diga que é um ódio tremendo das mulheres, outros ainda dizem que é essa tal admiração distorcida e destrutiva resultado duma relação com o pai e mãe num ambiente pouco ou nada favorável a uma relação igualitária de respeito e amor. Um ambiente machista onde o pai é controlador subjugando assim a mãe. Ou a mãe é controladora e repressora. Ou o pai é ausente. Enfim. Na base está a relação com o pai e a mãe. Mas agora também pergunto: numa sociedade em que possuir, dominar, competir, onde o que é importante sempre vencer na vida e que são para os que possuem mérito - vai-se lá saber o que isso significa- é tudo responsabilidade da mãe e do pai que também são engolidos de alguma forma nessa mentalidade coletiva alienante? Ainda faço outra pergunta, ora raios pois pois bolas e bolonas: porque é que uns irmãos são mais agressivos que outros? Porque uns são mais egoístas que outros? Porque é que uns acham bonito serem agressivos e outros querem seguir o caminho da escuta, observação e amor?
Assim sendo inclino-me a responder: porque antes de tudo somos diferentes, sentimos de maneira diferente, mesmo quando temos os mesmos pais. E não somos educados de maneira igual porque viemos em momentos diferentes da vida e como foi dito somos diferentes por natureza. Somos únicas e únicos.Por outro lado, sempre podemos dar umas dicas uns aos outros demonstrando amor e colocando limites nos nossos irmãos e também permitir que estes nos ajudem a enxergar a vida. Isso é ser especial!!
Alguém que apresente traços de misoginia tais como a Lucy Serrano define: primeiro é um príncipe que faz a mulher sentir-se eleita, depois demonstra a sua imbecilidade fazendo a outra ou as outras pessoas sentirem-se culpadas de todos os seus infortúnios. Criando aquela interrogação no(s) alvos(s) atingido(s): o que foi que se passou ou o que se passa?; por fim vem a criança ferida que mostra-se arrependido e tal e quê. Quem não conhece esse quadro?
Esses comportamentos desviantes do que é ser feliz e proporcionar felicidade têm cura?... Se cair a ficha à pessoa que precisa duma boa terapiazinha que ninguém lhe pode ajudar a não ser o mesmo procurando ajuda exterior aos alvos atingidos. Por outro lado, alguém que manifesta traços de misoginia de alguma forma vai ao lugar quando outros homens por meio da coerção que não precisa de ser física nem judicial, colocam um BASTA. Não nos intimidarmos com um misógino, mesmo que nos persiga por muito tempo, é uma ajuda que lhe damos acrescida a pedirmos ajuda e criarmos uma opinião pública da reflexão. No meu ponto de vista e experiência é muito mais eficaz que acionar as leis logo de primeira. Por isso, não nos calemos!
Precisamos de nos avisar. As mulheres avisarem os homens de como gostam de serem tratadas. Os homens avisarem as mulheres de como gostam de serem tratados. Obviamente que todas outras identidades que não se encaixem nessa terminologia mulheres/ homens estão incluídos.
Cultivar a paz é não congelar as pessoas, mas colocar-lhes limites sem diabolizá-las. Mas também não lhes passar a mãozinha pela cabeça como se fossem umas crianças e não entendessem nada. Se as crianças entendem como é que um adulto não entende? Deixar-nos de nos infantilizarmos e termos a coragem de incluir todos nesta grande constelação sistêmica é um grande ato de coragem para não sermos governados por ditadores e medíocres - os ditadores são medíocres vá, assim como é medíocre apoiar a mediocridade- tanto no micro como no macro sistema. Somos muito mais do que seres competitivos e odiosos uns para os outros. Como diz o Gandhi: não existe caminho para a paz. A paz é o caminho.
Bom final de 2019 e excelente entrada em 2020 com mais leveza e riso são, que aquele que é para manter o preconceito é dispensável.
BEIJUSSSS
A Piu
Brasil, 17/12/2019
Misógino, quem é ele? https://youtu.be/7fwNmBLhAyI
Qué es un misógino? - Lucy Serrano https://youtu.be/0WlOXJlo0_k
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