segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

HUMOR COM AMOR - NON, JE NE SUIS PAS CHARLIE

Dizem por aí que fazer humor é das coisas mais difíceis. Que fazer rir terceiros é um grande desafio. De que nos rimos quando nos rimos? Como nos rimos e com quem rimos? Rir é como brincar. Dá prazer. Muito prazer. Não? Em criança alguém nos ensinou a brincar ou nós fomos aprendendo a brincar que é uma forma de apreender e aprender o mundo. Partindo que nascemos inocentes os primeiros tempos vida, até ali aos 3/ 5 anos a criança mão tem malícia. Ela passa a ter quando começa a se sociabilizar de forma mais consciente e em determinados momentos ela tem brincadeirinhas cruéis para com os amiguinhos. Uma criança de 2 anos pode arrancar as asas dum bicharoco por curiosidade, talvez morda o amiguinho para marcar território, mas a crueldade ainda não está lá. Os primeiros anos de vida são cruciais para aprender os princípios de dar e receber amor. Uma criança mal amada, negligenciada tem fortes probabilidades de se tornar um adulto desequilibrado. Mas não necessariamente, se a pessoa também decidir recorrer a meios hábeis para superar essa dor. Alguém que é cruel não vibra amor, por algum motivo em determinado momento. Existem brincadeiras e humores que não são para edificar, através da desconstrução. Antes de tudo o riso deverá vir da empatia com algo, alguém e que deve brotar do amor e respeito pela vida, enfrentando a opressão. O riso é uma provocação. O que queremos provocar com o humor e riso? Reflexão ou discórdia pela discórdia? Não é mais interessante rir das nossas próprias vulnerabilidades, arrogâncias e medos assim como dos nossos autoritarismos e autoritarismos alheios? Rir das nossas crenças limitantes para nos desenvencilharmos delas ao invés de ofender gratuitamente as crenças dos outros? Existem pessoas que se sentem ofendidas pela alegria e liberdade alheia. A alegria é revolucionária porque nos liberta da negatividade. Algumas vezes essas pessoas tentam se aproximar de quem é irreverente por ser simplesmente quem é para escarnecer ou até mesmo destruir. Que doideira. Um riso destrutivo é saudável? Traz felicidade a quem? Se é para perpetuar discórdia, ódio e sofrimento o riso é dispensável. Ou não?

Tenho assistido de empréstimo a alguns filmes e documentários da netflix. Coisas muito boas desde Bob Marley, Nina Simone, Yoko Ono e Lennon a Bob Dylan, Laerte e outros. Curiosamente adormeci naquele filme de Natal da Porta dos Fundos que agora criou polémica. Mas também havia necessidade? Primeiro que tudo, vivemos tempos ideologicamente muito conturbados. É realmente necessário cutucar o leão dogmático, principalmente nesta quadra? Sinceramente, o Jesus não tem nada a ver com esta bandalheira toda de parte a parte. Porém não é importante respeitarmos as crenças alheias? Por outro lado, qual a intenção desse tal filme? É levantar a bandeira da homossexualidade ou da homofobia? Na verdade não entendi. A orientação sexual é uma escolha intima. Ninguém tem nada a ver com a orientação sexual dos outros. Não entendi, porque se pega na imagem de Jesus para brincar com a sua sexualidade nestes tempos que precisamos de mais amor e tolerância. Esse filme é para unir as pessoas de forma libertadora ou é para ofender quem acredita fanaticamente em algo ou alguém? Porque não rir dos nossos próprios fanatismos? Quando nos rimos de nós mesmos libertamos-nos do riso arrogante d apontar no outro o que provavelmente trazemos dentro de nós: ideias feitas acerca da nossa inteligência que não passa duma desinteligência.

Enfim, aconselho a assistir aos filmes acima mencionados. Tornei-me ainda mais fã, não fanática, do Bob Marley, do Laerte e do Mujica, o Pepe. Homens com uma visão e prática de amorosidade e união admiráveis. Subscrevo e inspiro-me.

Aquele abraço de One Love and let's get together and feel alright

A Piu
Brasil, 30/12/2019
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