O que nos move? Como nos movemos com o que nos move? Há uns tempos um amigo dizia que preferia não meter a mão no vespeiro. O vespeiro daqueles que se consideram grandes, porque acham que detém o poder. Tudo isto é uma matrix. O nosso dever é nos alinharmos com nós mesmos. Concordo em grande parte. Concordo em nos alinharmos, mas sem nos alienarmos. De que lugar falamos quando sentimos, pensamos e opinamos? De onde viemos? Quais as nossas raízes? Aceitamos ou renegamos e até desprezamos? Olhar para os nossos antepassados com coração cura feridas profundas em que eles foram alvo ou alvejaram alguém. Tudo passa e o Amor cura.
Porque é que as utopias, as ideologias bem intencionadas que prometiam justiça e igualdade, não venceram na plenitude neste último século? Porque as ditas revoluções são movidas pelo ódio, pela raiva e pelo desespero, mesmo que camuflado de esperança. Ao final é uma disputa de poderes, o inimigo como espelho do inimigo, cara e coroa. Assim tem sido. Olhe-se para as grandes guerras do século XX, guerra fria e guerrilhas latino americanas, por exemplo. Todas estas apropriaram-se das necessidades dos mais desvalidos, explorados para exercerem violência com vista a ascender ao poder e se apegarem ao mesmo. Veja-se o Fidel de Castro em Cuba e o José Eduardo dos Santos em Angola. Já não falando do carrasco do Stalin.
Assisto ao filme do Sergio Trufaut numa sala de cinema dentro do edificio do Centro de Memória do Circo na República, no Centro de São Paulo. Dois reais de meia entrada e quatro a inteira!!!! Qualquer um pode assistir! Democrático. O filme passa-se no Alentejo dos anos 50, Alentejo dos meus avós e bisavós camponeses explorados pelo latifundiário. Baseado no romance do Manuel da Fonseca " Seara de Vento", que conta a história dum caso veridico passado nos anos 30, o filme tem o titulo de " Raiva". Embora eu preferisse o titulo " Dor", porque aquele camponês que faz justiça pelas suas próprias mãos sente amor e dor, mais do que raiva. Foi uma viagem a uma parte das minhas raízes e também a compreensão de muitas dores, uma delas a dignidade de não pedir esmola assim como algum complexo de inferioridade em relação aos ricos que exploram e acham que os pobres não valem nada além da sua mão de obra barata.
Porém a vida continua e como somos vento que nos materializamos em algum momento viemos para honrar quem nos deu vida. Embora os materialistas tenham feito questão de querer aniquilar o divino. Esse foi um dos seus grandes erros, se não o principal. Sim, as Instituições religiosas apropriaram-se da espiritualidade e do divino de cada um para exercerem poder. Mas os materialistas, os que acreditam que somos somente matéria, consideram um pecado ;) acreditarmos que temos Budah, Tupã, Grande Espirito, Deus dentro e fora de nós.
O Nietzsche matou Deus, mas também acabou os seus dias todos entravidinho do corpo e das ideias. Será que era porque não deu demasida importância à sabedoria do coração e ficou tudo muito na cabeça que os fuziveis queimaram?
Ainda a ler o livro do Fernando Morais sobre a Olga Benario Prestes digiro toda aquela violência de parte a parte, voltando lá acima: quando criamos inimigos este não é nada mais nada menos que o nosso próprio espelho. A transformação está no caminho da Respiração, do Amor a si mesmo e ao próximo, de coração, mas sem condescedências. Colocando limites , abrindo portas para que o Amor, a justiça, a liberdade, a igualdade habita antes de tudo dentro de nós sem impr nada a ninguém, tampouco punir simplesmente porque o outro é diferente de nós nos seus credos e modos de levar a vida.
Para finalizar nada melhor do que a frase pop do Gandhi: Seja a mudança quer que ver no mundo.
A Piu
Br, 16/03/2019
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