quinta-feira, 30 de junho de 2016

CAZAR

"Para que é que se casam agora se logo a seguir se descasam?", assim perguntava a minha avó, a Rosarinha. Mas o que é facto é que dos quatro netos a sua alegria de ver um dos netos casar não era disfarçável. Escusado será dizer que eu não lhe dei essa alegria, mas dei outras alegrias. Umas besnetinhas. Ora toma! Na minha cabeça e coração aquela pergunta soava em tom de reprimenda e alguma nostalgia dos tempos em que as pessoas casavam-se e aguentavam-se, algumas ainda se aguentam, a vida inteira. A Rosarinha tinha razão. Aliás, o casamento tornou-se uma indústria como a maioria das coisas. E na verdade, aquela verdade verdadinha que aos quase 43 anos de idade ainda trago dentro de mim e escrevo aqui não para ofender os demais, mas porque acho isso do casamento tradicional: O casamento é careta! É uma negociata para agradar famílias naquele velho padrão do dia mais feliz da vida do casalinho que é príncipe por um dia. Desculpem, acho careta, antiquado. Depois da contra cultura, e das primaveras todas para abanar estruturas desde a metade do século XX até então é muito fora os velhos padrões ainda vigorarem. O mais giro, o mais belezura, o mais cómico é quando as pessoas, para mostrarem que são muito sérias, postam a foto do dia mais feliz da vida delas nas redes sociais, como se houvesse algum perigo de dúvida. Enfim, viva a liberdade de postagem, mas é pá... Tem assim tanta necessidade ou vivemos na lógica do adultério, das escapadinhas às escondidas? Se as pessoas estão juntas ponto. Tá tudo certo. Caso contrário... Não é uma hipocrisia?

Não quero com isto dizer que nunca fui 'casada'. Fui... Mas sem papel para que burocracia e outras dores de cabeça fruto da mesma se evitassem. E a ideia duma aliança oficializada para mim é... Sei lá... É que eu tive asma na infância. E gosto de andar com os dedos à solta, nem por isso vou deixar de ser confiável e vice versa. Quando a confiança se perde... Aí está tudo perdido!

Não quero isto dizer que também não curta uma bela festa na praia com fanfarra de uma semana no mínimo  para celebrar união com alguém à maneira. Alguém que tenha peito para a vida e esteja aí para as curvas, mais e menos acentuadas. Mas isso já é outra história. Assim sendo, só posso finalizar com esta exclamação da nha avó para mim:"Ai 'melher' nã tens juízo! És maluca e a família não sabe!' Ao que respondo: ' E os outros acham que são muito normais e por isso nem se dão conta da sua maluquês."

Ana Piu
Br, 30.06.2016



Aqui temos as noivas de Santo António, na minha querida Lisboa. Aqui estão as provas do motivo pelo qual o casamento é uma decisão delicada. Primeiro: a pessoa pode escorregar na linha do elétrico/ bonde. Segundo: a pessoa é mais uma entre tantas a casarem-se nesse dia. Parece uma fábrica de fazer noivos. Eu aprecio dias especiais e únicos. Terceiro: pela foto o estilo de noivos e noivas não faz o meu tipo. Quarto: pela aparência o casamento deve custar os olhos da cara. Com esse dinheiro viajo à grande e ainda alugo uma casa.

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