domingo, 10 de fevereiro de 2013

RODOLFO RITLHER


Rodolfo Ritlher, quando criança, era timido. Rir só às escondidas. Rapazinho solitário, quedava-se horas e horas observando os pássaros e as copas das árvores. Gostava de estar debaixo da sombra das árvores e imaginar histórias taciturnas. Rodolfo Ritlher também gostava de pintar. Pássaros atingidos por uma pedra eram as naturezas mortas preferidas de Rodolfo. Rodolfito intitulava a série de trabalhos como: motivos de caça. Rodolfito alvejava o passaredo em dias de nevoeiro. O
café era a matéria prima eleita para pintar, o que desfalecia as magras economias da familia.

Aquando da sua adolescencia a sua penugem começou a despontar debaixo do nariz. Esticado, em bicos dos pés, olhava-se ao espelho. Rapaz franzino que era, tinha de subir para o banco para poder acender o gás do esquentador que no banheiro, na casa de banho, no quarto dos serviços estava.
Rodolfo desejava ser loiro. Certa vez, tentou oxigenar o cabelo, mas como a sua vista era fraca confundiu o frasco. Colocou alcool no cabelo. Não deu em nada, mas sentiu-se desinfectado. Purificado. Puro, por assim dizer. Depois foi ao frasco de mercúrio. Ficou com o cabelo todo vermelho! Aflito, tentou limpar tudo antes que a sua mãe chegasse. O esquentador do gás quase explodiu. Que desastre! Rudolfito ainda ficou zonzo com a fuga de gás. Depois foi tomando o gosto. Daquele cheiro. Mas Rodolfito quase ia desta para melhor.

Rodolfito era tão timido e inseguro que com o passar do tempo tornou-se perpotente. Perpotente, umas vezes, impotente outras e algumas imponente.
Tudo queria controlar. A terra, o céu, o mar e o ar. Quando algo lhe fugia do control os níveis do colestrol subiam.

Rodolfo não tinha amigos e se alguém dele se abeirava... sacudia.
Rudolfo era uma espécie de menino mimado. Carente de afagos, quando contrariado
descomandava tudo. Muito pequenino, cerrava os pulsos e batia com os pés com pequenos pulinhos ritmados num crescendo ensurdecedor que aos ouvidos fazia cócegas.
Ritlher tinha fome. Tinha fome de se rir. Levava-se demasiado a sério. Tinha fome de comer com as
mãos e largar os talheres.
Ri Ritlher e deixa para lá os talheres. A vida está ai de carne e osso. Vem daí, Ritlher! Te abre para a vida vivida. Ritlher, meu pequenito Ritlher!

Hanna Mija Prakova

Sem comentários:

Enviar um comentário