De origem germânica achtung! servia como interjeção chamativa para perigos e paisagens deslumbrantes. Mais a norte, nos países escandinávos,ACHTUNG!! é considerado o espirro oficial dos vikings. Em terras lusas utiliza-se a expressão "Arre!!" quando alguém está arreliado. "Arretung!" é uma espécie de grito de guerra dos trabalhadores da classe precária, que desunidos nunca vencerão.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
RODOLFO RITLHER
Rodolfo Ritlher, quando criança, era timido. Rir só às escondidas. Rapazinho solitário, quedava-se horas e horas observando os pássaros e as copas das árvores. Gostava de estar debaixo da sombra das árvores e imaginar histórias taciturnas. Rodolfo Ritlher também gostava de pintar. Pássaros atingidos por uma pedra eram as naturezas mortas preferidas de Rodolfo. Rodolfito intitulava a série de trabalhos como: motivos de caça. Rodolfito alvejava o passaredo em dias de nevoeiro. O
café era a matéria prima eleita para pintar, o que desfalecia as magras economias da familia.
Aquando da sua adolescencia a sua penugem começou a despontar debaixo do nariz. Esticado, em bicos dos pés, olhava-se ao espelho. Rapaz franzino que era, tinha de subir para o banco para poder acender o gás do esquentador que no banheiro, na casa de banho, no quarto dos serviços estava.
Rodolfo desejava ser loiro. Certa vez, tentou oxigenar o cabelo, mas como a sua vista era fraca confundiu o frasco. Colocou alcool no cabelo. Não deu em nada, mas sentiu-se desinfectado. Purificado. Puro, por assim dizer. Depois foi ao frasco de mercúrio. Ficou com o cabelo todo vermelho! Aflito, tentou limpar tudo antes que a sua mãe chegasse. O esquentador do gás quase explodiu. Que desastre! Rudolfito ainda ficou zonzo com a fuga de gás. Depois foi tomando o gosto. Daquele cheiro. Mas Rodolfito quase ia desta para melhor.
Rodolfito era tão timido e inseguro que com o passar do tempo tornou-se perpotente. Perpotente, umas vezes, impotente outras e algumas imponente.
Tudo queria controlar. A terra, o céu, o mar e o ar. Quando algo lhe fugia do control os níveis do colestrol subiam.
Rodolfo não tinha amigos e se alguém dele se abeirava... sacudia.
Rudolfo era uma espécie de menino mimado. Carente de afagos, quando contrariado
descomandava tudo. Muito pequenino, cerrava os pulsos e batia com os pés com pequenos pulinhos ritmados num crescendo ensurdecedor que aos ouvidos fazia cócegas.
Ritlher tinha fome. Tinha fome de se rir. Levava-se demasiado a sério. Tinha fome de comer com as
mãos e largar os talheres.
Ri Ritlher e deixa para lá os talheres. A vida está ai de carne e osso. Vem daí, Ritlher! Te abre para a vida vivida. Ritlher, meu pequenito Ritlher!
Hanna Mija Prakova
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