sábado, 23 de fevereiro de 2013

RASGANDO OS CÉUS DE PASSAROLA



O conhecimento é um capital. O capital do conhecimento. Dizem que a Marylin Monroe não morreu. ELa é um mito. Como tal ela está viva. Há quem diga que ela foi morta. Mataram a Monroe que beijava o Kennedy e que lhe cantava "Happy Birthday, mister president". Mataram o Kennedy que era beijado pela Monroe que beijava a Marylin e que gostava de saber o que estava por debaixo do seu vestido branco. O Kennedy sabia o que estava por debaixo do vestido branco da Mari Mon roi. E a Monroe saberia o que estava por detrás da casa branca?

Mataram a Monroe. Mataram o Kennedy. Nunca se soube ao certo quem matou o Kennedy. Nunca se soube ao certo quem matou o Bin Laden. Quem é o Bin Laden?

O conhecimento é um edifício que de vez em quando vai abaixo. de vez em quando algo ou alguém com asas joga o conhecimento por terra, deixando um grande reboliço no chão e no ar.

O conhecimento pode ser capitalizado? O conhecimento é capitalizado. Tudo pode ser capitalizado. E amado? Tudo pode ser amado? Um esgoto a céu aberto pode ser amado? A raiva de quem raiva tem pode ser amada? Pode-se amar a raiva? Pode-se amar alguém que faz da sua vida uma permanente raiva? Uma raiva tóxica pode ser amada? Pode-se amar quem matou a Marylin Monroe? A mesma que fez e que ainda faz as delicias e as fantasias de muitos e muitas? Pode-se amar quem matou o sorriso diplomático do Kennedy? E do Bin Laden? Quem ama o Bin Laden, esse maldito que matou milhares e milhares de pessoas? Quem é o Bin Laden? É o nosso vizinho simpático e correcto, moralmente aceitável e aceite que numa bela manhã sairá à rua? Sairá à rua depois de sucessivas reuniões, planos estratégicos, conjecturas e nomenclaturas. Sairá à rua, subindo e descendo escadas, digitando códigos de entrada em portas blindadas. E antes de se sentar e orquestrar botões rezará um "Pai Nosso", beijará o retrato da família e fechará os olhos antes de rasgar os céus envergando uma roupa de herói com uma sutil e proeminente bandeirinha da sua pátria na manga direita junto ao ombro.

O conhecimento é um capital. O capital do conhecimento. Que conhecimento é esse? Existem os fazendeiros do conhecimento? Como é usado o conhecimento? Para controlar ou para nos libertarmos do controle?

Conhecer é um ato de generosidade ou um ato de individualismo, de exercício do poder?

O Bin Laden lembra o Caetano Veloso, mas com barba e turbante. O Caetano escreve, compõe desejos de harmonia. Desejos de justiça. O Caetano trabalha com harmonia. O Caetano é harmonioso? O Caetano é diplomático? O Caetano move-se na chuva sem se molhar? Sabe passar no intervalo das gotas? O que está por detrás do seu largo e bonito sorriso? Que segredos guarda? Serão obscuros ou claros como os longos vestidos baianos? Oxalá que não matem o Caetano. Alguém merece ser morto?

Oxalá que o conhecimento se torne ainda mais vivo. O conhecimento não merece estar ao alcance de todos? Mas afinal o que é o conhecimento?

Hanna Mija Prakova

Br, 20 de Fev. 2013

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