quinta-feira, 2 de setembro de 2021

E NÓS? COMO PODEMOS FAZER DIFERENTE?

 Castañeda complementou que, na incerteza de tudo, a grande liberação consiste em viver cada momento como se representasse a última batalha do guerreiro, que assume decisões sem lamentações e sem pendencias.

- Eu nasci na América Latina, onde os intelectuais estão constantemente falando de revoluções políticas e sociais e onde se atiram montões de bombas. Mas a revolução não mudou muito. No entanto, para deixar de fumar, deter a ansiedade ou o diálogo interno, cada um tem que fazer de novo. Aí começa a reforma real. Nossa preocupação principal deveria ser conosco mesmos. Só posso me preocupar com o próximo se estou no apogeu da minha força, sem depressão. Qualquer revolução deve começar aqui, neste corpo. Posso modificar coisas, mas só do interior de um corpo impecavelmente sintonizado com este mundo misterioso. Para mim, a verdadeira façanha está na arte de se transformar em guerreiro, pois este, como diz Dom Juan ( índigena yaqui nascido no território fronteiriço do México com os EUA - nota minha), é o único caminho para equilibrar o terror de ser um homem com a maravilha de ser um homem.

in: Roberto Crema e Kaká Werá " A águia e  o colibri, Carlos Castañeda e ancestralidade tupi -guarani: trilhas do coração"

Já eu nasci no sul da Europa, na Peninsula Ibérica, berço dos antepassados que invadiram este imenso continente da Patagónia até ao México denominando o mesmo de América Latina devido à Peninsula comunicar-se com linguas de raíz latina, fruto duma outra invasão imperialista -  a romana - muitos e muitos  séculos antes. Chegados ao denominado Novo Mundo, embora muito antigo logo com uma vasta sabedoria ancestral, a sua compreensão não alcançou essa riqueza. Aos olhos desses antepassados peninsulares cuja sua História era pautada por invasões, perseguições, dogmatismos, batalhas sanguinárias a riqueza estava no extrativismo e na exploração da força de trabalho forçado alheia, vulgus escravatura. A escravatura é milenar e tinfelizmente transversal à grande maiora das sociedades e civilizações. Não são só os peninsulares ibéricos, assim como os restantes europeus dos últimos 500 anos que são os maus da fita. Porém, o que tem acontecido nos últimos 500 anos ao nível global é de grande responsabilidade dessa Europa, tanto ocidental como do leste. Chegou o tempo de escutarem os povos invadidos, mesmo que estes também comentam as suas atrocidades nomedamente a mutilação genital e genocidios - no caso refiro-me aos territórios africanos- sem contra argumentarem

Recuemos até 1976 à ponta de Sagres, não do gargalo da cerveja Sagres e sim desse pontão no Algarve, sul de Portugal onde existiu a escola de navegação no tempo da chamada expansão marítima. Essa expansão, antes de tudo teve uma finalidade mercantil: descobrir o caminho maritimo para a India, o caminho das especiarias. Nos entretantos "descobriu-se" (?) ouro, diamantes, café, cana de açucar e outras riquezas materiais em outro continente até então desconhecido (?) , pelo menos na memória oral e escrita da época.

Nessas duas décadas, 70 e 80, que precederam o fim do Império portugês muitas eventos que de brandos não tinham nada, embora um certo ditador convencia o seu povo que este era de brandos costumes só para o manter quietinho sem pensar muito e de preferência sem  pensar nada. Relembrando que o analfabetismo em Portugal até 1974 rondava os 90%. 

Sim, também houve atentados bombistas em Portugal tanto da dita extrema esquerda como da extrema direita. Obviamente não subscrevo todo e qualquer atentado à integridade fisíca, moral e espiritual. Mas é sempre bom verbalizar e sublinhar com um obviamente para ficar inscrito no campo vibracional, vá.

Porém, o que é curioso é que os bombistas da extrema direita nunca foram julgados. Já os que defendiam a ditadura do proletariado foram todos dentro. Um deles morreu há umas semanas atrás, Otelo Saraiva de Carvalho. O cabeça da coisa, ao que consta embora o mesmo negasse. Não o conheci pessoalmente mas conheci uma pessoa, que também já faleceu há alguns anos, que foi dentro. Essa não era militar, mas abria a casa para reuniões, segundo ela. A mesma teve uma grande importância no panorama cultural, fazendo um ótimo trabalho. Acredito que as suas intenções fossem boas,mas desconfio que um certo equivoco no coração estivesse presente. Escutei- a algumas vezes, na época em que dei aulas de teatro num estabelicimento prisional onde a mesma tinha estado detida. Não tenho capacidade de entender, nem pretendo, todos esses mecanismos e manobras partidárias onde as verdades, as difamações e as calúnias misturam-se com crenças duma época, euforias, sedes de poder e também utopias. Sem nunca perder de vista que até 1989 existiu uma tal de guerra fria para depois chegar o império do mercado chinês e sua mão de obra barata.Enfim... Sei que a esquerda sempre teve dividida e está porque a revolução interior só a cada um compete.

Gostaria de propor um novo hino nacional, quicá internacional, onde o bélico dê lugar ao belo e ao encontro auspicioso com novos e ancestrais mundos internos e externos: 

Heróis e e heroinas do amar

Nobre povo, coração valente e imortal

Levantai hoje de novo a consciência global

Entre as brumas da História

Oh  Mátria! Oh Mãe Terra! Pachamama acolhe-nos a nós!

E perdoemos os nossos e os vossos avós!

A Mar-nos! A Mar-nos pela terra e pelo mar.

Amar-nos! Amar-nos sem precisar  de marchar, marchar

Amar-nos Amar-nos! Auto conhecermo-nos é o nosso caminhar!

AHO!


A Piu


Campinas SP 02/09/2021



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