Sororidade vem do latim sóror que significa irmã, hermana, mana, sister, sister. Praticar a sororidade é praticar o ato da escuta sem juízos de valor das reinvindicações duma mana e estar sempre ciente que não vivemos a vida da outra pessoas, não estamos nem dentro do seu coração, tampouco pensamento. Sororidade é antes de tudo não fazer ilações precipitadas sobre o lugar em que a mana se encontra, se acima ou abaixo de nós ou até mesmo em pé de igualdade. Sororidade é também não opinar por opinar, dar conselhos sem que estes lhes sejam solicitados. Sororidade é ter abertura para a empatia, saber colocar-se no lugar da outra pessoa sem partir de pressupostos. Faeternidade não será o masculinho de sororidade?
Para sermos sororas, sorores fatermos precisamos de estar informados ou apenas observar. Por exemplos, uma mãe trabalhadora, estudante com filhos independentemente da cor eda aparente classe social.
Este texto vem no seguimento do " Pernas para que te quero" que veio na sequência dum episódio nas redes sociais com uma mana brasileira artista, trabalhadora, mãe que foi agora para Portugal. Antes de tudo torço imensamente por ela. Que seja bem recebida e tenha sucesso, mas nos entretantos houve uma conversa de mal entendidos à qual agradeço imensamente, pois respondeu à grande interrogação que trazia dentro de mim há uns anos a esta parte. " Como sou vista nos meios onde circulo? Sejam estes profissionais ou privados?". Como sou vista num local em especifico que transito que são as emidiações duma universidade situada no interior de São Paulo que foi último reduto da abolição da escravatura. Sim, esse lugar é uma bolha ora elitista, ora alternativa, ora alternativa elitizada. Só posso dizer que aqui já me senti muitas vezes perdida sem saber com quem me enturmar.
Essa moça, como muitas brasileiras e brasileiras que continuam a ir nesta leva pós crise financeira e de desemprego em Portugal que nos entretantos virou uma moda gourmetizada, está fascinada com a sua chegada ao país luso.Normal. Espero que ela seja tratada com respeito e também ajudad quando precisar. Mas o que é facto é que eu levei muito tempo a entender porque em muitas situações, aqui nesta bolha, eu fui invisibilizada no meu trabalho, escarnecida até e vista muitas vezes como uma iniciante louca que teve o descaramento de querer viver no Brasil. Do que ela se queixava? Porque estava aqui já que o sonho de muitos é morar na Europa?
Aos poucos a louca aqui foi entendendo que as noticias que chegam de Portugal são muito razas e não informam sobre os trabalhadores e sim se a economia está por cima ou por baixo, se é ou não favorável o brasleiro ir ou ficar. Não me efiro a esta jovem mulher artista, mas ao ler comentários deslumbrados com Portugal e suas instituições académicas de outras mulheres que em muitas situações me desprezaram eu pergunto onde estava a solidariedade e a sororidade para com os portugues nos momentos de crise. Fui mal interpe=retada nas minhas palavras e fui chamada de branca elitista invejosa do sucesso da mocinha. Ora, ter inveja de alguém que vai para o meu país natal que eu conheço como a palma da minha mão é porque não meconhece pessoalmente. É o caso. Eu medesculpei se fui rude, mas o que trago no coração é desde então um alivio, depois destes dois dias ter chorado um pouco com um vazio no peito ao confirmar que muita vezes não foram solidárias comigo porque não me enxergaram a mim e às minhas filhas assim como ao facto de eu ser trabalhadora.
Porém, venho aqui dar a noticia: nada acontece por acaso e este aprendizado/ aprendizagem que já leva 10 anos no Brasil não tem sido por acaso. Conincidiu com a "crise" dos 40. Tudo bem. Coincidiu com todas as crises, nomeadamente a pandemia. O que não mata fortalece esó posso agradecer a todas as mulheres e homens e outres géneros deste imenso território de múltiplas diversidades a infinitas oportunidades de crescer, de confiar mais em quem eu sou e realizo.
Agora, antes de concluir e o confinamento acabar de vez, faço aqui uma breve triangulação - olhar para alguém da plateia, no caso um jovem rapaz: Se as pessoas falam sempre da mesma coisa não quer dizer que falem frases feitas e sim porque são afetadas com isso em menor ou maior escala. Bem sei que não tem filhos para se responsabilizar e que vive perto da sua familia, no seu país de origem. Mas para uma mulher, principalmente estrangeira, os desafios são outros. Ciume não é amor. E cíume que se responde em provocar cíumes leva a um beco.Um beco sem saida é redundância. Já ente
nder o emaranhado que o teu mano criou e desenmaranhar-se disso é um grande passo. Caso contrário este sempre o boicotará. Este já o mostrou vparias vezes. Em suma: os homens também são vitimas do machismo. Livre-se disso e a vida sorri e abre-se para infinitas possibilidades.
A Piu
Campinas SP 29/09/2021
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