Pensando bem e melhor bem, mais bem melhor que bem ser filhinha do papá, que eu vou a partir de adora usar o termo tropical:' papai 'para o caso do acento cair não fique 'papa'. Não sei se algum papa alguma vez teve algum filho, se o teve o Vaticano ou não soube ou omitiu o caso. Assim sendo, voltemos à importância de ser filha do papai que tanto constrangimento possa dar para as meninas, mulheres em vias de emancipação. Um papai que é papai deve ser papai. Fazer a sua parte. Dar assistência, não abandonar, colocar a sua filhinha nos ombros para que esta olhe para lá do horizonte e que possa vir contar, ao seu papai, o que enxerga, o que há para viver e aprender para lá do lá do lá. E um bom papai, como um bom mestre, é aquele que disponibiliza ferramentas para que a sua filhinha possa ser inter (in)dependente e também aprende muito com a sua filhinha. Principalmente a ser rever, porque ele também é filho do patriarcado como nós todes. Ninguém nasce ensinado mas pode aprender a aprender, a tomar consciência e fazer diferente. O meu papai tem sido assim. Passo a passo.
Se todas as filhinhas fossem do papai não haveriam mães e crianças em situação de vulnerabilidade pela negligência e abandono dos papais. Penso, neste caso, que ser filhinha do papai é diferente de meninas que foram educadas para somente enxergarem o seu umbigo, a sua bolha, o seu condominio de referências e ideias enaltecedoras acerca da sua ilumuninação interior, mas que desconsideram o trabalho de outras mulheres, as suas circunstâncias e as suas batalhas para se manterem dignas na forma que escolheram em viver. Uma iluminação interna que somente contempla o bem estar individual sem se preocupar com os demais talvez seja uma filhinha de outra coisa... Sei lá do quê... Filhinha da separatividade, do individualismo, da inconsciência de tal de classe.
Sim, ter consciência der classe é muito importante. Quais as oportunidades que temos ou não. Quando uma sociedade é bastante desigual uma oportunidade, seja de estudar, viajar, ter uma casa com saneamento básico e comida na mesa passa a ser um previlégio.
Esta é uma foto duma filhinha do papai, no caso eu, no tal de Verão quente de 1975 em Portugal. Já falei desse periodo histórico em textos anteriores e como hoje aqui no Brasil é feriado pelo dia da Independência, no caso da Coroa Portuguesa porque da boçalidade branca o Brasil não se viu livre, não sei se deva falar que esta foto foi tirada no Castelo dos Mouros em Sesimbra quando Portugal ainda se constituia e se debatia com a presença dos norte africanos mais a sua religião em terras posteriormente lusas. Eu sempre defendo que sabermos História é um ato politico.Porque assim sabemos minimamente o que nos pertence ou não e qual a nossa parte como sujeitos históricos. E de há 200 anos para cá o Brasil está como está por conta da elite branca brasileira e oligarquias internacionais. Esse pepino, esse abacaxi agora não pertence a Portugal. Embora, muita coisa pertença a Portugal nomeadamente ter uma reconciliação histórica com os países que colonizou até 1975. Como se faz? Pessoalmente não tenho a resposta para tudo, mas faço a minha parte. Uma delas é escrever, atuar, ir ao encontro das pessoas, escutá-las com o coração e dentro das minhas capacidades honrá-las. Mesmo os papais das minhas filhas que são desses países colonizados por Portugal ( no caso Brasil e Angola). embora não tenham sido muito papais das suas filhinhas eu olho para o macro e para o micro e o discernimento emerge.
Agora falei bonito: " o discernimento emerge". Até eu eu estou surpreendida com este falar bonito que só é belo quando posto em prática.
A Piu
Campinas SP 07/09/2021
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