Era uma vez uma menina que sonhava com menos carros e mais bicis. Menos quantidade e mais qualidade. Espantava-se com o individualismo e pedalava, pedalava. Deu vinte mil voltas ao mundo na sua bici, em busca dum pleno entendimento coletivo. Algumas vezes caiu e logo se levantou. Algumas vezes a mesa foi virada, escandalizando o decoro. Aquele decoro que não é próprio das meninas que uivam quando não são escutadas ou ignoradas. Mas as meninas, mulheres, moças sobem às árvores e uivam para a lua mesmo assim. E pedalou, pedalou. O que a fazia seguir em frente era também se sentar e se escutar, assim como a força do seu trabalho criativo, laboral, maternal, a força do seu trabalho interno, um trabalho sideral. Uma menina que vista de fora poderia parecer que viajava na maionese. Mas o sábio tempo gira como uma roda de bicicleta e todos os caminhos vão dar ao coração e `respiração sem decoros nem burocracias protocolares. Era uma vez uma menina que pedalava mantendo o equilíbrio, ora estável ora precário. Porque cada vez que pedalava o mundo saia do lugar. Era uma vez uma menina. Era uma vez não! É!
A Narca
02/06/2020
02/06/2020
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