segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

É TEMPO DE AGRADECER AO BRASIL E AO SEU POVO

Descobri há pouco tempo que o Mijuca é uma referência inspiradora. Não que eu seja adepta de fãs clubes, mas mais que fã sou fã do Mujica, como do Eduardo Galeano, como de muitxs pensadores e artistas da América Central e do Sul. Essa é umas, entre várias razões, pelas quais tanto admiro este continente de veias abertas mas de coração pulsante, como África.
Faz precisamente 8 anos que cheguei ao Brasil. Carnaval de 2012, inicio do primeiro semestre. Oito anos de muita resiliência, logo aprendizagem, de olhar para dentro com olhos de ver. De reaprender a sentir. Muitas perdas e muitos ganhos. Vários lutos de pessoas queridas, muito queridas. Amigas e parceiras de trabalho durante vários anos. E o que são perdas e ganhos? No Carnaval de 2014 partiu, do outro lado do oceano  a minha grande mãe, a minha avó materna, que tanto cuidou de mim, de nós, e passou princípios tão importantes como: honestidade, não julgamento da vida alheia, compromisso. Um mulher simples, mas não simplória. Uma mulher até um certo ponto resignada com a sua condição, mas com um olhar e gestos críticos e sensiveis.

Sempre que repasso estes oito anos até então vividos no Brasil, mas especificamente em Campinas no sudeste brasileiro que será diferente do nordeste, norte e sul, sempre lembro da resiliência do Mujica nos seus 12 ou 13 anos de solitária em que o fez repensar toda uma forma de olhar e defender as suas causas inabaláveis de justiça social. Ele sim, com propriedade, defende que a revolução é pelo afeto e pela escuta de todas as partes. Ele sim dá o exemplo do que é chegar ao poder sem abusar do mesmo e que agradece a essa oportunidade, mesmo que dura, de ter estado preso para se tornar um ser humano com mais amorosidade e compassivo.

Desta feita agradeço de coração a todas as pessoas no Brasil que me acolheram, que acolhem, que confiam em mim mesmo não me conhecendo. Agradeço a quem me abriu as portas da sua casa, a quem me deixou o recheio da casa que me passou sem me cobrar, a quem aceitou ser minha fiadora, a quem me recebeu na universidade mesmo a experiência ter mostrado que ter acesso à informação intelectualizada não significa sabedoria, á Denise que me mostrou várias linguagens e possibilidades de fazer teatro com formas animadas e ter-me passado um espólio de bonecos de  sua autoria o que abre o leque de possibilidades no mercado de trabalho, à Adelvane, à Geni e ao Leo que me fizeram retomar a palhaçaria em coletivo porque ser solitária é bom até um certo ponto, só para confirmar e confiar na nossa autonomia.. A todas as pessoas com quem tenho tido oportunidade de aprender a meditar e a curar me espiritualmente. Agradeço sem ironia a todas as patadas que levei e/ou que tenho levado, e aí lembro-me do Mujica com carinho e sem vitimização. Nós também crescemos pela dor até aprender a evoluir pelo amor sem desespero e com esperança de bons e inúmeros encontros auspiciosos.

OBRIGADA BRASIL E POVO BRASILEIRO DE DIVERSIDADES MIL , MIL GRATIDÕES GRATINADAS HAUX HAUX

A Piu
24/02/2020

A imagem pode conter: Ana Piu, a sorrir, closeup e ar livre

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