sexta-feira, 6 de setembro de 2019

O MONSTRO QUE HÁ EM SI TAMBÉM ESTÁ DENTRO DE MIM

Aparentemente pode ser assombroso assumir que o que está fora, no outro, também está dentro de nós. Por exemplo, o Jair Coiso é um reflexo de todos nós. Uns logo dirão: " Meu não é! Eu nem votei nele! E ele é um lixo!". Bom... Só o facto de alguém enxergar um outro ser vivo como um lixo o que é que isso está falando desse mesmo alguém? Até um objeto mais abjeto nós podemos reciclar e este deixar de ser um lixo. Logo um ser humano não é um lixo. O mesmo pode estar tão confuso na sua mente e tão emaranhado nos seus padrões de pensamento e comportamento o que normalmente são heranças familiares e/ ou culturais, que nem entende a lixarada que está a produzir para ele mesmo. O Jair Coisinho está com a mente e a alma doente como uma grande maioria da população.

 O Jair Coisinho é tão grotesco quanto aqueles que o apoiam. Muitos o apoiam porque foi liberada a saída da monstralhada das gavetas e armários. Mas quem nunca se  deparou com os seus próprios preconceitos, fobias, narrativas mais ou menos camufladas daquele ódiozinho de estimação? Quem nunca se deparou é porque coloca a máscara do bonzinho, da pazinha e do amorzinho. O que se conclui assim é que o olhar para dentro está um pouco desvalidado.

Hoje, não só no Brasil com o Jair Coisinho, os governos estão aí a mostrar qual a parte que nós não temos feito e quais os valores com os quais nos temos movimentado em que o que é vantajoso para mim descuida daquela dose de escuta, empatia, olhar compassivo e solidariedade para com nós mesmos e para com quem nos rodeia. É um grande e ótimo momento da Oposição, dita esquerda, se rever ao invés de apontar defeitos e entender onde tem sido mentirosa e negligente, que se rendeu à lógica do poder centralizado e ao lucro em proveito de uns poucos.

E se olharmos o Jair Coisinho como uma dádiva? Um guia espiritual? Não, não é cinismo nem sarcasmo. Quando e escuto alguém falar: " Fora Bozo!" sempre me lembro de quando cheguei ao Brasil e esse mesmo alguém não me enxergou na totalidade e quando lhe pedi ajuda encolheu os ombros perguntou porque eu não voltava para trás e deu meia volta e foi. Ou aquela pessoa que no seu ambiente de trabalho é autoritária e também difamatória, mas quando a coisa aperta para o seu lado já quer emigrar mesmo quando olha com desdém os nordestinos, os pardos, os "pobres", os emigrantes e todos os que sejam no seu ponto de vista inferiores à sua condição. Bom, enfim. Desabafos que servem para ilustrar os nossos egoísmos diários mesmo quando achamos que o Coiso é o monstro e nós somos vitimas dele. Não, ele com as suas ações é tão grotesco que a mim coloca-me numa urgência de rever todas as escolhas e atitudes tomadas ao longo desta existência não tão grande mas também não tão pequena. Escolhas essas que passam pela alimentação ser uma escolha política, o auto conhecimento ser igualmente uma escolha politica. E como dizia ontem uma amiga ao nascer do sol, após meia hora de meditação silenciosa: " Onde eu não puder ser compassiva e atuar com Amor eu distancio-me." Subscrevo. Assim sendo, ninguém largar a mão de ninguém é abraçarmos-nos a nós mesm@s, acolher os nossos próprios monstrinhos, e a partir daí dar o nosso melhor. E abraçar quem estiver aberto. Porque apesar de tudo onde há AMOR a negatividade encolhe-se até sucumbir.


A Piu
B'olhão Geralzen 06/09/2019

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