quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A INTUIÇÃO É UMA INSTITUIÇÃO?

Dercy Gonçalves



" Quem é mais irreverente? Eu ou a vida do Brasil?" - Dercy Gonçalves

" Dercy Gonçalves é o Brasil traduzido numa pessoa só. Primeiro a completa liberdade de ser.  Ela não se submete a formalidades, a pessoas a importantes, a solenes, Segundo a espontaneidade (...) Dercy Gonçalves é uma grande contestadora. Aquilo que os intelectuais contestam, fazem com muita teoria, ela faz na prática. Ela contesta o formalismo. Ela contesta a acomodação. Ela é uma não acomodada permanente. Ela está sempre revogando o estabelecido. Basta que uma coisa seja esteja estabelecida e ela revoga. Essa continuidade da revogação do estabelecido faz da Dercy uma figura única, revolucionária. A mim me encanta sobretudo a liberdade de ser que é algo que é uma conquista na vida das pessoas com o qual ela já nasceu. ". - Arthur da Távora Senador.

in: História de Dercy Gonçalves para a coleção "gente" da UNESA
https://youtu.be/QnXUSwlQPLw


Ontem foi me apresentada esta joia da comicidade feminina brasileira. Muito bom! Inspirador! Muita boa a corporalidade da Dercy que desconstrói padrões de feminilidade, assim como a coragem de o fazer na sua época. Hoje ainda seria irreverente, num Brasil que transita entre a devassidão, ou o que é considerado devasso, e o moralismo. O moralismo não é se não o reflexo de quem olha para o seu corpo, a alma, o espirito e do 'outro' com malicia, com uma quase ausência se não total de inocência. O moralismo é o olhar do mal intencionado que enxerga no outro e em tudo, ou quase tudo, a tal da " safadeza", a tal da ' sacanagem' e assim reprime a espontaneidade, a libido, o desejo como algo saudável e celebrativo do encontro, da VIDA. Onde há moralismo há juízos de valor e os juízos de valor são palas nos olhos de quem age carente de plenitude.

Há uns dias atrás assisti brevemente a um grupo de mulheres, estudantes e estudiosas de filosofia falarem numa mesa dum Instituto de Humanas na universidade pública. Olhem é aberto a tod@s! Qualquer pessoa pode entrar e assistir. No momento que cheguei falavam de intuição, naquele auditório de configuração hierárquica, como Ailton Krenak chamou a atenção numa palesta no mesmo campus universitário.

A lógica, o pensamento, o modo de produzir conhecimento entre os ditos intelectuais ainda é patriarcal, fundado numa Democracia Grega de há uns belos séculos atrás, onde no papel da mulher não estava contemplado a sua condição de sujeito histórico e social com voz e presença efetiva nas decisões do coletivo. As mulheres e os escravos estavam no mesmo saco. Em suma, uma Democracia patriarcal e escravocrata.

É sempre muito bom saber que as mulheres estão a ocupar os espaços até então reservados aos homens, que com algumas excepções são homens brancos com recorte social mais privilegiado face a uma grande maioria cuja voz está a modos que silenciada. Ou seja, o meio acadêmico ainda incentiva uma (re)produção de conhecimento hegemônica. para privilegiar uns tantos e não beneficiar todos.

Assim sendo, ouvir mulheres, estudiosas e estudantes da filosofia, falarem da intuição obedecendo a uma produção de conhecimento cartesiana em que o corpo e alma são quase irrelevantes dá que pensar. Será que um dia o meio acadêmico irá acolher de corpo e alma o entendimento como algo que não é meramente uma ideia abstrata que nos esquecemos quem somos para cair em floreios de suposições onde se cita e outro autor, de preferência muito antigo e homem? Falar de sagrado feminino e masculino no meio acadêmico deve ser coisa bixo grilo. Só pode! Ihihih Vai embora ranço com o modus operandis do meio acadêmico!!!! Buuuuhhhhhh Haja esperança na mudança!  ihihih

Intuição é silenciarmos-nos, focar na nossa respiração, no nosso corpo no espaço e abrir os cinco sentidos que ultrapassam teorias. É reconectarmos-nos com a natureza, que insistem em devastar, e na nossa natureza.  " Nunca menosprezar a intuição!", dizia alguém que conduzia um encontro sobre comunicação não violenta. Por acaso, ou não, um homem. Bem ditos os homens e as mulheres que já tiveram essa sacada. A intuição não se teoriza. SENTE-SE! VIVE-SE!

A Piu
B'Olhão Geralzen 11/09/2019


 Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209



 Iniciamos a campanha de Crowdfunding para a terceira fase do trabalho. Com as palhaças Maffalda dos Reis (Geni Viegas) e Beltrana de Tall (Ana Ana Piu).
Ar Dulce Ar, O Prelúdio tem como objetivo fazer uma curta temporada num espaço alternativo, para de
senvolvermos a linguagem da palhaçaria junto ao público. Todo o processo de criação, roteiro e direção já foram finalizados e nessa última etapa buscamos apoio para continuarmos o desenvolvimento do espetáculo. Entre no site " Catarse" e nos apoie. <3 <3 <3 https://www.catarse.me/ar_dulce_ar_preludio_ce42...




Sem comentários:

Enviar um comentário