Homem que é homem com M aceita a Mulher que existe dentro de si, embora saiba que ele não pode engravidar
Ser um homem às direitas não tem mais doi doi! Curou as mulheres, o feminino que há dentro de si e a disputa, o medo e o control PUF foi embora! Num há mais!
O ensagraçado masculino é a coragem e a capacidade de se rir de si próprio! É amigo intimo do riso, da brincadeira bem intencionada.
A intenção do homem ensagraçado é estar junto. Simplesmente. Sem dissertações e medalhas.
O homem masculino ensagraçado celebra o seu feminino com as mulheres e os homens com quem se sente a gosto.
Não existem fórmulas para brincar e rir de si mesmo! É só lembrar a criança sem malicia que fomos e acolhe-la e assim fazemos uma baita duma revolução a partir do coração!
A avidez foi embora para uma ilha isolada, a ganância foi comprar cigarros nunca mais voltou
É uma beleza o homem ensagraçado estar curado de si mesmo
Homem que é Homem acolhe o homem masculino ensagraçado que há em si e no camelô mais próximo.
VIVAM OS HOMENS SAGRAÇADOS!!! VIVAM!
A Piu
B'Olhão Geral
19/09/2019
De origem germânica achtung! servia como interjeção chamativa para perigos e paisagens deslumbrantes. Mais a norte, nos países escandinávos,ACHTUNG!! é considerado o espirro oficial dos vikings. Em terras lusas utiliza-se a expressão "Arre!!" quando alguém está arreliado. "Arretung!" é uma espécie de grito de guerra dos trabalhadores da classe precária, que desunidos nunca vencerão.
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
FULAN@ É RIC@? NÃO SEI NUNCA LHE CONTEI O DINHEIRO
Sempre que você estiver sentido sozinha, lembre: o universo está com você e te escuta. Tudo o que você pensar com força vem, então comece a desejar somente o que te faz bem. - Isadora Não Entende Nada
Em criança, de vez em quando, eu perguntava para o meu pai se determinada pessoa era rica. Nem lembro o porquê de tal pergunta. E a resposta vinha sempre a mesma, impecavelmente engomadinha numa afirmação com reticências seguida dum ponto final parágrafo: " Não sei. Nunca lhe contei o dinheiro." Até hoje riu com esta resposta, pois foi uma forma de me passar o principio:"Cada um cuida da sua vida e da sua consciência. E o que é que isso importa da pessoa ser rica ou não? " Era assim que eu interpretava, pois a conversa acabava ali, mas imaginativa como sou e somos imaginava o meu pai a contar as notas verdes da caixa forte da pessoa em causa, como se esta fosse um Tio Patinhas. A imagem divertia-me, assim como a resposta dada com quem diz: Deve dar uma trabalheira contar as notas do Tio Patinhas que eu tenho mais que fazer!! É bom sermos divertid@s, se assim não for como sobreviver a esta maluqueira toda de desequilíbrios sociais e outras coisas tais como as ambientais?
Ontem um curador dum festival de dança desculpou-se publicamente diante de uma plateia multicolor e multigenérica - diversos géneros, gêneros e não genérica/ genêrica de medicamentos : " Eu como homem branco, o que é uma m...da estou repensando as diversas masculinidades." QUE BOM QUE ESTEJA REPENSANDO O QUE É SER HOMEM E AS DIFERENTES MASCULINIDADES! Agora porquê pedir desculpa por ser homem branco, muito provavelmente duma classe mais privilegiada em relação a uma grande maioria da população? A pessoa tem que pedir desculpa por ter nascido com um penduricalho entre as pernas e a sua pigmentação ser mais clara, além da sua barba crescer às mãozadas? Nesse caso vamos começar a pedir desculpa porque temos os dentes separados, o cabelo liso, o cabelo crespo, o nariz batata ou nariz tucano? Pedir desculpa porque somos mulheres? Porque temos um sotaque diferente? Porque nascemos em tal lugar? Porque não conhecemos isto ou aquilo? Porque dançamos descalças num terreiro? Pedir desculpas porque um familiar nosso foi um babaca em algum momento? NÃO! Nós temos sim, é nosso dever rever as nossas estreitezas de como nos enxergamos e como enxergamos os outros assim como temos ou não nos cuidado e cuidado os outros seres vivos. Rever sim essas masculinidades, feminilidades e outras questões sociais e culturais.
No domingo passado ao escutar uma mulher negra feminista, depois da projeção dum documentário seu sobre violência contra a mulher, senti-me profundamente só. Aliás, esse sentimento foi-se aflorando até hoje eu conseguir dissipá-lo através de esvaziar a mente de pensamentos negativos e outras tagarelices internas. Assim sendo, escrevo este texto para compartilhar com tod@s que
estiverem dispost@s a repensarmos junt@s esse paradigma que é a convivência e o respeito mútuo.
Adianto já que estou sinceramente agradecida a esse mal entendido e embate que aconteceu entre mim mulher negra feminista com o seu empoderamento. Apesar de ter tocado numa ferida minha, que é o facto de ter sido alvo duma relação abusiva há uns anos atrás pelo pai da minha primeira filha. Pai esse que além de brasileiro não é branco, nem negro e sim indígena. Vivendo em contexto urbano e não na floresta a sua vivência será outra. E aqui não se trata, no meu ponto de vista, de colocar as pessoas por categorias de cor, nem de classe social. O que é tão recorrente no Brasil. Trata-se sim de chamar a atenção para a violência que um homem exerce sobre uma mulher, ou uma mulher sobre um homem, ou um homem sobre outro homem e uma mulher sobre outra mulher. NADA LEGITIMA A VIOLÊNCIA EM CASO ALGUM!
Este este espetáculo de palhaçaria feminina sobre violência contra a mulher " AR Dulce Ar" trata das histórias pessoais de nós, estas duas palhaças, que antes de tudo somos mulheres e mães. Este espetáculo traz para cena, nessa linguagem de comicidade, as agruras que passamos há uns anos atrás com os pais das nossas filhas.
Ora uma mulher negra feminista com as suas pautas especificas, diferentes das mulheres indígenas e das brancas de diferentes classes sociais, afirmar publicamente que se um homem negro ( não branco) agredir uma mulher branca ela estará do lado do homem pois este sofre diariamente descriminação!!!... E que se a mulher branca chamar as autoridades esse homem não branco é facilmente punido!!!... Além de que a maioria das mulheres brancas relacionam-se intimamente com um um homem negro / não branco por exotismo.
Primeiro, nós somos livres de nos apaixonarmos e amarmos quem nós quisermos. Se alguém o faz por puro exotismo só a essa pessoa diz respeito e naturalmente a relação não se sustentará por muito tempo e se se sustentar será com base na mentira.
Segundo, quem disse que uma mulher acabada de dar há luz uma criança quer que o homem que a maltrate seja preso? E quando falo em mal tratar falo em quebrar a casa toda sem motivo aparente e apontar uma faca a uma mulher com uma criança no colo.Quando falo em mal tratar falo de ser ameaçada de morte se ele for denunciado. Isso é razoável.É justo? Uma mulher que se diz feminista achar que as mulheres brancas devem ser punidas por serem brancas, mesmo por homens que as mal tratam a elas como poderiam mal tratar uma outra mulher duma outra pigmentação?
Porque estou agradecida? Porque essa mulher, que não deixo de admirar o seu empoderamento embora haja a salvaguarda acima referida, revelou o porquê de toda essa violência vivida na primeira pessoa. A sua fala, a sua narrativa era a mesma que o sujeito usava. Que eu só estava com ele por exotismo e que nós colonialistas exploradores tínhamos sim que expiar. Em suma, uma narrativa social e cultural. Já se passaram duas décadas, embora o sujeito de vez em quando apareça virtualmente, com espaços de largos anos. Umas vezes mais calmo outras nem tanto. Da minha parte eu só quero que ele siga a sua vida e que se encontre na sua lucidez. Que seja feliz, que encontre as verdadeiras causas da sua felicidade e supere as verdadeiras causas do seu sofrimento. E que depois desse processo possa estabelecer uma relação saudável com a sua filha sem precisar que eu seja intermediária. Vejo isso como um ato de amor da minha parte. Querer mante-lo à distância e com o nosso trabalho artístico poder chegar ao máximo de pessoas possíveis, nomeadamente nas periferias, sem ter que recorrer às autoridades.
É isso. Muito grata por todas as oportunidades em aprender a cultivar a paz sem medo assim como a colocar limites para abusos e assédios, sejam estes físicos como morais.
Ah! E quanto a ser rica ou pobre eu venho dum contexto social em que ser da classe média é viver do seu trabalho sem acumular riquezas e benesses às custas da exploração dos outros. Assim como da realidade ( portuguesa) do qual sou oriunda não existem faxineiras, jardineiros, babás e motoristas.
Bigadu por terem chegado até ao fim deste texto., Espero não ter ofendido ninguém.
A Piu
Brasil, 18/09/2019
Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209
Em criança, de vez em quando, eu perguntava para o meu pai se determinada pessoa era rica. Nem lembro o porquê de tal pergunta. E a resposta vinha sempre a mesma, impecavelmente engomadinha numa afirmação com reticências seguida dum ponto final parágrafo: " Não sei. Nunca lhe contei o dinheiro." Até hoje riu com esta resposta, pois foi uma forma de me passar o principio:"Cada um cuida da sua vida e da sua consciência. E o que é que isso importa da pessoa ser rica ou não? " Era assim que eu interpretava, pois a conversa acabava ali, mas imaginativa como sou e somos imaginava o meu pai a contar as notas verdes da caixa forte da pessoa em causa, como se esta fosse um Tio Patinhas. A imagem divertia-me, assim como a resposta dada com quem diz: Deve dar uma trabalheira contar as notas do Tio Patinhas que eu tenho mais que fazer!! É bom sermos divertid@s, se assim não for como sobreviver a esta maluqueira toda de desequilíbrios sociais e outras coisas tais como as ambientais?
Ontem um curador dum festival de dança desculpou-se publicamente diante de uma plateia multicolor e multigenérica - diversos géneros, gêneros e não genérica/ genêrica de medicamentos : " Eu como homem branco, o que é uma m...da estou repensando as diversas masculinidades." QUE BOM QUE ESTEJA REPENSANDO O QUE É SER HOMEM E AS DIFERENTES MASCULINIDADES! Agora porquê pedir desculpa por ser homem branco, muito provavelmente duma classe mais privilegiada em relação a uma grande maioria da população? A pessoa tem que pedir desculpa por ter nascido com um penduricalho entre as pernas e a sua pigmentação ser mais clara, além da sua barba crescer às mãozadas? Nesse caso vamos começar a pedir desculpa porque temos os dentes separados, o cabelo liso, o cabelo crespo, o nariz batata ou nariz tucano? Pedir desculpa porque somos mulheres? Porque temos um sotaque diferente? Porque nascemos em tal lugar? Porque não conhecemos isto ou aquilo? Porque dançamos descalças num terreiro? Pedir desculpas porque um familiar nosso foi um babaca em algum momento? NÃO! Nós temos sim, é nosso dever rever as nossas estreitezas de como nos enxergamos e como enxergamos os outros assim como temos ou não nos cuidado e cuidado os outros seres vivos. Rever sim essas masculinidades, feminilidades e outras questões sociais e culturais.
No domingo passado ao escutar uma mulher negra feminista, depois da projeção dum documentário seu sobre violência contra a mulher, senti-me profundamente só. Aliás, esse sentimento foi-se aflorando até hoje eu conseguir dissipá-lo através de esvaziar a mente de pensamentos negativos e outras tagarelices internas. Assim sendo, escrevo este texto para compartilhar com tod@s que
estiverem dispost@s a repensarmos junt@s esse paradigma que é a convivência e o respeito mútuo.
Adianto já que estou sinceramente agradecida a esse mal entendido e embate que aconteceu entre mim mulher negra feminista com o seu empoderamento. Apesar de ter tocado numa ferida minha, que é o facto de ter sido alvo duma relação abusiva há uns anos atrás pelo pai da minha primeira filha. Pai esse que além de brasileiro não é branco, nem negro e sim indígena. Vivendo em contexto urbano e não na floresta a sua vivência será outra. E aqui não se trata, no meu ponto de vista, de colocar as pessoas por categorias de cor, nem de classe social. O que é tão recorrente no Brasil. Trata-se sim de chamar a atenção para a violência que um homem exerce sobre uma mulher, ou uma mulher sobre um homem, ou um homem sobre outro homem e uma mulher sobre outra mulher. NADA LEGITIMA A VIOLÊNCIA EM CASO ALGUM!
Este este espetáculo de palhaçaria feminina sobre violência contra a mulher " AR Dulce Ar" trata das histórias pessoais de nós, estas duas palhaças, que antes de tudo somos mulheres e mães. Este espetáculo traz para cena, nessa linguagem de comicidade, as agruras que passamos há uns anos atrás com os pais das nossas filhas.
Ora uma mulher negra feminista com as suas pautas especificas, diferentes das mulheres indígenas e das brancas de diferentes classes sociais, afirmar publicamente que se um homem negro ( não branco) agredir uma mulher branca ela estará do lado do homem pois este sofre diariamente descriminação!!!... E que se a mulher branca chamar as autoridades esse homem não branco é facilmente punido!!!... Além de que a maioria das mulheres brancas relacionam-se intimamente com um um homem negro / não branco por exotismo.
Primeiro, nós somos livres de nos apaixonarmos e amarmos quem nós quisermos. Se alguém o faz por puro exotismo só a essa pessoa diz respeito e naturalmente a relação não se sustentará por muito tempo e se se sustentar será com base na mentira.
Segundo, quem disse que uma mulher acabada de dar há luz uma criança quer que o homem que a maltrate seja preso? E quando falo em mal tratar falo em quebrar a casa toda sem motivo aparente e apontar uma faca a uma mulher com uma criança no colo.Quando falo em mal tratar falo de ser ameaçada de morte se ele for denunciado. Isso é razoável.É justo? Uma mulher que se diz feminista achar que as mulheres brancas devem ser punidas por serem brancas, mesmo por homens que as mal tratam a elas como poderiam mal tratar uma outra mulher duma outra pigmentação?
Porque estou agradecida? Porque essa mulher, que não deixo de admirar o seu empoderamento embora haja a salvaguarda acima referida, revelou o porquê de toda essa violência vivida na primeira pessoa. A sua fala, a sua narrativa era a mesma que o sujeito usava. Que eu só estava com ele por exotismo e que nós colonialistas exploradores tínhamos sim que expiar. Em suma, uma narrativa social e cultural. Já se passaram duas décadas, embora o sujeito de vez em quando apareça virtualmente, com espaços de largos anos. Umas vezes mais calmo outras nem tanto. Da minha parte eu só quero que ele siga a sua vida e que se encontre na sua lucidez. Que seja feliz, que encontre as verdadeiras causas da sua felicidade e supere as verdadeiras causas do seu sofrimento. E que depois desse processo possa estabelecer uma relação saudável com a sua filha sem precisar que eu seja intermediária. Vejo isso como um ato de amor da minha parte. Querer mante-lo à distância e com o nosso trabalho artístico poder chegar ao máximo de pessoas possíveis, nomeadamente nas periferias, sem ter que recorrer às autoridades.
É isso. Muito grata por todas as oportunidades em aprender a cultivar a paz sem medo assim como a colocar limites para abusos e assédios, sejam estes físicos como morais.
Ah! E quanto a ser rica ou pobre eu venho dum contexto social em que ser da classe média é viver do seu trabalho sem acumular riquezas e benesses às custas da exploração dos outros. Assim como da realidade ( portuguesa) do qual sou oriunda não existem faxineiras, jardineiros, babás e motoristas.
Bigadu por terem chegado até ao fim deste texto., Espero não ter ofendido ninguém.
A Piu
Brasil, 18/09/2019
Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209
Não existe caminho para a paz. O caminho é paz. - GANDHI foto: André Brandão pág. facebook: FOTOS CORRIQUEIRAS |
segunda-feira, 16 de setembro de 2019
MULHERES DE MULTIPLAS CORES OLHANDO OLHO NO OLHO RECONSTROEM MUNDOS
Laço; corda forte, pacto entre indivíduos, aliança, vínculo, união. Pintura Digital, 2018. acompanhe este trabalho em outras redes <3 instagram.com/partes.art partesilustra.tumblr.com |
Ilustração feita pro texto da @amandalyraoficial pra @putapeita 💖 (acesse o site da peita pra ler!) Eu amo muito essa parceria! Acompanhe as artes pelo instagram também: instagram.com/partes.art Quer me ajudar a continuar criando? acesse: https://apoia.se/ |
MULHERES DE MÚLTIPLAS CORES OLHANDO OLHO NO OLHO RECONSTROEM MUNDOS
" Não tentemos satisfazer a sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio. "
Martin Luther King Jr.
Viver no Brasil desde 2012 tem sido muito intenso para mim. Todos os dias praticamente. Essa intensidade de desembaciar as lentes com que enxergo e percebo o mundo. Cada dia é uma revelação, como se uma tampa que se abrisse, aquela tampa da caixa de gordura nas traseira das casa para limparmos tudo o que além de cheirar mal precisa de dar espaço a novos paradigmas de escuta e empatia mútua.. Uma porta que sempre esteve ali pronta para ser empurrada e abrir caminhos. Caminhos auspiciosos.
Há uns dias atrás no yoga foi dito: ' Que todas as pessoas que encontremos no nosso caminho as enxerguemos como um meio de devolução e não um obstáculo. " Isso! Nada acontece por acaso nesta vida - ou acontece? acaso o acaso é uma acaso? - e se estivermos atent@s com os sentidos alerta acolhemos a nossa intuição. Ai a intuição! Essa bela menina que nos fez avançar, recuar e até parar. Essa aí, parece que não mas diz muito.
Para mim ainda é um quebra cabeças entender este imenso Brasil, repleto de multiplicidade, desigualdades extremas, cores, amores, dissabores, horrores, alegrias e também um lugar de muita cura espiritual. Uma questão de nos abrirmos a tal façanha.
Apresento aqui esta artista cujo trabalho conheço na Feira SUB - arte impressa e publicações independentes que aconteceu no sábado na cidade de Campinas, São Paulo.
Antes de mais, honrarmos, reverenciarmos nos umas às outras é um gesto de sororidade. Honrarmos e reverenciarmos artistas, pensadores, ambientalistas, seres que consideramos que trazem benefícios para o coletivo não é nem paternalismo, tampouco puxa saquice.
Ontem estive presente num documentário numa Bienal de Dança lá no Sesc. Esse documentário era sobre violência contra a mulher, com foco na mulher negra. Eu tanto gosto, como faço questão de assistir ao trabalho dessas mulheres negras que reivindicam um lugar de voz e ação numa sociedade tão segregatória como a brasileira. Porém... Lá vem o porém que não é um obstáculo e sim um meio hábil para mergulharmos mais fundo em nós e também entender narrativas, tratos, olhares de um sobre o 'outro'. Ontem aprendi muito ao ter me esbardalhado numa palavra, fui remetida a branca europeia abestalhada. Disse que mesmo assim o racismo no Brasil era mais """" honesto """ do que na Europa que dá uma de politicamente correta. Eu queria dizer que aqui "pelo menos" o racismo é escancarado. Será? Lição um: não tenho que fazer comparações da realidade europeia com a realidade brasileira que diariamente humilha, prende, tortura e por aí vem negros e negras deste país. Na verdade o que eu também me referia era à plateia branca que ali estava e verbalizou sentir-se escrota porque nunca ter olhado realmente para a mulher negra, É honesto a pessoa assumir a sua lacuna. Da minha parte eu nunca me senti escrota para com uma mulher negra nem para com um homem negro. Além de eu vir duma outra sociedade e também eu não ser representativa da mesma que é racista assumida ou camufladamente. Refiro-me á realidade portuguesa. Neste vai para lá e vai para cá confirmou-se uma dúvida acerca de algumas violências simbólicas que aqui e ali também sou alvo. Uma delas a minha questão do que é ser mestiço e o que é o movimento negro sentir que os brancos estão se apropriar da sua cultura e os lenços na cabeça e tal.
Eu, da minha parte, uso lenço na cabeça há mais de 20 anos e só há pouco tempo soube dessa questão que algumas mulheres colocam sobre a apropriação. Ora, lenços na cabeça usam-se em muitas partes do mundo e mesmo que a minha referência fosse a africana, que não é, eu tenho familia negra africana e seria assim honrar esse lado. Ao que fui logo rotulada de paternalista por honrar. Chiça! Então todo e qualquer gesto e fala é visto como racista e paternalista sem nos conhecermos de facto? Então substituo por reverenciar. Depois veio a cereja em cima do bolo que confirma uma narrativa de legitimação de violência de um homem negro para com uma mulher branca é que esta por vezes relaciona-se por exotismo (?!?!) e o homem negro e/ou pardo está sempre abaixo da branca. Tá... Da minha parte eu relaciono-me por Amor. Também nunca conheci ninguém que tivesse um filho com outra pessoa por exotismo. Até pode haver, mas desconheço. Já a mestiçagem no Brasil é algo muito complexo e traumático pois envolve abuso e branqueamento. Porém, nós todos mas todinhos mesmo somos mestiços. Oh eu devo vir dos judeus e dos árabes lá do norte de África que se misturaram com outros tantos de vários territórios.
Resumindo e concluindo: aprendi ontem a escutar e observar mais sem fazer comparações com a realidade de onde venho, porque assim parece que estou a tirar o foco duma problemática aqui vivida. Mantive me até ao fim do bate papo sem sair e escutando de verdade oferecendo assim a vitória a quem achou que eu sou equivocada e racista. O nosso silêncio ativo com uma escuta generosa é também um gesto de solidariedade para com quem ainda se sente muito ferido. Por outro lado, foi ótimo este incidente ter acontecido para entender certas e determinadas posições que nos afastam ao invés de nos aproximar com uma comunicação não violenta pautada pela escuta das necessidades de parte a parte. Porém! Outra vez o porém! ESTAMOS JUNTAS MULHERES NEGRAS, INDÍGENAS, BRANCAS, NIPÔNICAS, ÁRABES, JUDIAS MESMO QUE LEVE TEMPO A SABERMO-NOS ESCUTAR E SILENCIAR QUANDO NECESSÁRIO SEM SUBJUGAÇÃO DE PARTE A PARTE. <3 <3 <3
A Piu
Brasil 16/09/2019
" Não tentemos satisfazer a sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio. "
Martin Luther King Jr.
Viver no Brasil desde 2012 tem sido muito intenso para mim. Todos os dias praticamente. Essa intensidade de desembaciar as lentes com que enxergo e percebo o mundo. Cada dia é uma revelação, como se uma tampa que se abrisse, aquela tampa da caixa de gordura nas traseira das casa para limparmos tudo o que além de cheirar mal precisa de dar espaço a novos paradigmas de escuta e empatia mútua.. Uma porta que sempre esteve ali pronta para ser empurrada e abrir caminhos. Caminhos auspiciosos.
Há uns dias atrás no yoga foi dito: ' Que todas as pessoas que encontremos no nosso caminho as enxerguemos como um meio de devolução e não um obstáculo. " Isso! Nada acontece por acaso nesta vida - ou acontece? acaso o acaso é uma acaso? - e se estivermos atent@s com os sentidos alerta acolhemos a nossa intuição. Ai a intuição! Essa bela menina que nos fez avançar, recuar e até parar. Essa aí, parece que não mas diz muito.
Para mim ainda é um quebra cabeças entender este imenso Brasil, repleto de multiplicidade, desigualdades extremas, cores, amores, dissabores, horrores, alegrias e também um lugar de muita cura espiritual. Uma questão de nos abrirmos a tal façanha.
Apresento aqui esta artista cujo trabalho conheço na Feira SUB - arte impressa e publicações independentes que aconteceu no sábado na cidade de Campinas, São Paulo.
Antes de mais, honrarmos, reverenciarmos nos umas às outras é um gesto de sororidade. Honrarmos e reverenciarmos artistas, pensadores, ambientalistas, seres que consideramos que trazem benefícios para o coletivo não é nem paternalismo, tampouco puxa saquice.
Ontem estive presente num documentário numa Bienal de Dança lá no Sesc. Esse documentário era sobre violência contra a mulher, com foco na mulher negra. Eu tanto gosto, como faço questão de assistir ao trabalho dessas mulheres negras que reivindicam um lugar de voz e ação numa sociedade tão segregatória como a brasileira. Porém... Lá vem o porém que não é um obstáculo e sim um meio hábil para mergulharmos mais fundo em nós e também entender narrativas, tratos, olhares de um sobre o 'outro'. Ontem aprendi muito ao ter me esbardalhado numa palavra, fui remetida a branca europeia abestalhada. Disse que mesmo assim o racismo no Brasil era mais """" honesto """ do que na Europa que dá uma de politicamente correta. Eu queria dizer que aqui "pelo menos" o racismo é escancarado. Será? Lição um: não tenho que fazer comparações da realidade europeia com a realidade brasileira que diariamente humilha, prende, tortura e por aí vem negros e negras deste país. Na verdade o que eu também me referia era à plateia branca que ali estava e verbalizou sentir-se escrota porque nunca ter olhado realmente para a mulher negra, É honesto a pessoa assumir a sua lacuna. Da minha parte eu nunca me senti escrota para com uma mulher negra nem para com um homem negro. Além de eu vir duma outra sociedade e também eu não ser representativa da mesma que é racista assumida ou camufladamente. Refiro-me á realidade portuguesa. Neste vai para lá e vai para cá confirmou-se uma dúvida acerca de algumas violências simbólicas que aqui e ali também sou alvo. Uma delas a minha questão do que é ser mestiço e o que é o movimento negro sentir que os brancos estão se apropriar da sua cultura e os lenços na cabeça e tal.
Eu, da minha parte, uso lenço na cabeça há mais de 20 anos e só há pouco tempo soube dessa questão que algumas mulheres colocam sobre a apropriação. Ora, lenços na cabeça usam-se em muitas partes do mundo e mesmo que a minha referência fosse a africana, que não é, eu tenho familia negra africana e seria assim honrar esse lado. Ao que fui logo rotulada de paternalista por honrar. Chiça! Então todo e qualquer gesto e fala é visto como racista e paternalista sem nos conhecermos de facto? Então substituo por reverenciar. Depois veio a cereja em cima do bolo que confirma uma narrativa de legitimação de violência de um homem negro para com uma mulher branca é que esta por vezes relaciona-se por exotismo (?!?!) e o homem negro e/ou pardo está sempre abaixo da branca. Tá... Da minha parte eu relaciono-me por Amor. Também nunca conheci ninguém que tivesse um filho com outra pessoa por exotismo. Até pode haver, mas desconheço. Já a mestiçagem no Brasil é algo muito complexo e traumático pois envolve abuso e branqueamento. Porém, nós todos mas todinhos mesmo somos mestiços. Oh eu devo vir dos judeus e dos árabes lá do norte de África que se misturaram com outros tantos de vários territórios.
Resumindo e concluindo: aprendi ontem a escutar e observar mais sem fazer comparações com a realidade de onde venho, porque assim parece que estou a tirar o foco duma problemática aqui vivida. Mantive me até ao fim do bate papo sem sair e escutando de verdade oferecendo assim a vitória a quem achou que eu sou equivocada e racista. O nosso silêncio ativo com uma escuta generosa é também um gesto de solidariedade para com quem ainda se sente muito ferido. Por outro lado, foi ótimo este incidente ter acontecido para entender certas e determinadas posições que nos afastam ao invés de nos aproximar com uma comunicação não violenta pautada pela escuta das necessidades de parte a parte. Porém! Outra vez o porém! ESTAMOS JUNTAS MULHERES NEGRAS, INDÍGENAS, BRANCAS, NIPÔNICAS, ÁRABES, JUDIAS MESMO QUE LEVE TEMPO A SABERMO-NOS ESCUTAR E SILENCIAR QUANDO NECESSÁRIO SEM SUBJUGAÇÃO DE PARTE A PARTE. <3 <3 <3
A Piu
Brasil 16/09/2019
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
O FIM DO MUNDO EM CUECAS ou FORA BARBA AZUL!!!!!
Zeze Macedo em estilo menina sapeca com quem diz: Barba Azul vai dar uma volta! Ciaozinho! |
" O fim do mundo talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer extasiante que a gente não quer perder Parece que todos os artifícios que foram buscados pelos nossos ancestrais e por nós têm a ver com essa sensação. Quando se transfere isso para a mercadoria, para os objetos, para as coisas exteriores, se materializa no que a técnica desenvolveu, no aparato todo que se vem sobrepondo ao corpo da mãe Terra. Todas as histórias antigas chamam a Terra de Mãe, Pacha Mama, Gaia. Uma deusa perfeita e infindável, fluxo de graça beleza e fartura. Veja-se a imagem grega da deusa da prosperidade, que tem uma cornucópia que fica o tempo todo jorrando riqueza sobre o mundo... Noutras tradições, na China e na Índia, nas Américas, em todas as culturas mais antigas, a referência é uma provedora maternal. Não tem nada a ver com a imagem masculina ou do pai. Todas as vezes que a imagem do piai rompe nessa paisagem é sempre para depredar, detonar e dominar. "
KRENAK, Ailton " Ideias para adiar o fim do mundo ", Companhia das Letras. São Paulo: 2019.
Nesta foto temos a atriz comediante brasileira Zeze Macedo, considerada a mulher mais feia do Brasil no seu tempo, mas muito engraçada. Além de poetiza. Sempre me pergunto a partir do quê e porquê existe a necessidade de classificar os mais de qualquer coisa, pois somos muit@s e únic@s. E o que é mais para uns não é para outros. Apesar de ela ser vista como feia o seu casamento que durou 30 anos até ao resto da sua vida foi com um galã Victor Zambito, após este ter topado fazer-se passar por seu namorado quando a Zeze foi alvo de assédio por parte dum colega no teatro e quis se despedir. O diretor fez esta contra proposta e o casalito, que ao inicio era fake para o outro parar, virou um casalito para a vida inteira. Histórias que acontecem que Hollywood ou a Disney até esfregariam as mãos diante de tal roteiro com final auspicioso.
Quem nunca foi alvo de assédio que atire a primeira carta de amor intacta! Assédio moral, assédio físico tanto no meio profissional, como entre amigos e até familiar!!! Já não falando daqueles que não nos conhecem de lado nenhum a não ser de alguma ocasião isolada e se acha no direito de depredar, detonar na esperança de dominar.
Há uns dias atrás participando duma jornada de cura pelo sagrado feminino, numa das rodas de um momento do dia, muitas mulheres responderam à pergunta de quem foi o seu primeiro Barba Azul - arquétipo do sujeito de depreda, detona, domina as mulher com quem se relaciona.
Foi assombroso perceber que uma grande parte das mulheres já foram assediadas por pessoas muito próximos: pais, tios, irmãos, amigos. Não é que em outros lugares do mundo isso não aconteça, mas eu nunca conheci tanta gente e tão próxima que foi traumatizada por uma experiência de abuso e rompimento de confiança com alguém familiar que não respeitou o seu corpo, desejo e inocência de outra pessoa. Muitas dessas mulheres foram vitimas na infância!!!!! O que se passa para ser tão recorrente? No Brasil conheço algumas pessoas que me contaram que uma avó ou um avô foi pego no laço ou foi alforriado ou teve de fugir de situações muito sérias de guerras e perseguições.... Pois, quando se chega em um outro território com a visão de conquistar e apropriar-se tudo vira mercadoria e propriedade. Até a própria parceira e filhos e parentes. Logo, o desejo, a libido, a sexualidade se distorcem ao ponto de se extrapolar a fina linha que delineia a nossa intimidade da do outro. Uma sociedade que abusa das suas crianças, mulheres e seres que consideram vulneráveis precisa urgentemente de parar, respirar, rever-se e curar-se.
FORA BARBA AZUL!!!!!!- gritávamos todas juntas depois de cada depoimento, algo catártico para confirmarmos que não estamos sós.
E VIVAM OS HOMENS E MULHERES QUE SE PROPÕEM A SE RELACIONAR COM MAIS LEVEZ, RESPEITO, ADMIRAÇÃO E AMOROSIDADE!
A Piu
B'Olhão Geralzen Brasil
13/09/2019
Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209
quarta-feira, 11 de setembro de 2019
GERAÇÃO X, UMA GERAÇÃO XINA PÁ! MAS TU QUERES VER CAS MENINAS TAMBÉM VESTEM DE AZULINHO?
Durante muito tempo acreditei que os da minha praça, do meu ombro a ombro, eram aqueles que tinham nascido na década de 70. Quem nascesse em 78 ou 79 já não era bem dos meus. Bebés!... Daqueles que brincavam aos índios e caubois e às batalhas de lego com barricadas feitas de almofadas. Já se vê que eu estava rodeada dum universo feminino fofinho e delicado. Como se pode ver na foto, quem não conhecer não saberá identificar de primeira quem sou eu e quem é o meu irmão, aquele que ganhava sempre os jogos sem fronteiras que fazíamos entre o quintal, as escadas e várias provas até de superar obstáculos até chegar à marquise, passando pela cozinha. Verdade seja dita a batalha era sempre um tanto ou quanto desleal, pois a sua envergadura de três anos mais velho mais os atributos da sua força física eram incomparáveis a uma delicada menina que sofria de asma, mas pedalava, e desforrava-se com pequenas brincadeiras gaseificadas em cima do nariz do mano quando o ambiente parecia favorável a essa pequena " vingançazinha" mal cheirosa em tom de brincadeira. Também por esta idade o meu maior desejo era verter os líquidos vindos da bexiga como o irmão e os meus dois primos e a rapaziada o do bairro, visto ser a única menina no espaço público das brincadeiras de praçeta. Escusado será dizer qual o resultado das minhas tentativas de desafiar a lei da gravidade e respectiva anatomia duma menina que tem outros atributos diferentes dos meninos. Mas ainda cheguei a perguntar a mim mesma se eu era uma deles ou era uma menina. Não, ainda desconhecia a Simone. A Beauvoir.
Depois o tempo foi passando e fui percebendo que não dava para falar de alguns desenhos animados e séries infanto juvenis para alguns amigos mais novos. Não é que me sentisse velha e acabada ihihih diante de alguém que desconhecia " Conan o rapaz do futuro" ou o " Verão Azul". Só pensava: "Coitados!... Nem sabem o que perdem!"
Hoje eu sei, após muitos cornetos de "chiclate", Pernas de Pau, Super Maxis e tal que ter nascido nos anos 70 é só mais um precalço da vida e que hoje até tenho amigas e amigos do peito que não tem aquele adulto adulto e que nasceram nos anos 80, 90 e 2000. Sim! Porque até há bem pouco tempo eu achava que o pessoal que nasceu durante depois dos anos 70 teria sempre aquele ar descolado que vê desenhos animados todos os dias e nunca fica aquele adulto caretudo chatinho para si mesmo.
Pessoal: bora reinar? Bora brincar ao jogo da macaca? Ooops! Esse não era considerado de meninos e daí ou brincava na escola ou sozinha. E assim se faz uma menina nascida nos anos 70 entre a rapaziada. Isto só para lembrar que mais daqui a pouco é o meu aniversário e apagar tanta vela é tipo Jogos sem fronteiras. A pessoa tem que estar preparada como a Mulher Maravilha. Tenho ido aos treinos para não fazer má figura com o fôlego. Quanto anos eu faço? Quantos anos tem a revolução dos cravos? Ah pois, pá! Pensas o quê? Candamos aqui a brincar às casinhas?Nã! Amadurecer é uma coisa série sem tempo para brincadeiras! Olarépipu!
A Piu
Brasil, 11/09/2019
Depois o tempo foi passando e fui percebendo que não dava para falar de alguns desenhos animados e séries infanto juvenis para alguns amigos mais novos. Não é que me sentisse velha e acabada ihihih diante de alguém que desconhecia " Conan o rapaz do futuro" ou o " Verão Azul". Só pensava: "Coitados!... Nem sabem o que perdem!"
Hoje eu sei, após muitos cornetos de "chiclate", Pernas de Pau, Super Maxis e tal que ter nascido nos anos 70 é só mais um precalço da vida e que hoje até tenho amigas e amigos do peito que não tem aquele adulto adulto e que nasceram nos anos 80, 90 e 2000. Sim! Porque até há bem pouco tempo eu achava que o pessoal que nasceu durante depois dos anos 70 teria sempre aquele ar descolado que vê desenhos animados todos os dias e nunca fica aquele adulto caretudo chatinho para si mesmo.
Pessoal: bora reinar? Bora brincar ao jogo da macaca? Ooops! Esse não era considerado de meninos e daí ou brincava na escola ou sozinha. E assim se faz uma menina nascida nos anos 70 entre a rapaziada. Isto só para lembrar que mais daqui a pouco é o meu aniversário e apagar tanta vela é tipo Jogos sem fronteiras. A pessoa tem que estar preparada como a Mulher Maravilha. Tenho ido aos treinos para não fazer má figura com o fôlego. Quanto anos eu faço? Quantos anos tem a revolução dos cravos? Ah pois, pá! Pensas o quê? Candamos aqui a brincar às casinhas?Nã! Amadurecer é uma coisa série sem tempo para brincadeiras! Olarépipu!
A Piu
Brasil, 11/09/2019
A INTUIÇÃO É UMA INSTITUIÇÃO?
Dercy Gonçalves |
" Quem é mais irreverente? Eu ou a vida do Brasil?" - Dercy Gonçalves
" Dercy Gonçalves é o Brasil traduzido numa pessoa só. Primeiro a completa liberdade de ser. Ela não se submete a formalidades, a pessoas a importantes, a solenes, Segundo a espontaneidade (...) Dercy Gonçalves é uma grande contestadora. Aquilo que os intelectuais contestam, fazem com muita teoria, ela faz na prática. Ela contesta o formalismo. Ela contesta a acomodação. Ela é uma não acomodada permanente. Ela está sempre revogando o estabelecido. Basta que uma coisa seja esteja estabelecida e ela revoga. Essa continuidade da revogação do estabelecido faz da Dercy uma figura única, revolucionária. A mim me encanta sobretudo a liberdade de ser que é algo que é uma conquista na vida das pessoas com o qual ela já nasceu. ". - Arthur da Távora Senador.
in: História de Dercy Gonçalves para a coleção "gente" da UNESA
https://youtu.be/QnXUSwlQPLw
Ontem foi me apresentada esta joia da comicidade feminina brasileira. Muito bom! Inspirador! Muita boa a corporalidade da Dercy que desconstrói padrões de feminilidade, assim como a coragem de o fazer na sua época. Hoje ainda seria irreverente, num Brasil que transita entre a devassidão, ou o que é considerado devasso, e o moralismo. O moralismo não é se não o reflexo de quem olha para o seu corpo, a alma, o espirito e do 'outro' com malicia, com uma quase ausência se não total de inocência. O moralismo é o olhar do mal intencionado que enxerga no outro e em tudo, ou quase tudo, a tal da " safadeza", a tal da ' sacanagem' e assim reprime a espontaneidade, a libido, o desejo como algo saudável e celebrativo do encontro, da VIDA. Onde há moralismo há juízos de valor e os juízos de valor são palas nos olhos de quem age carente de plenitude.
Há uns dias atrás assisti brevemente a um grupo de mulheres, estudantes e estudiosas de filosofia falarem numa mesa dum Instituto de Humanas na universidade pública. Olhem é aberto a tod@s! Qualquer pessoa pode entrar e assistir. No momento que cheguei falavam de intuição, naquele auditório de configuração hierárquica, como Ailton Krenak chamou a atenção numa palesta no mesmo campus universitário.
A lógica, o pensamento, o modo de produzir conhecimento entre os ditos intelectuais ainda é patriarcal, fundado numa Democracia Grega de há uns belos séculos atrás, onde no papel da mulher não estava contemplado a sua condição de sujeito histórico e social com voz e presença efetiva nas decisões do coletivo. As mulheres e os escravos estavam no mesmo saco. Em suma, uma Democracia patriarcal e escravocrata.
É sempre muito bom saber que as mulheres estão a ocupar os espaços até então reservados aos homens, que com algumas excepções são homens brancos com recorte social mais privilegiado face a uma grande maioria cuja voz está a modos que silenciada. Ou seja, o meio acadêmico ainda incentiva uma (re)produção de conhecimento hegemônica. para privilegiar uns tantos e não beneficiar todos.
Assim sendo, ouvir mulheres, estudiosas e estudantes da filosofia, falarem da intuição obedecendo a uma produção de conhecimento cartesiana em que o corpo e alma são quase irrelevantes dá que pensar. Será que um dia o meio acadêmico irá acolher de corpo e alma o entendimento como algo que não é meramente uma ideia abstrata que nos esquecemos quem somos para cair em floreios de suposições onde se cita e outro autor, de preferência muito antigo e homem? Falar de sagrado feminino e masculino no meio acadêmico deve ser coisa bixo grilo. Só pode! Ihihih Vai embora ranço com o modus operandis do meio acadêmico!!!! Buuuuhhhhhh Haja esperança na mudança! ihihih
Intuição é silenciarmos-nos, focar na nossa respiração, no nosso corpo no espaço e abrir os cinco sentidos que ultrapassam teorias. É reconectarmos-nos com a natureza, que insistem em devastar, e na nossa natureza. " Nunca menosprezar a intuição!", dizia alguém que conduzia um encontro sobre comunicação não violenta. Por acaso, ou não, um homem. Bem ditos os homens e as mulheres que já tiveram essa sacada. A intuição não se teoriza. SENTE-SE! VIVE-SE!
A Piu
B'Olhão Geralzen 11/09/2019
Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209
Iniciamos a campanha de Crowdfunding para a terceira fase do trabalho. Com as palhaças Maffalda dos Reis (Geni Viegas) e Beltrana de Tall (Ana Ana Piu).
Ar Dulce Ar, O Prelúdio tem como objetivo fazer uma curta temporada num espaço alternativo, para desenvolvermos a linguagem da palhaçaria junto ao público. Todo o processo de criação, roteiro e direção já foram finalizados e nessa última etapa buscamos apoio para continuarmos o desenvolvimento do espetáculo. Entre no site " Catarse" e nos apoie. <3 <3 <3 https://www.catarse.me/ar_dulce_ar_preludio_ce42...
sexta-feira, 6 de setembro de 2019
O MONSTRO QUE HÁ EM SI TAMBÉM ESTÁ DENTRO DE MIM
Aparentemente pode ser assombroso assumir que o que está fora, no outro, também está dentro de nós. Por exemplo, o Jair Coiso é um reflexo de todos nós. Uns logo dirão: " Meu não é! Eu nem votei nele! E ele é um lixo!". Bom... Só o facto de alguém enxergar um outro ser vivo como um lixo o que é que isso está falando desse mesmo alguém? Até um objeto mais abjeto nós podemos reciclar e este deixar de ser um lixo. Logo um ser humano não é um lixo. O mesmo pode estar tão confuso na sua mente e tão emaranhado nos seus padrões de pensamento e comportamento o que normalmente são heranças familiares e/ ou culturais, que nem entende a lixarada que está a produzir para ele mesmo. O Jair Coisinho está com a mente e a alma doente como uma grande maioria da população.
O Jair Coisinho é tão grotesco quanto aqueles que o apoiam. Muitos o apoiam porque foi liberada a saída da monstralhada das gavetas e armários. Mas quem nunca se deparou com os seus próprios preconceitos, fobias, narrativas mais ou menos camufladas daquele ódiozinho de estimação? Quem nunca se deparou é porque coloca a máscara do bonzinho, da pazinha e do amorzinho. O que se conclui assim é que o olhar para dentro está um pouco desvalidado.
Hoje, não só no Brasil com o Jair Coisinho, os governos estão aí a mostrar qual a parte que nós não temos feito e quais os valores com os quais nos temos movimentado em que o que é vantajoso para mim descuida daquela dose de escuta, empatia, olhar compassivo e solidariedade para com nós mesmos e para com quem nos rodeia. É um grande e ótimo momento da Oposição, dita esquerda, se rever ao invés de apontar defeitos e entender onde tem sido mentirosa e negligente, que se rendeu à lógica do poder centralizado e ao lucro em proveito de uns poucos.
E se olharmos o Jair Coisinho como uma dádiva? Um guia espiritual? Não, não é cinismo nem sarcasmo. Quando e escuto alguém falar: " Fora Bozo!" sempre me lembro de quando cheguei ao Brasil e esse mesmo alguém não me enxergou na totalidade e quando lhe pedi ajuda encolheu os ombros perguntou porque eu não voltava para trás e deu meia volta e foi. Ou aquela pessoa que no seu ambiente de trabalho é autoritária e também difamatória, mas quando a coisa aperta para o seu lado já quer emigrar mesmo quando olha com desdém os nordestinos, os pardos, os "pobres", os emigrantes e todos os que sejam no seu ponto de vista inferiores à sua condição. Bom, enfim. Desabafos que servem para ilustrar os nossos egoísmos diários mesmo quando achamos que o Coiso é o monstro e nós somos vitimas dele. Não, ele com as suas ações é tão grotesco que a mim coloca-me numa urgência de rever todas as escolhas e atitudes tomadas ao longo desta existência não tão grande mas também não tão pequena. Escolhas essas que passam pela alimentação ser uma escolha política, o auto conhecimento ser igualmente uma escolha politica. E como dizia ontem uma amiga ao nascer do sol, após meia hora de meditação silenciosa: " Onde eu não puder ser compassiva e atuar com Amor eu distancio-me." Subscrevo. Assim sendo, ninguém largar a mão de ninguém é abraçarmos-nos a nós mesm@s, acolher os nossos próprios monstrinhos, e a partir daí dar o nosso melhor. E abraçar quem estiver aberto. Porque apesar de tudo onde há AMOR a negatividade encolhe-se até sucumbir.
A Piu
B'olhão Geralzen 06/09/2019
O Jair Coisinho é tão grotesco quanto aqueles que o apoiam. Muitos o apoiam porque foi liberada a saída da monstralhada das gavetas e armários. Mas quem nunca se deparou com os seus próprios preconceitos, fobias, narrativas mais ou menos camufladas daquele ódiozinho de estimação? Quem nunca se deparou é porque coloca a máscara do bonzinho, da pazinha e do amorzinho. O que se conclui assim é que o olhar para dentro está um pouco desvalidado.
Hoje, não só no Brasil com o Jair Coisinho, os governos estão aí a mostrar qual a parte que nós não temos feito e quais os valores com os quais nos temos movimentado em que o que é vantajoso para mim descuida daquela dose de escuta, empatia, olhar compassivo e solidariedade para com nós mesmos e para com quem nos rodeia. É um grande e ótimo momento da Oposição, dita esquerda, se rever ao invés de apontar defeitos e entender onde tem sido mentirosa e negligente, que se rendeu à lógica do poder centralizado e ao lucro em proveito de uns poucos.
E se olharmos o Jair Coisinho como uma dádiva? Um guia espiritual? Não, não é cinismo nem sarcasmo. Quando e escuto alguém falar: " Fora Bozo!" sempre me lembro de quando cheguei ao Brasil e esse mesmo alguém não me enxergou na totalidade e quando lhe pedi ajuda encolheu os ombros perguntou porque eu não voltava para trás e deu meia volta e foi. Ou aquela pessoa que no seu ambiente de trabalho é autoritária e também difamatória, mas quando a coisa aperta para o seu lado já quer emigrar mesmo quando olha com desdém os nordestinos, os pardos, os "pobres", os emigrantes e todos os que sejam no seu ponto de vista inferiores à sua condição. Bom, enfim. Desabafos que servem para ilustrar os nossos egoísmos diários mesmo quando achamos que o Coiso é o monstro e nós somos vitimas dele. Não, ele com as suas ações é tão grotesco que a mim coloca-me numa urgência de rever todas as escolhas e atitudes tomadas ao longo desta existência não tão grande mas também não tão pequena. Escolhas essas que passam pela alimentação ser uma escolha política, o auto conhecimento ser igualmente uma escolha politica. E como dizia ontem uma amiga ao nascer do sol, após meia hora de meditação silenciosa: " Onde eu não puder ser compassiva e atuar com Amor eu distancio-me." Subscrevo. Assim sendo, ninguém largar a mão de ninguém é abraçarmos-nos a nós mesm@s, acolher os nossos próprios monstrinhos, e a partir daí dar o nosso melhor. E abraçar quem estiver aberto. Porque apesar de tudo onde há AMOR a negatividade encolhe-se até sucumbir.
A Piu
B'olhão Geralzen 06/09/2019
quarta-feira, 4 de setembro de 2019
QUASE DISTRAÍDOS VENCEREMOS - algumas considerações sobre caminharmos mais leves e plen@s ombro a ombro
Existem os focos e existem as fixações. Fixações são ideias que fixamos na cabeça. Olha a redundância! Normalmente não dão lá muito bom resultado. Já o foco é concentrarmos-nos em algo que vem de dentro para fora. Parece assim, à primeira vista, mais próspero. Se usarmos bem os nossos olhinhos com olhos de enxergar vamos olhar para dentro e saber para onde caminhar, quando parar e nos silenciarmos sem nos omitirmos e não temer verbalizar com o coração. Isto é, com a intuição apurada. Nunca menosprezar a intuição!, como diz o 'outro'!
Refletir sobre nos auto conhecermos é aquele passão monstro do bem para nos abraçarmos antes de abraçar todo e qualquer sujeito ou sujeita. Olhem, vale muito a pena conhecerem o site da Raquel Anwar sobre sagrado feminino e também masculino. Num dos seus vídeos ela fala sobre nós não entrarmos em joguinhos. Joguinhos são perda de tempo, porque é alguém testar o seu poder de sedução sem estar realmente a fim de se relacionar seja de que forma for. É iludir a outra pessoa, fazendo esta perder tempo desnecessariamente. É também iludir-se a si mesm@ , achando que a vaidade, a zoeira sem equanimidade são mais que demais. Ter clareza, transparência nas nossas motivações, intenções quando nos relacionamos com terceiros é meio caminho andado para saber que essa é a pauta para aquela simbiozona. Se não vira uma zona! E o que é uma zona? É quando a coisa é dúbia, logo não se sustenta. Quando não se é claro não se cria confiança e A CONFIANÇA É A BASE DE TUDO!
Falemos, então daquele bixo peludo fedorento que é o ciúme. O ciúme é uma espécie de bactéria que esborrata tudo. Há quem defenda que o ciúme dá aquela apimentadazinha; aquele up. Será? Será que não é melhor a galerada não se basear na confiança, no amor? Já para resolver a charada: quando fazemos joguinhos de ciúme estamos a usar alguém para proveito próprio, seja para a nossa vaidade, para cobrir a nossa insegurança ou para avivar uma relação a dois que está meio manca. Alguém sai perdendo, o que não é justo nem ético.
Também vale a pena escutar a Monja Cohen sobre ciúme. Para resumir, ciúme ao limite é uma doença que precisa de ser curada. Assim sendo, cada uma e cada um precisa de avaliar se está afim de se curar de si mesm@. Pode levar que é garantido: se nos curarmos de nós mesm@s o AMOR INCONDICIONAL VINGA INCONDICIONALMENTE.
A Piu
BRASIL, 04/09/2019
sites:
www.raquelanwar.com
Refletir sobre nos auto conhecermos é aquele passão monstro do bem para nos abraçarmos antes de abraçar todo e qualquer sujeito ou sujeita. Olhem, vale muito a pena conhecerem o site da Raquel Anwar sobre sagrado feminino e também masculino. Num dos seus vídeos ela fala sobre nós não entrarmos em joguinhos. Joguinhos são perda de tempo, porque é alguém testar o seu poder de sedução sem estar realmente a fim de se relacionar seja de que forma for. É iludir a outra pessoa, fazendo esta perder tempo desnecessariamente. É também iludir-se a si mesm@ , achando que a vaidade, a zoeira sem equanimidade são mais que demais. Ter clareza, transparência nas nossas motivações, intenções quando nos relacionamos com terceiros é meio caminho andado para saber que essa é a pauta para aquela simbiozona. Se não vira uma zona! E o que é uma zona? É quando a coisa é dúbia, logo não se sustenta. Quando não se é claro não se cria confiança e A CONFIANÇA É A BASE DE TUDO!
Falemos, então daquele bixo peludo fedorento que é o ciúme. O ciúme é uma espécie de bactéria que esborrata tudo. Há quem defenda que o ciúme dá aquela apimentadazinha; aquele up. Será? Será que não é melhor a galerada não se basear na confiança, no amor? Já para resolver a charada: quando fazemos joguinhos de ciúme estamos a usar alguém para proveito próprio, seja para a nossa vaidade, para cobrir a nossa insegurança ou para avivar uma relação a dois que está meio manca. Alguém sai perdendo, o que não é justo nem ético.
Também vale a pena escutar a Monja Cohen sobre ciúme. Para resumir, ciúme ao limite é uma doença que precisa de ser curada. Assim sendo, cada uma e cada um precisa de avaliar se está afim de se curar de si mesm@. Pode levar que é garantido: se nos curarmos de nós mesm@s o AMOR INCONDICIONAL VINGA INCONDICIONALMENTE.
A Piu
BRASIL, 04/09/2019
sites:
www.raquelanwar.com
NÉ MESMO?- PIU IN BRAZIU
#artistalibertario |
Esta imagem ilustra muito bem como fico por dentro sempre que me fazem essas colocações. Fico ali entre um olhar de Garfield, uma cor de Simpson, com o devido bigodinho como qualquer portuguesa de gema se preza em ter, mas sempre dando uma pose de libertária descolada em que não me esqueço qual o cocar ou os cocares que devo honrar e que me faz continuar neste imenso e diverso território brasileiro.
Quando as pessoas têm opção para escolher se devem ficar num lugar ou ir para outro é algo que só a elas lhes diz respeito, talvez até sejam convocatórias de vidas anteriores sua ou de antepassados, para fazer diferente e honrar os que vieram antes duma forma que possa beneficiar todos os seres, se não todos aqueles que podermos alcançar. Eu estou no Brasil porque artisticamente é muito mais pulsante que em Portugal, embora também se façam bons trabalhos por lá. Mas na área do teatro e da palhaçaria o Brasil está a muitos de luz à frente do que em Portugal. Esta é a minha experiência. Nas artes visuais, principalmente as de rua o Brasil é pulsante, assim como na música. Os saraus de poesia e música nas periferias são uma lição de democracia para as bolhas de mentalidade de condomínio fechado. Há uns tempos visitei uma exposição do Basquiat no Rio de Janeiro em que alguns artistas brasileiros estavam expostos. A curadoria escrevia que o que hoje se vive em várias cidades do Brasil como produção artística é o que se viva em Nova York nos 70/80. Concordo.
Por outro lado, Portugal saiu, aliás ainda está a sair, duma crise financeira e dum desemprego galopante para criar sub empregos. Então, o cidadão brasileiro que vem com essas perguntas acima mencionadas para uma portuguesa que mesmo assim não nasceu ontem, tá nasceu um pouquinho antes do antes de ontem, parece até que confirma que o cidadão comum reproduz o que escuta na Globo e que se move pela lógica neo liberal do individualismo: " Portugal tá ' bão' demais! 'Tá todo o mundo indo para lá!". Estas duas frases ditas desta forma já as escutei várias vezes, ditas por diferentes pessoas. Umas vão para desfrutar da sua aposentadoria brasileira. Olha, muito obrigada. Até pode ir para a Grécia! Outros vão para um Portugal com um governo de esquerda neo liberal, mesmo quando votam no Coiso. Votando ou não, neo liberalismo é neo liberalismo seja de esquerda, direita, torto ou maquiado. Não sei em que informação elas se baseiam e se realmente conhecem o astral do português comum. Ihihih Se preparem minha gente que a lamúria com algumas pitadas de antipatia fazem parte do pacote. Ehehehe além de uns serem mais ou menos assumidamente racistas e xenófobos. Mas come-se bem e bebe-se melhor. E também tem gente porreira, mas carece de alguma alegria vital de simplesmente dançar e tocar música e sorrir para vida mesmo quando esta está uma bagunçada. Por isso também curto muito o Brasil. E aqui gentileza gera gentileza. Podem crer. BOA SORTE! Vai lá tu que um dia destes eu passo por lá.
Por outro lado há ainda a frase: " O Brasil não está com nada! Vou para a França! Vou para a Suécia!". Então 'tá. A Europa também deu aquele retrocessinho com foco nas fobias em relação aos estrangeiros e emigrantes. Bom, também nunca escutei nenhum indígena nem negro da periferia falar uma coisa dessas. No primeiro caso, no dos indígenas, eles "só" querem que deixem o território deles em paz e também a eles. Depois há ainda a oportunidade de escolher, já não falando que aqueles que querem ir para a Europa ou EUA são descendentes de europeus. Assim podem voltar à casa dos seus ancestrais sem esquecer de agradecer profundamente pelo território brasileiro, o Novo Mundo, ter acolhido em algum momentos seus antepassados chegados do outro lado do mar por motivos vários. Se não pode soar a ingratidão e até alguma desresponsabilização para contribuir para um Brasil mais justo e igualitário sem violência.
Quanto a mim fico no Brasil que é um vasto campo de atuação e muito tenho a agradecer aos nativos e nativas de cocar por me terem possibilitado de enxergar o caminho vermelho do coração e me apaziguar com todos os processos históricos antes de mim, assim como a aprender com eles e com o pessoal da periferia, com os artistas de distintas áreas e pensadores com ação que tenham como foco o coletivo. Porque o individualismo é chão que já deu uvas. E não 'tá dando mais, né mesmo?
EVOÉ! HAUX HAUX
A Piu
Brasil, 04/09/2019
segunda-feira, 2 de setembro de 2019
WAS? O QUÊ? - algumas considerações sobre a ganância de que a Amazônia tem sido alvo ao longo de séculos
Ao assistir à palestra do líder indígena, ambientalista e e escritor brasileiro Ailton Krenak. O que foi uma honra, senti por instantes o que uma alemão ou alemã deve sentir sistematicamente fora da Alemanha. A uma dada altura da palestra, Krenak diz que fora convidado duas vezes para ir a Portugal. A primeira foi um convite para as comemorações dos descobrimentos!!!!!! Que falta de noção de quem o convidou!!!!! Uma deselegância que transita entre a arrogância e ignorância. O que vai dar ao mesmo. É mais que óbvio que o homem não foi. Eu também não iria. Só se fosse para dizer umas verdades. Mas duma segunda vez o Kranak foi e quem o convidou dizia que tinha uma dívida histórica para com o povo Ameríndio. Krenak comentou então para a plateia: " Afinal os portugueses também sentem a pimenta na boca. (...) Eu sei que tenho uma certa implicância com Portugal." Umas meninas de trás riram-se... Talvez as mesmas sejam filhas ou netas de portugueses..., italianos... , espanhóis e por aí vai. Mas riram-se não sei muito bem porquê... Mas pergunto: é mais fácil colocar a culpa em algo ou alguém alheio a nós do que realmente conhecer a nossa própria história?
É mais que compreensível que a implicância de Krenak com Portugal. Porém, a pimenta na boca de alguns portugueses, não todos nem a maioria, é um movimento de consciência. Sim, Portugal tem uma dívida histórica com África e com o Brasil. Com África ainda mais, pois somente se passaram quarenta anos de independência. Ao passo que com o Brasil já se passaram 200! O que se fez de diferente durante estes últimos dois séculos em relação aos povos nativos?
O Brasil vive um momento político bastante bipolar, num estágio muito antes do debate. A despolitização ao nível da esfera partidária é gritante. Uma grande maioria parece que ainda vive o clima da guerra fria onde estão os capitalistas dum lado e os comunistas do outro. Como isso está tão desfasado do panorama atual, tanto ao nível nacional como internacional logo os argumentos são muito fracos as pessoas passam diretamente para o bate boca, o xingamento.
Como se vê na imagem de cima, a pessoa que não espera tanta despolitização aliada a xingamento e defesa de coisas completamente distorcidas. Uma maioria defende ideias feitas que muitas vezes nem se dá ao trabalho de aprofundá-las e refletir acerca. Já é hora de não consumirmos noticias e informações pela metade distorcidas. Ler. Não ter preguiça de ler e refletir. Existe um livro do xamã Davi Kopenawa com o Bruce Albert: " A queda do Céu". Deveria ser leitura " obrigatória" - ninguém tem que obrigar ninguém a nada - de todo e qualquer cidadão, não só brasileiro. Porque o povo " branco"/ ocidental/ capitalista vive principalmente no plano das ideias, do mental, longe do caminho do coração.
O Coiso que está no poder é "só" uma mente perversa que se olharmos bem é uma jóia! Sem cinismo! Ele é um reflexo grotesco das nossas mentira diárias. Darei de seguida um exemplo do prefácio escrito pelo Eduardo Viveiros de Castro do livro acima citado, publicado em 2010 durante o governo do PT, para todos refletirmos sem xingamento e com compromisso:
O presente governo, e refiro-me aqui ao Executivo, desde sua comandante até suas ordenanças ministeriais, vem se mostrando o pior desempenho, desde a nossa tímida democratização, no tocante ao respeito a esses direitos, agravando a já péssima administração anterior sob a mesma gerência: procedimentos de demarcação e homologação de terras indígenas praticamente nulos; políticas de saúde mais que omissas, desastrosas para as comunidades indígenas: uma indiferença quase indistinguível da cumplicidade diante do genocídio praticado continuadamente e às escâncaras sobre os Guarani- Kaiowá, ou periodicamente 'por descuido ' sobre os Yanomami e outros povos nativos, bem como diante do assassinato metódico de lideranças indígenas e ambientalistas pelo país afora - quesito sobre no qual o Brasil é campeão mundial. -pág. 20 (...) Em suma, o que a ditadura empresarial- militar não conseguiu arrasar, a coalizão comandada pelo Partido dos... Trabalhadores! vai destruindo, com eficiência estarrecadora. Seu instrumento material para tanto são as mesmas forças político-econômicas que apoiaram e financiaram o projeto de poder da ditadura. Tal 'eficiência' destrutiva, note-se bem, anda longe da " destruição criadora " marxista e shumpeteriana, valha o que esta ainda valer nos sombrios tempos que correm. Não há absolutamente nada de criador, a menos ainda de criativo, no que a classe dominante e seu orgão executivo fazem na Amazônia. O que falta em inteligência e descortino sobra em ganância e violência. - pág. 21.
Pergunta do dia: vivemos numa realidade tipo expressionismo alemão em que a foto do meio é ilustrativa do nosso estado diante de toda esta maluqueira?
A Piu
Brasil, 02/09/2019
domingo, 1 de setembro de 2019
ADEUZIN NÓIA! ATÉ NUNCA MAIS!
Isadora não entende nada.Vegan, Ilustradora, Escritora |
Auto cuidado não é frescurinha. É o paradigma nestes tempos caóticos, mas promissores dum expandir de consciência, de auto consciência. Amor próprio é cuidar da grande floresta que temos dentro de nós. Convidar a entrar quem a respeita e não permitir que a invadam e a pisem desrespeitosamente, causando intriga e mentira. Quando cuidamos realmente de nós as mentiras não se sustentam mais. Uma vez livres das nossas nóias não permitimos mais relações tóxicas. Das nossas nóias cuidamos nós até estas se extinguirem. Cada um e cada uma que cuide das suas. Se precisar de alguma coisa é só chamar sem nóia.
Experimentemos parar e permitamos-nos respirar profundamente, focando nesse movimento que é expirar e inspirar. A cada dia parar um pouquinho como quem pára para escovar os dentes, fazer a sua higiene pessoal diária. Estarmos cientes que quando falamos com amor para nós mesmas afastamos as nóias e os nóias. Quando assumimos que precisamos de nos cuidar e nos livrarmos das nossas nóias, os nóias, aqueles que enfiam na cabeça que precisam de nos atormentar quer conheçamos ou não pessoalmente quer tenhamos tido uma relação ou não, começam a parar porque percebem que dali não levam nada. E que o auto conhecimento compensa muito mais.
Por vezes temos que colocar um B-A-S-T-A com todas as letras. Muitas vezes o 'outro' não entende ou faz-se de desentendido, quando acha que somos a " mulherzinhas "presa fácil, encurralável. Daí temos que soltar a loba curada de medos e numa ação irada, que na base está a amorosidade e respeito pela vida e não a raiva negativa e destrutiva, posicionarmos-nos firmemente com o peito pulsando um: " Chega de nóia nesta vida preciosa! Vai lá escovar as tuas nóias e volta lá curado para dar um aperto de mão como quem levanta uma bandeira de paz. Assim seja. Assim é! Zin? "
A Piu
Br, 01/09/2019
Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209
VOLTAR À MEMÓRIA DE QUEM SOMOS
Se algo necessito, peço-o a mim mesma.
A mãe terra não nos deixa de dar de comer porque fazemos coisas que não gostamos que se chama: caos.O pai sol não nos deixa de iluminar e aquecer porque fazemos coisas que não gostamos. O importante é que nos dêmos conta quando as fazemos, para que depois de um bom bocado já não as fazemos, as coisas que não gostamos. E se fazemos coisas que gostamos vamos nos acostumando a fazer coisas que gostamos e as coisas que não gostamos esquecemos de as fazer.
Abuela Margarita
O mais desafiador é mudarmos os nossos hábitos quotidianos. Desde o que comemos, como nos locomovemos, o que vestimos e calçamos até ao que assistimos, ouvimos, como nos comunicamos e como alimentamos a nossa subjetividade. Isto é, o nosso imaginário, pensamentos, sentimentos e emoções.
Penso que das coisas mais difíceis de mudar somos nós próprios. Trabalharmos-nos, auto conhecermos-nos é um grandessíssimo ato de coragem. E quando nos propomos a fazê-lo não tem como voltar atrás, assim como deixamos de julgar os demais porque olhamos de frente as nossas sombras e pouquito a pouquito tomamos consciência da nossa responsabilidade, da parte que nos cabe somente a nós fazê-lo.
O imenso incêndio na floresta Amazônica, ocorrido durante Agosto, foi um aviso final de algo que já tem vindo a acontecer há muito tempo. Infelizmente ou até felizmente esse Coiso Aberrante que assumiu o poder, apoiado por mentes confusas e até mesmo nefastas, é somente o reflexo da falta de reflexão de parte a parte de quem governa, desgoverna e apoia. Como tal a dita esquerda também precisa de se rever URGENTEMENTE, pois nos dois mandatos anteriores cometeram-se muitas atrocidades no Brasil para favorecer fazendeiros, madeireiras, minerações, multinacionais que apostam no desmatamento para criação de gado, monocultura que satura o solo e produção de soja e outros recursos naturais que cobiçam avidamente. Não são "só" os camponeses e povos indígenas que estão sendo dizimados. É o planeta terra que está sendo posto em causa. É A VIDA DE TODOS OS SERES VIVOS. NINGUÉM ESCAPA SE NÃO PARARMOS ESSE SÉQUITO DE PODEROSOS ADOECIDOS.
A situação é muito séria para continuarmos a achar que não nos compete fazer nada, que está tudo perdido. Sair à rua em passeata é em toda e qualquer circunstância algo simbólico do que necessita de ser feito por cada um de nós no individual e no coletivo. Fazer a nossa parte já é muito, porque trabalhosa. Requer muita coragem nós abrirmos mão de velhos hábitos. Um deles é comer carne. Porém não nos culparmos se o fazemos com frequência ou algumas vezes. O sentimento de culpa ou de culpabilização de terceiros é também algo que deve ser erradicado porque nos bloqueia mutuamente. Expandir a consciência é um ato de amor para com nós mesmos e que atua por contágio. Se o que fazemos vem de dentro com consciência, os outros provavelmente também se deixaram afetar, Passo a passo, acolhendo as nossas fabilidades MAS SEM DESISTIR. Começar por nós é transformador.
A Piu
Brasil, 01/09/2019
A mãe terra não nos deixa de dar de comer porque fazemos coisas que não gostamos que se chama: caos.O pai sol não nos deixa de iluminar e aquecer porque fazemos coisas que não gostamos. O importante é que nos dêmos conta quando as fazemos, para que depois de um bom bocado já não as fazemos, as coisas que não gostamos. E se fazemos coisas que gostamos vamos nos acostumando a fazer coisas que gostamos e as coisas que não gostamos esquecemos de as fazer.
Abuela Margarita
O mais desafiador é mudarmos os nossos hábitos quotidianos. Desde o que comemos, como nos locomovemos, o que vestimos e calçamos até ao que assistimos, ouvimos, como nos comunicamos e como alimentamos a nossa subjetividade. Isto é, o nosso imaginário, pensamentos, sentimentos e emoções.
Penso que das coisas mais difíceis de mudar somos nós próprios. Trabalharmos-nos, auto conhecermos-nos é um grandessíssimo ato de coragem. E quando nos propomos a fazê-lo não tem como voltar atrás, assim como deixamos de julgar os demais porque olhamos de frente as nossas sombras e pouquito a pouquito tomamos consciência da nossa responsabilidade, da parte que nos cabe somente a nós fazê-lo.
O imenso incêndio na floresta Amazônica, ocorrido durante Agosto, foi um aviso final de algo que já tem vindo a acontecer há muito tempo. Infelizmente ou até felizmente esse Coiso Aberrante que assumiu o poder, apoiado por mentes confusas e até mesmo nefastas, é somente o reflexo da falta de reflexão de parte a parte de quem governa, desgoverna e apoia. Como tal a dita esquerda também precisa de se rever URGENTEMENTE, pois nos dois mandatos anteriores cometeram-se muitas atrocidades no Brasil para favorecer fazendeiros, madeireiras, minerações, multinacionais que apostam no desmatamento para criação de gado, monocultura que satura o solo e produção de soja e outros recursos naturais que cobiçam avidamente. Não são "só" os camponeses e povos indígenas que estão sendo dizimados. É o planeta terra que está sendo posto em causa. É A VIDA DE TODOS OS SERES VIVOS. NINGUÉM ESCAPA SE NÃO PARARMOS ESSE SÉQUITO DE PODEROSOS ADOECIDOS.
A situação é muito séria para continuarmos a achar que não nos compete fazer nada, que está tudo perdido. Sair à rua em passeata é em toda e qualquer circunstância algo simbólico do que necessita de ser feito por cada um de nós no individual e no coletivo. Fazer a nossa parte já é muito, porque trabalhosa. Requer muita coragem nós abrirmos mão de velhos hábitos. Um deles é comer carne. Porém não nos culparmos se o fazemos com frequência ou algumas vezes. O sentimento de culpa ou de culpabilização de terceiros é também algo que deve ser erradicado porque nos bloqueia mutuamente. Expandir a consciência é um ato de amor para com nós mesmos e que atua por contágio. Se o que fazemos vem de dentro com consciência, os outros provavelmente também se deixaram afetar, Passo a passo, acolhendo as nossas fabilidades MAS SEM DESISTIR. Começar por nós é transformador.
A Piu
Brasil, 01/09/2019
Subscrever:
Mensagens (Atom)