- Ai Dona Amélia, nem lhe digo nem lhe conto. Estou aqui que nem posso.
- Conte. Conte, se quiser contar.
- Não é que ainda agora aqui à mercearia escutei um tal de Nietzsche falar que temos a arte de não morrer de verdade?!
- Aaaaaahhhh malandrão! E a senhora não lhe respondeu nada?!
- Nem tive tempo! Ainda me disse que aquilo que se faz por amor está para além do bem e do mal.
- Valham-me os meus! Este mundo está perdido! Olhe! Sabe o que lhe
digo?! Eu quando chego a casa dou sempre duas voltas à chave!!! Eu não
sei onde isto tudo vai parar! 'Tá tudo perdido!
- Dona Amélia, Dona
Amélia.... Obrigada por me ouvir. Mas olhe ainda estou com esta entalada
na garganta:" Torna-te aquilo que és." Ainda me disse o fanfarrão antes
do senhor Zacarias pôr na conta a minha despesa dos ovos e dos tomates.
- Coragem, minha amiga. Coragem. Se eu o encontrar vai ouvir das boas!
Vai ver! Comigo não! Era o que mais faltava! (...) Olhe lá vem ele do
outro lado da estrada. Vamos entrar ali na padaria e fingir que não o
vimos.
- Dona Amélia, Dona Amélia. Se não fosse a senhora.
A piU
Br, março de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário