segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

EXISTIR É UMA AUDÁCIA série: aprender a aprender

 


O episódio da ativista e atriz trans Keyla Brasil fez-me refletir e procurar mais informação sobre a causa trans no especifico, como a causa LGBTQ+ no geral. Não é que não acompanhasse. Pelo contrário, existem vários documentários disponiveis onde se pode escutar e testemunhar esses sujeitxs históricxs na primeira pessoa. Aliado ao facto de conhecer várias pessoas de distintos géneros e orientações sexuais por circular no meio artístico, principalmente no teatral. 

O que me chamou mais a atenção foi a Keyla mandar um ator cisgénero sair do palco porque ele era um transfake, desrespeitava o palco - que é sagrado -logo a causa trans ocupando o lugar que estas deveriam estar. Aqui temos uma questão que eu entendo e sou totalmente solidária: as trans como todas as pessoas que não são cisgénero ou que são mas por motivos de cor, raça não existe por ser uma construção social, de classe social ou por serem mulheres, mães, mães solo a sua visibilidade muitas vezes está compromotedida, logo a sua existência. Sim no caso as trans, como toda gente, tem diretito ao acesso à saúde, educação, mercado de trabalho e à integridade física e moral. O que nem sempre é assim... Elas, as trans, devem ter espaço e condições para contar as suas narrativas e serem respeitadas e não terem que recorrer à prostituição que por vezes é o que resta por falta de acesso às oportunidades de trabalho por puro preconceito. No fundo todos nós queremjos ser respeitadxs. O respeito é uma negociação entre direitos e deveres de todas as partes.

Eu, como mulher, artista, mãe solo, cidadã quero ter a liberdade ( e luto por ela) de viver da forma que eu bem entender sem prejudicar xs outrxs e poder entrar em cena com as personagens que eu bem entender com base no estudo, na pesquisa dessas mesmas personagens que podem revelar muita coisa de mim e desconstruir ideias que eu tenha acerca de quem sou eu de que é isto ou aquilo. Porque não eu ir para cena encaranando uma trans que um dia foi um homem que não se sentia bem naquele corpo e encontrou no seu atual corpo a sua verdadeira essencia e liberdade de ser quem é? 

Ser ator ou atriz não será também nos colocarmos no lugar dxs outrxs abrindo horizontes para nos revelarmso para nós mesmxs e para o mundo? Desde que não caricature essas pessoas, reproduzindo estereótipos que as coloca no lugar de distância porque é que eu hei-de ser interrompida e censurada por estar em cena encarnando uma realidade que aparentemente não é a minha? E também sendo solidária à causa trans a partir da minha existência.

É lamentável que a Keyla esteja a sofrer de ameaças de morte, ataques xenofobos e transfóbicos pelo sucedido. Espero que ela encontre uma boa rede de apoio e proteção e que continue com a sua luta por visibilidade sem autoritarismo. Acredito que ela entenda percebendo pelo audio educado e com amorosidade que me enviou, só posso desejar a todxs nós: DITADURA E CENSURA NUNCA MAIS! VIVA A LIBERDADE E ABAIXO O PATRIARCADO, O NEO LIBERLISMOS E A MERITOCRACIA!

Isso é possível? Cada um que faça a sua a parte tomando consciência de quem é, do lugar que ocupa na sociedade e como se relaciona com a força da existência e do trabalho dos demais.

A Piu

Campinas SP 20/01/2023

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