sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

É P'RA RIR OU É P'RA CHORAR? - série: sorria! você está sendo imaginado!


Por acaso até nem acho piada nenhuma aquela das portuguesas terem bigode, porém trouxe essa piada para mim e este é um dos resultados. Acredito que eu não seja a única, nem tenho essa pretensão. Quanto mais formos a desconstruir esterótipos, escárnios e preconceitos mais ondulante o mundo se torna. Donde vem esse esterótipo? Primeiro: normalmente as mulheres com "bigode" ( penugem farta) são oriundas de contexto rural, independentemente da nacionalidade. Elas são italianas, russas, alemãs, portuguesas, espanholas, etc e etc. Será a alimentação aliada ao facto de em muitos casos não lhes ser permitido cuidarem delas mesmas? Eu conheci casos desses: o marido proibir a esposa de cortar o bigode... E ela, às escondidas, cortar com a faca das couves. É dum risivel constrangedor. As mulheres serem obrigadas a se embrutecer por ordem de terceiros. Mulher é para ficar em casa a cuidar o marido e dos filhos e não precisa de dar nas vistas nem ser objetop de desejo de terceiros. É assim e mais nada!

Para mim a expressão artística serve justamente para desconstruir o que está tão enraizado, nomeadamente a autonomia do nosso corpo e da nossa libido que somente a nós nos diz respeito. O que é viver no patriarcado senão uma série de imposições, distorções do masculino e do feminino onde a conquista de territórios, corpos, força de trabalho são o mote há milhares de anos aliado à competição e ao corpo e desejo objetificado. Precisamos juntes de refletir sobre isso e cada uma, ume, um que se descubra para si mesme, que se desnude das máscaras sociais e dos exibicionismos gratuitos que subscrevem o que já está aí, onde a competição e as comparações de quem é melhor ou pior, bem sucedido ou não, de mais gostosude ou não, com mais seguidores ou não.... Ufa! Que canseira. A mediocridade desvia-nos do essencial que é sermos nós mesmes e buscar xs nossxs parceirxs e desencanar, mesmo que seja dificil, de quem não nos dá a mão e não se solidariza com a nossa existência.

Deixo aqui este manifesto que deixei em comentários, nomeadamente do Jornal de  Noticias e da Keyla Brasil, enviando para a mesma no privado e para o actor André Patricio. Da Keyla recebi um audio educado falando da importância de eu me manifestar diante do ocorrido e desejando tudo de bom, do André recebi um joinha. Pronto, é isso. Para bom entendedor meia palavra basta, porque é recorrente observar quando alguém que lê algo não concorda porque abana com as suas certezas chamar a outra pessoa de confusa, diminui-la digamos. Já me aconteceu isso uma ou outra vez e já estou preparada. Não sou dona da verdade, mas atirar areia para os olhos não vale, muito menos diminuir. Valeu Keyla por responder educadamente, espero que a sua luta continue sem agredir trabalhadores da classe artistica e afins: 

" Há uma questão que está na ordem do dia, principalmente depois da invasão de bolsonaristas ao Planalto Central destruindo várias obras de arte. Esse ato de invasão e destruição, de desrespeito para com artistas e democracia hoje considero ainda mais fascista mesmo que a causa base seja pertinente e urgente ser olhada com ações de inclusão, no caso a LGBTQ+. O André não é um transfake É UM ACTOR. UM TRABALHADOR. Merece respeito. E nós como artistas temos o direito, a liberdade de encarnarmos quem quisermos e sermos tratadxs com respeito, dignidade. Existem trans autoritários e que se acham no direito de interromper um TRABALHO e mandar o ator sair(!!!??). Essa mesma trans talvez se fizesse isso aqui no Brasil, no país dela, sofresse graves riscos de vida. Ela tem o direito de se manifestar e ser incluída mas não desta forma que arrisco em dizer que é bolsonarista e ataca a classe artística que muito provavelmente nem conhece as suas lutas e sobrevivências. Como virou moda chique morar em Portugal muitxs brasileirxs nem se dão ao trabalho de saber e conhecer para onde vão e tentam atingir "o elo mais fraco". Aquele é somente um trabalho e a decisão de substituição é delicada, mas ao mesmo tempo humilde e corajosa embora seja questionável ser se subserviente a uma violência simbólica e autoritária desse teor. A comunidade LGBTQ+ que se una ainda mais e crie parcerias saudáveis com quem não é LGBTQ+. Não somos obrigadxs a ser humilhadxs principalmente quando somos solidários à causa. Bom senso e sensibilidade é transversal aos gêneros e exercita-se. A minha solidariedade para com o ACTOR, OPERÁRIO DA ARTE André. Patricio." 


A Piu

Campinas SP 27/01/2023

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