Pensei em entitular de: " AI NÃO ME DIGA! ELE HÁ COISAS LEVADAS DA BRECA - série: onde está @ Wally", mas depois voltei ao titulo inicial que além de curto e sucinto não é toda essa parafenália de expressões idiomáticas bem tugas. Já causos são histórias engraçadas e assustadoras de tradição oral que ao serem contadas com vivacidade provocam sensações diversas em quem escuta. Não sei se estes causos que a seguir relato, baseados em conversas que tive casualmente por essas ruas afora pelo facto de ser portuguesa, tenham graça. Cabe a vós outros adjetivar, se for o caso, ou simplesmente ouvir ou ler. Os nomes são ficticios mas as histórias não.
Mariluza depois de muito pensar decidiu largar o emprego como professora de inglês, vender tudo inclusivé a chácara ( quintinha) onde vivia para fazer as malas e " abram alas que lá vou eu" para a Portugal, a terra das oportunidades onde se ganha em euricos. Ainda tentou convencer a prima e o marido da mesma para fazerem o mesmo. Foi sozinha. Hoje mora em Almada ( súburbio de Lisboa), trabalha 10 horas por dia numa cafetaria, ganha o salário minimo, não come carne como tanto gostava de o fazer aos domingos na chácara e não tem dinheiro para voltar ao Brasil.
Claudia e o marido voltaram para São Paulo, teem um apartamento em Higienopolis e uma casa em Cotia. Claudia tem aposentadoria do Governo Federal. Moraram em Cascais, mas " Portugal é caro demais". A aposentadoria é de quatro mil euros, no Brasil é vinte mil reais. Moral da história: em Portugal ela vive bem, mas muito abaixo do padrão de mordomia e criadagem ao qual está habituada com o seu marido.
Gisele já tinha um salão de beleza no Brasil. Viu uma oportunidade de investir no seu negócio e morar na Europa!!! Vou para Portugal!, decidiu. Aliciou várias brasileiras a irem para Portugal para trabalharem para ela. Posto lá, os documentos destas era detidos por Gisela e as empregadas viviam e trabalhavam em cativeiro. Gisela foi descoberta e as autoridadse portuguesas detiveram-na e a deportaram.
Wesley é empresário em São Paulo. Vendeu tudo para montar um negócio de uber em Lisboa. Eram mais os gastos que o lucro. Voltou ao lugar de onde partiu.
Ricardo é um fotógrafo de Portoalegre. Foi para Portugal. Nem em casamentos conseguiu trabalhar, o confinamento entretanto chegou, trabalhou em redes de fast food e chegou a deambular pelas ruas. Conseguiu voltar.
Obs: é claro que existem histórias e experiências outras que não estas. Umas mais felizes e bem sucedidas, mas também hé que lembrar de não esquecer que a chamada de mão de obra brasileira tem a ver com não se querer pagar o justo aos trabalhadores que já lá se encontravam assim como não estreitar demasiado vínculos emporegaticios. Depois há as manobras de interesses. Há a chamada da classe média alta aposentada ou não para investir no país. Ou um estudante recebe uma bolsa vai e volta ou fica, porque mesmo assim santos da casa não fazem milagres. Os tugas que vão dar uma volta ao bilhar grande se levantarem muito a crista. Ainda há quem vá fazer o que muitos tugas não querem fazer porque acham que não é trabalho para eles ou porque estudaram para outra coisa. Há de tudo. A questão é sabermos porque tomamos decisões na nossa vida sem ser por modismo, ilusão do glamour ou do que seja. E lá está... Ter conhecimento de causa de onde se sai e para onde se vai e nunca esquecer da prática da solidariedade sem deslumbre nem complexo de inferioridade ou superioridade.
Até ao próximo texto que falarei sobre as resistências utópicas portuguesas no ano de 2010/2011.
A Piu
Braziuli, 01/09/2022
Sem comentários:
Enviar um comentário