segunda-feira, 5 de setembro de 2022

SERÁ QUE VAI CHOVER PICANHA? - Série: Onde está @ Wally?

É a Piu ou é @ Wally? Wally vestiu-se de Piu ou a Piu não se vestiu desta vez de Wally? E o que é que isso interessa para a vida de vós outr@s? Talvez nada ou alguma coisa a partir do momento que se dispõem a ler-me. A ler o que escrevo ou crio, vá. Assim sendo, desde já os meus sinceros gratinados pela predisposição, a disponibilidade.
Com tanto estímulo nesta era do excesso de informação e desinformação quem pára para prestar atenção a nós ou vice versa é a celebração do encontro. Sim, escrevo, atuo, crio, construo, dou forma e animo o inanimado para comunicar. Na adolescência cheguei a acreditar na possibilidade do niilismo. Puro equívoco e arrogância acharmos que podemos começar do nada aniquilando referências, o que foi feito antes de nós.
Há uns anos atrás, na hoje glamourosa Lisboa que na época era apenas Lisboa com os seus cosmopolitanismos provincianos, numa festa em minha casa levantou-se uma questão entre eu e uma parceira e amiga de trabalho, ambas atrizes palhaças, e outra amiga artista visual que tinha e ainda deve ter uma companhia de teatro que ganhava os editais quase todos e apresentava nas principais salas de Lisboa. Ela defendia que os espetáculos dela não eram para comunicar nada... " Como assim? - dizia eu eu essa minha amiga atriz palhaça- Tu convocas, convidas o público a sair de casa para assistir ao vosso trabalho com dinheiros públicos e vocês não querem comunicar nada? Não precisas de contar a história da carochinha que começa com Era uma vez... Mas eu como público quando assisto a alguma coisa ou aprecio uma obra de arte quero ser tocada, sentir que faço parte de algo maior que um devaneio artístico narcísico principalmente com dinheiro do contribuinte. Eu não quero fazer parte da panelinha dos eleitos que se aplaudem uns aos outros mesmo quando sabem que o que está diante deles é uma cagada. Se faço uma cagada artística agradeço que me avisem.
Com isto eu não faço a apologia do populismo: 'Aí vou vou dar o que as massas gostam e que entendem de primeira.' Não é isso. Trata-se de comunicar, de tocar. Eu crio para comunicar, tanto na escrita como na atuação e nas artes plásticas. Se faço uma cagadela qualquer e tod@s me aplaudem sem me questionar eu fico apreensiva.
O populismo é uma coisa lixada... Quando queremos muito que algo fique melhor ou menos mal podemos correr o risco de aceitar o inaceitável. Por exemplo: eu não sou eleitora no Brasil, vivo aqui há 10 anos, e quero muito mesmo que o Coiso ponha-se a andar, desapareça do panorama político. Mas bate no peito quando o Inácio Metalúrgico acena com o churrasco para ganhar eleitorado... Se ele acena-se com saúde, educação, cultura, arte, moradia de qualidade para todos ele perderia esse mesmo eleitorado? Já não falando que churrasco enxergado dessa forma significa agro negócio, desmatamento, genocídio indígena. Enfim... Porém espero que o seu eleitorado o avise disso...
Nesta foto no meu quintal debaixo duma amoreira um pombo bagunçou os ramos e caiu uma amora madura em cima da minha roupa e da minha testa. Desconcertei, principalmente por que a saia é branca e a blusa vermelha manchou... E pensei: Olha a ironia! Um pássaro não caga em cima de mim mas sacode um fruto vermelho maduro que mancha a minha roupa nova. O que isto significa? Qual a metáfora? Que universo onírico eu sou convidada a entrar?
Sim, nós para nos relacionarmos e nos entendermos com ética precisamos de compartilhar códigos de conduta transparente. Não disparar para todos os lados a ver quem gosta de nós e nos aceita e aplaude a tudo o que fazemos que seja aplaudivel ou não. A vida é um jogo. É ou não é? Tem as suas regras, que podem ser ou não flexíveis. Jogar com regras muito rígidas não é para mim, mas conhecer os códigos é importante. Até hoje, ao fim de anos , eu tento entender os códigos sociais no Brasil . Alguns já entendo, outros fico na dúvida. Chego a bloquear. E a dúvida pela dúvida das intenções não tem graça. O que tem graça é comunicarmos com transparência as nossas intenções para um bem comum.
Ah! Outra coisa! Será que os leitores brasileiros se interessam pelas lutas utópicas anti fascistas portuguesas? Se sim ou não essa uma das minhas intenções: desfazer preconceitos fajutos com a intenção de novas formas de nos aproximarmos sem códigos dissimulados. Com aquela verdade que vem do coração, honrando encontros maduros como a amora que me caiu em cima através dum pássaro que por ali esvoaçou.
A Piu
B'Olhão Geral Zen 05/09/2022




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