domingo, 11 de setembro de 2022

DOG SHAVE THE QUEEN



 

Há uma série de fotos, aliás slides, daquela ida em trabalho em 1981 a Londres do meu pai. "Ai! Ai! Ela é filha de gente importante! Gente muita rica! Tem um burro e uma penica!" Ou tem um burro e uma burrica ( como dizia a minha avó alentejanita). Apesar de tudo  prefiro " tem um burro e uma penica". Desde criança imaginei alguém ser importante porque tem um burro ( que nem sempre obedece às ordens) e a esposa do penico que se amantizou com a merda ( passo a expressão aos mais sensiveis).

Estamos em 1981, quando se dá o casamento da princesa Diana com o principe Carlos ( é que em em Portugal tudo ou quase tudo se pode traduzir. A rainha Elisabeth passa a ser a rainha Isabel e o Charles é o Carlinhos da amante que enlaçou a educadora de infância filha dum Lord).Mesmo a transmissão televisiva ter sido em horário vespertino para começar ( não é como é agora) devo dizer que foi uma estupada de casamento em direto com aquele véu de noiva a arrastar pela Catedral horas a fio. Eu tinha 7  anos e até hoje me lembro! Todos ovavam " Ai! Que lindo! Que casamento de sonho!" Coitada da Diana... Onde ela foi amarrar o seu bode. Uma mulher de carne e osso com senso de cidadania a ser encornada pelo Carlitos desde sempre e a ter que corresponder a todos aqueles protocolos da coroa britânica. Da anorexia à depressão, passando pela sua auto afirmação, foi um saltinho para fazerem-na desaparecer do mapa.

Primeiro que tudo: Qual a importância da existência e permanência duma coroa em Estados neo liberais e supostramente democráticos, a não ser manterem aas aparências da tradição e gastarem o dinheiro do contribuinte? Pergunto, perguntar não ofende ou sim? O que nos faz amar, idolatar ou odiar uma senhorinha que morre aos noventa e tantos anos cumplice ou sunjugada a uma lógica patriarcal cheia de protocolos e de amorosidades rreprimidas?

Em 1981 o povo inglês ainda tinha que aguentar a Dama de Ferro, a tal da Tatcher. Por isso esses encontros na via pública, como se vê na foto, para contestar. O que o povo britânico ganha ou é mais que os povos colonizados pela UK com tantas mazelas sociais de desemprego e assistencialismo que subscreve as hierarquias e poderes sociais ( pobre é para se manter pobre e contente com a esmolinha)?

A rainha da Inglaterra morreu como qualquer outro ser humano. Ponto. Sentimentos a quem lhe era próximo e nutria afeto familiar por ela. Agora coloca-la num pedestal ou mete-la no boeiro é pá... Yo que sei? Ela é uma mulher fruto duma lógica máscula/ patriarcal de poder e imperialismo, mas não deixa de ser uma mulher e um ser humano. Como cantava a banda punk britânica: DOG SHAVE THE QUEEN ( o cachorro barbeia a rainha) ao invés de GOD SAVE THE QUEEN ( Deus salva a rainha)

Que siga em paz, a simplesmente Elisabeth e "viva o dia quem já não precisas de reis nem gurus nem frases chaves nem divisas" ( Sérgio Godinho).

A Piu

B'Olhão Geral Zem 11/09/2022

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