Quem está vivo sempre se encontra! Espera aí... Não é bem assim... Quem se encontra é porque está vivo! Agora vai! Quem é para se encontrar em algum momento encontra-se. Agora é! Pessoal, galerada do bem, malta amiga! Neste desconfinamento só na cidade de São Paulo encontrei três pessoas que conheci nos on lines do confinamento, mas em espaço teatreiro!!! Já na cidade de Santos encontrei um outro no virar da esquina. Acreditem se quiserem que eu não estou aqui para enganar ninguém!!! Por vezes estamos tão pertinho de alguém, tipo: uns 5 km no máximo, deambulamos pelos mesmos lugares e não há aquele: PAH! OH MEÇA! QUEM LÁ VEM?
Existe a sincronicidade. Existe ou não existe. Para mim existe. Se quero muito encontrar alguém é vitória certa, pois há um movimento. Por vezes, ainda não é o momento certo por motivos que a razão desconhece mas a intuição aponta. Mas quando for o momento certo é aquele encontro fatal que o destino reservou.
Neste caso que agora compartilho foi o de ter feito algumas horas de viagem para assistir à minha querida amiga Rita Tomé e brindarmos à nossa amizade de trinta anos. TRINTA ANOS! Since 1992 no meu segundo curso de actores, sim actores porque foi em Portugal e era assim que se escrevia e que alguns ainda escrevem. Grande reencontro. Como se nos tivessemos visto ontem.
Aí na foto ela é a primeira da esquerda, a mais velha do elenco. Nem de propósito! A primeira da esquerda, visto daqui. Embora ela tenha a generosidade e a coragem de assumir que foi bisneta dum empresário fascista. Eu não a conheci nem a conheço assim. Sempre a conheci como comunista, daquelas que está na linha da frente a montar a festa do Avante e nunca fez das suas origens porta estandarte assim como a sua mãe e irmã que são igualmente comunistas. Mas por escolhas dramaturgicas do diretor do espetáculo de teatro documental ela não fala dessa parte. Resultado: passa pela bisnetinha priviligidada do bisavovô. O que não é nada disso. A esta altura do campeonato despolarizar os sujeitos históricos além de dialético é digno.
Depois da peça eu e mais alguns atores e atrizes do elenco viramos a noite em frente ao mar. É bom escutar sujeitos históricos, no caso portugueses, que fazem parte duma peça que fala dos seus bisavós, avós e pais que foram coniventes com o fascismo ou foram oposição e até resistência. Conheçi também a Ana que é uma atriz cujo pai foi preso político e durante a sua época da escola, em plena democracia nos anos 90, ela era estigmatizada por dar tal informação, até deixar de dar. Ela, aos olhos do público, é a filha do revolucionário, mas a mesma disse-me que tinha parentes do lado espanhol que eram apoiantes de Franco. Isso também não aparece no espetáculo o que humanizaria, tornaria verossimel as complexidades das relações sociais e familiares.
Quando a Rita informa que a seguir à Revolução dos Cravos os ânimos das pessoas, agitadas pelos ventos de liberdade, estavam exaltadas, o espectador ao meu lado faz ums interjecção gutural. Tive vontade de lhe segredar ao ouvido, que eu sendo neta e bisneta de camponeses e trabalhadores braçais explorados,concordo com ela e não faz dela uma faxixi. Sim, os ânimos das pessoas estavam exaltados e cometeram-se algumas injustiças, difamações, calúnias. Porque viver em Liberdade aprende-se e dá trabalho. Assim como viver em Democracia que está aliada à Liberdade. Um regime de liberdade autoritária soa um pouco estranho.
Por outro lado, para falar de fascismo português precisamos de falar de colonialismo. E ainda bem que são alguns de nós portugueses que o fazemos e não precisamos de brasileir@S branc@s que foram para Portugal na leva " O Brasil não tá dando mais!" e que vim a perceber que não sabiam nem sabem nada de nada da conjectura socio poliítica de Portugal nos últimos 50 anos. Criticam os portugueses de forma generalizada, cheia de clichés de discurso odioso, e ainda vivem em Portugal... Estão lixados comigo... Se são artivistas então informem-se porque existem artivistas portugueses com aquela bigodeira eriçada quando a sonsalheira não se toca e é polarizada.
Pronto, para todos os efeitos eu escrevo para os filhos do bem, que é diferente "de bem".'De bem' é aquela postura chique decadente. Já que o Imperialismo é decadente a polaridade também o é, assim como as lições de moral de priviligiad@s brasileir@s que desconhecem a luta dos trabalhadores portugueses. Pronto faça-se justiça social nesta terra e além mar.
A Piu
B'Olhão Geral Zoom 17/09/2022
Sem comentários:
Enviar um comentário