Na última cela do Memorial da Resistência encontra-se este cravo vermelho sobre um caixote. Antes de me sentar para escutar os depoimentos dos ex presos politicos fico profundamente comovida com esta visão deste cravo, que na minha terra é símbolo da liberdade. Este cravo simboliza a solidariedade como em Portugal, sendo que a história deste cravo remonta a 5 anos antes da revolução dos cravos. " No natal de 1969, Elza Lobo, militante da Ação Popular (AP), estava presa no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, o Deops/SP. Como sua família tinha ciência de sua prisão, eles conseguiram visitá-la no dia do Natal. Para celebrar a data com os companheiros de cela, Elza pediu para que seus familiares lhe trouxessem algo para comer. Eles levaram para ela um bolo e um ramo de cravos vermelhos. No retorno para a cela, Elza compartilhou o bolo entre seus companheiros e distribuiu um cravo para cada cela. A chegada no cravo naquela Natal, marcou os companheiros. Em relatos, os ex-presos políticos, relembram do cravo e afirmam que foi forte aquele momento: a possibilidade de ver a natureza novamente dava a eles esperança. Por esse episódio, o cravo se encontra na cela 4 do Memorial da Resistência simbolizando a esperança e a solidariedade entre os presos políticos, dois pilares essenciais da resistência!”.
Será que existem acasos ou por acaso o acaso são casos de sintonias outras que nem sempre são combinadas? Uma famíla em São Paulo leva cravos vermelhos para a filha em 1969, uma florista oferece cravos vermelhos em 1974 aos capitães de Abril. Pelo menos no " meu Portugal" o cravo vermelho não está necessariamente ligado aos comunistas e sim à liberdade e à queda dum regime autoritário e ao fim duma guerra. A liberdade quere-se p0ara tod@s, respirando democracia.
Ao longo da visita ao Memorial a pressão baixa. Uma espécie de tontura semelhante às que sinto quando vou a Salvador da Bahia. Mal estar esse que é algo que surge mesmo antes de escutar os depoimentos. Coisas que acontecem no corpo subtil.
Resumindo e concluindo: o bixo homem é capaz de criar as coisas mais belas assim como ser um bixo cruel e destrutivo e isso ultrapassa as ideologias e partidos. Dignidade e respeito pela vida já deveria ser algo que não se deveria sequer negociar. Por isso, ao invés de destruir monumentos e estátuas resignificar é não esquecer para não repetir.
A Piu 15/08/2022
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