Desde os tempos mais remotos existe aquela história que um irmão tirou a vida a outro irmão. Tipo Abel e Caim, sendo que essa história quando foi escrita já existia na oralidade. No tal do boca a boca. Agora imaginem as voltas e reviravoltas que essa história não terá tido até ter sido escrita!? Atravessou rios, montanhas, florestas, mares, savanas, saltou por cima de pirâmides e até chegou ao lá do lá do lá. E isto, pessoal, malta, galerada, há milhares e milhares de anos!
Porque um homem quer matar outro irmão se quando o pode amar incondicionalmente, mesmo quando este não acerta no alvo da amorosidade? Porque um irmão haverá de disputar com outro irmão e serem rivais? Olhem só, pessoal, galerada, malta isto não é um discurso de irmandade universal tipo: " sigam-me que eu tenho o mapa do caminho da luz!" Nãããã! Cada ume terá de iluminar as suas próprias sombras e eu tenho tantas que quem sou eu para pregar aos peixinhos tipo do estilo: Amai-vos uns aos outres e que a tristeza nem a raiva não é politicamente correto nem está contemplado no sagrado feminino da mulherada bem nutrida e que pode realizar os seus sonhos sem sobressaltos nem terceiros para criar e nutrir?!?! Essas assustam-se com um uivo, mesmo que leiam: " Mulheres que correm com os lobos". Principalmente quando uivo vem duma mãe.
Para mim alguém especial é quem ama incondicionalmente um mano, uma mana, une mane mesmo quando agem duma forma que nós não concordamos ou não entendemos temporariamente. Mas amar alguém incondicionalmente é tentar entender e quando não entendemos respiramos fundo até conseguir entender. Quando respiramos fundo e tomamos isso como prática olhamos as nossas sombras e logo já não julgamos os outros
( adoro: " e logo já não" ! VIVA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DE ORALIDADE E ESCRITA !!!) , porque entendemos o quanto estávamos ou estamos confusos e que há muito trabalho a fazer, tranquilizar a nossa respiração e coração é uma tarefa para a vida inteira. O auto conhecimento não será a nossa missão de vida que atravessa o planeta há milhares e milhares de anos?
O que é uma guerra? O que é uma disputa? Uma rivalidade? EGO! OR-GU-LHO. GA-NÂN-CIA. CE-GUEI-RA. A disputa de território e recursos naturais penso que é a das disputas mais antigas que criam conflitos e guerras, assim como disputas de mulheres, moeda de troca, quando as sociedades se tornaram patriarcais. Esse atores sociais já se questionaram que as mulheres têm vida e vontade própria? Já lhes perguntaram o que elas querem e escolhem? Uma pergunta para quem ainda acredita na democracia, na reverência à Pachamama. Uma democracia machista e misógina não é democracia e sim faxixi...
Um território expulsa as pessoas quando estas não a respeitam, quem não estará atento a esses sinais de cair fora pode sofrer tragédias até. EU TENHO ESTA TEORIA !!! Quem não trata a mãe terra nem o corpo , alma e espírito da mulher, enquanto feminino que gera vida e a usa e abusa e compra e vende está fadado ao infortúnio. Tá bom! Podem achar que é viagem. Mas fica a reflexão às dezanove e vinte e nove de dois mil e vinte no recolhimento da pandemia planetária. Fica esta teoria para refletir.
Aqui deixo um poema dum poeta português branco que esteve do lado do lado de cá onde estamos todes juntes porque nos queremos bem uns aos outres e nos ajudamos a levantar quando quase ou até mesmo sucumbimos.
VITÓRIA AOS ABRAÇOS DE IRMÃOS COM AS SUAS PULSAÇÃOS NOS SEUS CORAÇÃOS! Desertemos da guerra, da disputa da rivalidade, rumo às florestas, oásis, rios e mares límpidos, despoluídos!
A Piu
Campinas SP Brasil 26/06/2020
“Canto do Desertor” (Luís Cília)
Oh mar… oh mar…
Que beijas a terra,
Vai dizer à minha mãe
Que não vou p`rá guerra.
Diz, oh mar, à minha mãe,
Que matar não me apraz
No fundo quem vai à guerra
É aquele que a não faz.
Vou cantar a Liberdade,
Para a minha Pátria amada,
E para a Mãe negra e triste
Que vive acorrentada.
Mas a voz do nosso povo,
No dia do julgamento,
Te dirá a ti, oh mar.
E dirá de vento a vento,
Quem são os traidores,
Se é quem nos rouba o pão
Ou se nós os desertores
Que à guerra dizemos «Não».
Luis Cília, natural de Angola, mas a viver em Lisboa desde os 16 anos, torna-se o primeiro cantor de intervenção, no exílio, depois de se refugiar em Paris, em Abril de 1964, desertor do exército português.
Cília escreve a primeira canção declaradamente contra a guerra colonial. Grava-a, nesse ano de 1964, no álbum Portugal-Angola- Chants de Lutte. Chama-se Canto do Desertor.
Como é óbvio, não se ouvia em Portugal, a não ser em reuniões clandestinas ou em convívios universitários
No mesmo álbum, em que interpreta canções com letras de alguns poetas portugueses, como Manuel Alegre, José Gomes Ferreira ou Rui Namorado, Luís Cília canta outro poema contra a guerra, escrito pelo açoriano Jonas Negalha.