segunda-feira, 26 de agosto de 2019

NÃO AMARGURAR É UM ATO DE RE EXISTÊNCIA PARA CONTINUAR O CAMINHO QUE OUTROS TÊM ABERTO


Estes dias uma amiga postou esta foto da Branca de Neve a dar uma tortada na cara do príncipe encantado. Essa amiga colocava a seguinte frase: " Saber ouvir NÃO. Bom dia "
Depois desse poste comecei a rever os mais célebres contos de fadas em que a menina e moça em idade casadoira adormece, por inveja da bruxa má. Ou seja as bruxas são inimigas das donzelas, mas há sempre um galã da realeza em idade casadoira para beijar afincadamente a doce, suave vitima duma do seu gênero, mas só que não porque é feia e má, e assim salvá-la e casar-se com a mesma para viverem felizes para sempre.
Mas neste caso, a Branca das neves da floresta negra e outras florestas adjacentes não está nem aí. Esta provavelmente quer despertar com as sacerdotisas, as feitiçarias dos chás e das ervas que resgatam o sagrado feminino e lembram à Humanidade que só com esse resgate há muito esquecido podemos salvar as florestas, mares, oceanos. Porque reverenciar o sagrado feminino e masculino é um despertar para a Vida com doçura, mas sem docilidade. Isto é, com firmeza e acolhimento mas sem nos subjugarmos à cafonice e assim amargurarmos. Não amargurarmos diante de tanta cafonice, que contempla mentira, cobardia, manipulação, difamação e outras coisas tóxicas. Não amargurar é um ato de re existência! Assim sendo aproveitamos para homenagear a escritora, roteirista, apresentadora, atriz e feminista Fernanda Young ( 01/05/1970- 25/08/2019) com a sua última coluna .
A Piu
Br, 26/08/2019
Bando de cafonas
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. Não exatamente nas roupas que vestimos ou nas músicas que escutamos — a pessoa quer falar do mau gosto existencial. Do que há de cafona na vulgaridade das palavras, na deselegância pública, na ignorância por opção, na mentira como tática, no atraso das ideias.
O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo e esfrega sua tosquice na cara dos outros. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas.
O cafona manda cimentar o quintal e ladrilhar o jardim. Quer todo mundo igual, cantando o hino. Gosta de frases de efeito e piadas de bicha. Chuta o cachorro, chicoteia o cavalo e mata passarinho. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. É rude na língua e flatulento por todos os seus orifícios. Recorre à religião para ser hipócrita e à brutalidade para ser respeitado.
A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Segura de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara.
Fernanda Young
Em sua última coluna Fernanda Young setencia: " A cafonice detesta a arte".
O mau gosto existencial do Brasil é o tema do texto que O GLOBO publica esta segunda-feira da escritora que morreu no domingo
O Globo
25/08/2019 - 16:53 / Atualizado em 26/08/2019


 Fernanda Young, uma jovem branca de neve de coração tropical.

Ploft! Eu sou de carne e osso e NÃO o teu fetiche para as hora vagas!

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