terça-feira, 9 de janeiro de 2018

NONA NOITE: CHORO COMOVIDO

Cruzaram-se por mero acaso na rua. Mas existem acasos ou meros acasos? Pah! Ali ficaram olhando-se olhos nos olhos. Primeiro foi aquele  vacilo. Fico? Não fico?  Bem... Bora lá. Por acaso. Bom.... Quase por acaso. Cada um vinha a roer uma cebola. Vai-se lá saber porquê... Para ficar com um hálito à maneira para que não seja qualquer um ou qualquer uma entrar nessa aventura do beijo. Nem se quer dum abraço. Mas um deles logo disse: " Eu como cebolas para esparantalhar maus espíritos. Esses que acham que chegam para ficarem. Devem ter  a mania. "
Pronto. Logo ali começaram a rir até às lágrimas.

Olharam-se. Observaram-se. Sentiram-se à distância. Sim, vai que a energia está meio difusa!... Entraram em sintonia no respirar. Mergulharam na menina dos olhos um do outro e comoveram-se. A simplicidade e a empatia é comovente. Um mundo. Um universo cósmico. Gósmico não. Que a gosma é muito chata e faz mal ao garganiço. Sorriram docemente. Sim, que doçura não é sinónimo de submissão e sim de cumplicidade!

Aos poucos as mãos que seguravam as cebolas foram relaxando e estas caíram por terra, abrindo-se em leque. Deixando à vista as várias camadas que as constituem. Era exatamente o que acontecia ao se olharem demoradamente. As camadas iam caindo. De mãos livres tocaram delicadamente nas pontas dos dedos como se nas impressões digitais viesse escrito: gentileza gera gentileza. Depois aproximaram-se mais e num abraço sentiram o batimento do coração do outro. E assim ficaram comovidos de alma lavada. Sim, que chorar lava a alma seja quando nos rimos muito, seja quando é para deixar ir o que é para ir porque pesa. Somente leves podemos ser livres e voar individualmente, em dupla e até mesmo em bando. Depois deram as mãos e correram até levantar voo a perder de vista. Sem limites. Pelo menos é o que contam. Quanto ao beijo? Ninguém estava lá para testemunhar! Vai saber! ;)

A Piu
Br, 09/01/2018

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