Reza a lenda que duas mulheres- em algumas versões duas prostitutas- chegaram diante do rei Salomão alegando serem mães dum mesmo bebé. Ora como o rei Salomão era muito, mas muito perspicaz e tinha uma sensibilidade ancestral da mãe terra e do amor incondicional, diz então assim:
" Minhas amigas!... ( fez uma pausa para pousar o olhar nas montanhas que desenhavam o horizonte dando um gole na sua shuepz) vamos fazer aqui uma coisa já que vocês estão para aí a se empurrarem uma à outra, aos puxões de cabelo e a criaturinha não pára de chorar. E olhem que eu tenho a fama que tenho todas as virtudes do mundo, mas fico neurótico com os decibéis do choro duma criança!!! Proponho que cortemos a criança ao meio e cada uma leve para casa a sua parte." Uma delas ficou radiante com a ideia. Já a outra caiu em prantos dizendo que preferia ficar sem menino a este ser cortado ao meio. Vai daí, o rei Salomão que era esperto que nem um rato da cidade diz assim: " ' Prontes'! Dito e feito! A mãe verdadeira é a que caiu em prantos."
Há uns dias atrás alguém dizia-me em conversa que só disputam aqueles que não tem direito sobre. O que é nosso a nós nos pertence. Não precisamos de disputar. Eu ainda acrescento um ensinamento da minha avó: " Devolve o que não te pertence". Olhem que eu nestes dias que escorrem como água num rio percebi que esse ensinamento serve para tudo, não só para coisas materiais. Obrigada avó!
Ora vejamos a palavra 'disputa'. Separemos a primeira silaba da restante palavra. Ah! Já tá lá em cima no titulo!
Há também uns dias atrás tive o prazer de assistir ao vivo à palestrante Leila Navarro. Ela dizia a determinada altura que não é produtivo para o nosso crescimento pessoal e auto confiança compararmos-nos, criticar, fazer juízos de valores. Sim, comparar não dá com nada. Cada um(a) de nós tem um propósito ou vários nesta passagem pelo planeta terra. Temos o nosso valor e é absurdo desvalorizar @ outr@ para nos valorizarmos ou desvalorizarmos-nos e ter inveja d@ outr@. Já o criticar tenho algumas dúvidas. Muitas vezes temos atitudes, comportamentos criticáveis. A questão é se essas criticas são ou não construtivas. Em relação ao juízos de valores também é delicado; mexe com uma serie de valores que trazemos muitas vezes desde a mais tenra idade como herança geracional.
Voltemos às mulheres da história que em algumas versões são prostitutas. Porque ser prostituta é tão polémico na nossa e em muitas sociedades? Talvez porque toque em questões mal resolvidas, em fantasias desigualitarias onde alguém subjuga alguém ou se auto subjuga. Embora eu já tenha conhecido histórias de mulheres que diziam que gostavam de ser prostitutas. Agora pergunto, sem juízos de valor: onde começa a ninfomania e acaba na prostituição? A que riscos e humilhações uma mulher que diz que gosta de ser prostitua se sujeita ou não? Talvez se saiba defender por sua conta e risco.
Outro dia vi um post onde a pessoa anunciava o seu trabalho, que à partida nada tem a ver com prostituição. Mas acima da imagem comentava que ela parecia mais uma garota de programa, mas até nem era nada disso. Ora pergunto, sem criticar muito menos sem juízos de valor: esse comentário significa o quê? Quer atiçar a curiosidade, as fantasias sexuais de alguns ou algumas? Quer se justificar a sua inocência diante da ousadia da sua atitude corporal mais a sua indumentária? Fica a pergunta retórica. A liberdade é algo precioso e penso que a mesma tem a ver com o lugar que nós conscientemente nos colocamos. Por vezes, as mulheres principalmente, talvez alguns homens colocam-se num lugar de subjugação porque disputam algo. Seja visibilidade, aceitação, prestigio. O que for. Mas o meu ponto de vista é urgente todas e todos nós despertarmos para novos paradigmas, novos padrões de relacionamento com a nossa essência. Sem (auto) subjugações.
A Piu
Br, 18/08/2017
E o bebé olha como quem diz: Os adultos são uma raça 'muita' estranha. Parece que não sabem o que significa liberdade. Até os meus cabelos ficam em pé, mal nasço! Lá terei de lhes explicar que terão de voltar à sua criança livre.
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