quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A LONGA CAMINHADA PARA A SUPERAÇÃO DA MENTALIDADE SUBURBANA


Numa das biografias dos " The Beatles", John Lennon diz que quando conheceu e se apaixonou por Yoko Ono e se despedia dela era como se voltasse para o seu subúrbio mental. Uau!Que honestidade em se dar conta disso para ele mesmo e que humildade em assumir isso publicamente! Um pop star reconhecidissimo, embora casado e cheio de fãs à sua volta, reconhecer que ama diante de alguém que o desafia, logo o estimula. Uma grande coragem para amar. Sim, é preciso termos coragem para amarmos. Reconhecermos-nos a nós mesm@s, as nossa virtudes e limitações,e por sequência @ @utra é um profundo exercício de auto conhecimento e vontade de auto superação. Amamos quando nos sentimos estimulados. Não? Sim?

Viver numa grande cidade, como Londres, Tokyo, Nova York, São Paulo, Paris, Berlim e viajar  o mundo inteiro não nos livra de deixarmos de ter uma mentalidade suburbana, partindo do principio que essa mesma mentalidade fixa-se em certas e determinadas crenças e referências sem conseguir vislumbrar  que o horizonte é imenso.

Somos curiosos quando sentimos curiosidade. Redundância. Somos interessantes quando nos interessamos. Outra redundância que é sempre bom lembrarmos-nos.

Nesta capa deste livro o Lennon aparece nuzinho, como foi colocado no mundo, em posição fetal a beijar a Yoko, que está toda vestida. Para mim não é uma capa pornográfica, tampouco erótica. É uma capa de renascimento em que o amor está presente. Não sei o que as fãs pensarão. Talvez, algumas gostariam de estarem no lugar dela. Mas agora pergunto-me: alguém que assume a sua suburbanidade mental diante duma amante , o que viria em alguém que se coloca no lugar de fã, logo de baixo para cima? Já não falando dos guinchinhos e dos desmaios. E do " Ai leva-me nem que seja só por um instante!" Não tem problema nenhum os instantes, mas é volátil. Sei lá. Um autografo carnal e pouco mais.

Segundo a biografia que eu li do grupo, os outros ficaram desconfortáveis com esse caso amoroso que era mais que um caso. Era Amor. Esse desconforto tinha a ver com o facto de terem medo que o John Lennon deixasse de amar o seu grupo para amar unicamente a Yoko Ono. Pois é... E o que é o amor?... Quais as suas trajectórias e nuances? Na mesma biografia descrevem que ele quebrou a regra do grupo ao se apaixonar primeiro que a mulher. Olha que interessante!

Há uns anos atrás havia uma revista feminista portuguesa "Mulheres" que certa vez  alertava para o facto da midia em várias ocasiões falar da Yoko Ono como a mulher do Lennon e não como sendo a Yoko Ono. Sendo que esta já era uma artista conceituada internacionalmente antes de conhecer o beatle. Na época eu achei um pouco exagerado essa revista ver machismo nisso. Hoje, cada vez mais, compreendo esse posicionamento. Enfim, ainda há muito emancipação em curso.

Obs: matéria curta e interessante sobre o tema: http://blogs.jornaldaparaiba.com.br/silvioosias/2017/02/18/o-lennon-que-o-mundo-conhece-deve-muito-yoko-ono/

Ana Piu
Brasil, 17/08/2017

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