sábado, 21 de janeiro de 2017

MOONDOG- UM MORADOR DE RUA GENIAL (série: sob a lua o cão

Há relativamente pouco tempo conheci o Moondog, numa daqueles encontros de you tube por associação de referências. Viva o you tube! Estou “vidrada” no trabalho deste senhor. Tenho alguma dificuldade em qualificar algo de genial ou alguém de génio. Principalmente quando passei por uma escola de teatro em Paris com renome internacional onde no primeiro ano da escola os alunos rotulavam os colegas ou as suas ideias de “C’est genial!” ( É genial!) ou nem escutavam. Uma surdez que talvez marcasse aqueles idos anos 90, em que a escola adquirira um estatuto de 40 anos, que é próprio das instituições renomeadas em qualquer parte do mundo, acrescido ao neo liberalismo galopar Europa afora; em que uns são geniais e outros nem têm direito a serem escutados.

Moondog, Louis Thomas Hardin
, nasceu nos EUA em 1916 no meio rural. Três anos depois de um dos meus avôs. O avô Mário. Mas em Portugal não se encontrava Nova York. Aos 16 anos Moondog ficou cego, depois de um acidente com dinamite. Mais tarde foi para NY e durante 20 anos morou na rua, vendendo partituras da sua autoria e tocando com instrumentos feitos artesanalmente por ele. Depois foi realmente conhecido e foi para a Europa até morrer em 1999. Dá para imaginar alguém viver na rua com ou sem este potencial? Dá para imaginar alguém viver na rua durante os invernos de NY? Outro dia alguém falava dos malabaristas de semáforo como vagabundos drogados. Se quem o disse ler isto fica o recado dado publicamente: Mais vale trabalhar que roubar. E eu, pessoalmente, conheço muitos estudantes universitários e ótimos malabaristas que estão no semáforo e não são drogados. Quanto a mim falta-me a coragem de ir para o semáforo, mas vou para a praça, para o largo, para a favela. Tenho dificuldade de passar o chapéu, tenho de aprender a pedir dinheiro pelo meu trabalho pois o dinheiro faz falta; embora prefira outro sistema como a troca de saberes e fazeres. Mas estar na rua não tira o mérito da pessoa. Pelo contrário, torna-a grandiosa. Democrática. Forte na sua vulnerabilidade. Vulnerável na sua força.

A Piu
BR. 21.01.2017

Viver de moedinhas não tira o valor ao artista

Odin, o deus Viking
A música encanta-

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