Há relativamente pouco tempo conheci o Moondog, numa
daqueles encontros de you tube por associação de referências. Viva o you tube!
Estou “vidrada” no trabalho deste senhor. Tenho alguma dificuldade em
qualificar algo de genial ou alguém de génio. Principalmente quando passei por
uma escola de teatro em Paris com renome internacional onde no primeiro ano da
escola os alunos rotulavam os colegas ou as suas ideias de “C’est genial!” ( É
genial!) ou nem escutavam. Uma surdez que talvez marcasse aqueles idos anos 90,
em que a escola adquirira um estatuto de 40 anos, que é próprio das
instituições renomeadas em qualquer parte do mundo, acrescido ao neo liberalismo
galopar Europa afora; em que uns são geniais e outros nem têm direito a serem
escutados.
Moondog, Louis Thomas Hardin
, nasceu nos EUA em 1916 no meio rural. Três
anos depois de um dos meus avôs. O avô Mário. Mas em Portugal não se encontrava
Nova York. Aos 16 anos Moondog ficou cego, depois de um acidente com dinamite.
Mais tarde foi para NY e durante 20 anos morou na rua, vendendo partituras da
sua autoria e tocando com instrumentos feitos artesanalmente por ele. Depois
foi realmente conhecido e foi para a Europa até morrer em 1999. Dá para
imaginar alguém viver na rua com ou sem este potencial? Dá para imaginar alguém
viver na rua durante os invernos de NY? Outro dia alguém falava dos
malabaristas de semáforo como vagabundos drogados. Se quem o disse ler isto
fica o recado dado publicamente: Mais vale trabalhar que roubar. E eu, pessoalmente,
conheço muitos estudantes universitários e ótimos malabaristas que estão no
semáforo e não são drogados. Quanto a mim falta-me a coragem de ir para o
semáforo, mas vou para a praça, para o largo, para a favela. Tenho dificuldade de
passar o chapéu, tenho de aprender a pedir dinheiro pelo meu trabalho pois o
dinheiro faz falta; embora prefira outro sistema como a troca de saberes e fazeres.
Mas estar na rua não tira o mérito da pessoa. Pelo contrário, torna-a
grandiosa. Democrática. Forte na sua vulnerabilidade. Vulnerável na sua força.
A Piu
BR. 21.01.2017
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Viver de moedinhas não tira o valor ao artista |
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Odin, o deus Viking |
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