quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

UMA COMOVENTE QUADRA DEDICADA HÁ FADINHO DUM LADRÃO pelo poeta alentejano Domingos António Casa Branca



MOTE: há fadinho dum ladrão 4X
I Aos 16 anos de idade
eu comecei a namorar
comecei nas moças a apalpar
e dando-lhe beijos à vontade
fui gozando a mocidade
aproveitava o bom da ocasião
se elas estavam de maré então
dava-lhes logo duas ou três
isso aconteceu-me muita vez
há fadinho dum ladrão
II
Dos 18 em diante
eu tinha namoradas quanto queria
por estar governado em dia
tinha sempre uma sobrecelente
eu até pulava de contente
cheio de muita presunção
porque elas formavam um batalhão
umas magras e outras gordas
eu era o chefe delas todas
há fadinho dum ladrão
III
Mesmo depois de ter casado
dava por fora o meu saltinho
porque elas amavam-me com carinho
e não me deixavam por desperdiçado
eu era por algumas aproveitado
minhas queridas de coração
às vezes cheias de comichão
e de boa vontade fazia-lhe o gosto
abracava-as beijando-lhes o rosto
há fadinho dum ladrão
IV
Eu fui cravo de primavera
fui flor que já deu cheiro
eu fui amado em solteiro
hoje vejo quem me desespera
já nenhuma faz por mim espera
eu vivo com esta paixão
porque todas me dizem que não
que pouca sorte é a minha
já perdi toda a gracinha
há fadinho dum ladrão
grata à Julieta Aurora Santos por este belíssimo presente aquando da minha visita a penúltima vez a Portugal. Aliás! Ao Alentejo!


Grete Stern, Los suenos de ideales frustrados (1950)

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