quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

AS AVENTURAS DE VESVOLD MAIKOVICH

Levaram alguns dias para chegarem à Sibéria. Desconheciam, talvez, que na Sibéria não existem crianças. Porém, ao encararem o primeiro humano viram no fundo do seu olhar uma criança radiante de se encarar com o mítico pai, o do Natal, o Noel. Na Sibéria estava em trabalhos forçados, porque na brincadeira dissera que o otimismo era o ópio do povo e que ele era otimista porque acreditava no Natal. O traidor do povo que se queria igualitário! Resultado: o seu humor levou-o para a Sibéria.
Hoje vive no Pantanal, terra dos latifundiários, clandestinamente levando alguns conhecimentos sobre reforma agrária. Vesvold Maikovich certa vez levantou-se da mesa, deixando uma capirinha com vodka por mais da metade quando uma professora de pedagogia alternativa para a cidadania falou que a ditadura militar brasileira só afectou um grupo restrito de intelectuais e académicos. Brincadeira de mau gosto, pensou. Depois levantou-se em busca de ar fresco tropical e com muita preguiça para explicar a essa professora o que era a Sibéria.
Ana Piu
Brasil, 25.12.2015

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