sexta-feira, 5 de julho de 2013

ERA DO NÉON

Passamos o tempo em fantástica tagarelice. Tagarelamos que tagarelamos. Tagarelamos embutindo o espaço, o vazio de ruído que consideramos pensamentos, informações importantissimas ao bom andamento do viver. Falamos do que comemos ontem, do que não vamos comer hoje, do que vamos comer amanhã. Falamos da vizinha que não é igual a nós, falamos que tudo vai mal, falamos de tudo e de nada. Paroles, paroles. Entontecidos andamos de tantas imagens, de tantas ideias loucas e ocas. Medrosos de escutar o silêncio dizemos banalidades, somos vulgares uns com os outros achando que nessa vulgaridade somos frontais. Esquecemos-nos de nos escutar, de nos tocar. E corremos atrás de uma felicidade, fugindo nós. Não nos permitimos encontrar. Temos medo de nos perder. Não nos permitermos ser, nem estar. Enchemo nos de ruído sonoro, visual para não nos sentirmos sós porque a solidão nos assusta.. Assusta tanto que receamos ir ao encontro do outro, porque prefirimos não desiludir, preferimos não mostrar as nossas faltas de cabimento, preferimos não decepcionar para que as expectativas não se desvaneçam. Com medo da solidão, vivemos sós, cheios de gente, coisas e mais coisa à nossa volta. Daí vai que fala, que diz que conta que... que... que... qu... q..
Inês d'Éspiney
nos cansamos de nós mesmo, mas há que manter a onda. Vivemos na era do neon, do bom e do mau tom e de muito som que umas vezes é bom, outras ruído. Um dia descobrimos que não sabemos respirar. Das duas uma: ou paramos e nos redescobrimos ou continuamos ofegantes e tagarelantes, um tanto impectantes. E?... E então?

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