quinta-feira, 7 de abril de 2022

ALÔ! TÁ LÁ! QUEM FALA?




Era assim que eu atendia o telefone, na época do fixo nos idos anos 70, 80 até meados dos 90. Em Portugal o telefone foi-se democratizando ao longo doa nos 70, enquanto no Brasil ainda era luxo. No Brasil, qualquer coisinha pode virar produto diferenciado gourmet, nomedamente as práticas meditativas e terapias alternativas. Ter sanemeanto básico, também, para muitos ainda é luxo. Enfim.
Aqui estou eu no ano da graça do senhor de 2002, quando a moeda nacional ( escudo) passou a ser a europeia euro e tudo subiu para o dobro, menos os salários e cachês. De telemóvel/ celular em punho ainda sem todas essas coisas quer há agora. Simplesmente um telefone de chamadas e sms.
Aqui estou numa daquelas tentativas de fazer um book para agências de cinema, publicidade e tv. Dá para ver a partir do descabelo que eu tenho todo o perfil para bookes, castings, carinha laroca da tv e assim. Sou 'memo' é teatreira, pá. Ainda fui protagonista a solo em três spots publicitários e um com o Pedro Alpiarça, em memória. Na época em que os publicitários televisivos apreciavam o humor absurdo a la Monthy Python. Não fiquei " muitaaa' rica com esses trabalhos. Na verdade não era assim tão bem pago - dava para pagar uns três alugueis de casa e olha lá!- apesar de me dar um enorme prazer.
Na verdade o que eu curtia era fazer cinema. Participei sim dos exercicios do conservatório de cinema do meu amigo de adolescência, colega de escola e de grupo de teatro, o realizador luso brasileiro ' conceituadamente conceptual' Sandro Aguilar que também é conhecido no meio cinematográfico brasileiro. De resto, parece-me que terei de fazer os meus roteiros e realizar o meu cinema grunge para adentrar como atriz no cinema.
Ontem assisti a um belissimo filme brasileiro: " Guerra de algodão" de Cláudio Marques e Marília Hughes. Olhem estes diálogos profundamentos belos, elucidativos e emancipatórios:
Dora ( neta) : " Eu não sabia que eu tinha uma avó atriz."
Maria ( avó)" Na minha época não era simples uma mulher fazer as coisas que eu fazia."
Excerto dum artigo jornalistico de Maria nos anos 60 ou 70: " (...) a verdade é que as palavras duma mulher que não escreve sobre comida ou sobre cuidados com a casa com as crianças continuam agressivas"
Quem nunca passou por uma outra situação de ser questionada pelo oficio, seja criativo ou não, que realiza e pelo poder da sua escrita que eventualmente pode incomodar " os mais sensíveis", " acomodados" e " coniventes com o estabelicido, nomeadamente as violências óbvias e/ou simbólicas?
Esta foto tirei em Lisboa. Há coisa dumas semanas, principalmente quando viajo de aplicativo, já não me perguntam porque estou no Brasil visto " todo o mundo estar indo para Portugal". Ufa! Respiro de alívio! Chega uma hora que responder a clichés e comportamentos em manada sem questionamento também dá aquela canseira, cansada, aquela preguiçeira. E a pessoa não é para andar cansada nem com lanzeira e sim de bem com a vida e ter diálogos e encontros férteis assim como silêncios luminosos.
A Piu
Br. 07/04/2022

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