quinta-feira, 5 de maio de 2016

NÃO NOS DEIXARMOS INTIMIDAR PELAS DESQUALIFICAÇÕES, porque estas são só pedrinhas no sapato, e os nossos pés que caminham são muito maiores*



Afirma Susan Sontag que:" a tradição de considerar os homens como criadores e curadores de seus próprios destinos e as mulheres como objetos das emoções e fantasias masculinas ainda permanece intacta, profundamente enraizada na linguagem, nos agrupamentos sociais, nos costumes familiares". Nós mulheres estamos longe de ter adquirido uma identidade autônoma. Ainda nos definimos a partir do olhar do homem. Deixar de fazê-lo é ainda um desafio, uma vez que não existem referências genuínas do que é ser mulher em direito próprio. Somos desafiadas a criá-las a partir do nosso âmago. A complexidade do mundo interno das mulheres, e sua capacidade de expressá-lo de forma ativa no mundo, é uma riqueza que precisamos de valorizar. Para isto, é importante não nos deixarmos intimidar por desqualificações. Ser complexa não é a mesma coisa que ser complicada. Somos complexas porque somos cheias de reentrâncias que escapam ao olhar do outro e, muitas vezes, ao nosso próprio. Esta complexidade, ao mesmo tempo que atrai a curiosidade e fascina, também desperta temor e leva à desqualificação, por desafiar o enquadramento em categorias conhecidas e reconhecíveis.
Koss, Monika von "Feminino + Masculino uma nova coreografia para a eterna dança das polaridades" Coleção ensaios Transversais, São Paulo, 2004.
 * O titulo é de minha autoria- Ana Piu

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