quarta-feira, 25 de maio de 2016

ANITA JÁ NÃO CALÇA BOTAS ORTOPÉDICAS COM MEIA BRANCA DE RENDA EM PLENO VERÃO



Ter professores de direita não é nada instigante. Ser de direita ou até mesmo de esquerda é uma lógica que não tem propriamente a ver com partidos e fações. São lógicas. No cerne da questão de ser de direita, no meu ponto de vista segundo o empirismo da situação, é a incapacidade de olhar para o que rodeia com amplitude, fixando olhar na rigidez de que há uns que são capazes, outros que não e que a vida e as oportunidades não foram feitas para todos. Isso é seguir uma lógica de direita, acrescido ao facto da visão estreita de que a poesia é só para ser escutada nos saraus das tias avós ao domingo à tarde, entre um cházinho de erva doce e um echarpe com cheiro de naftalina e uma eau de toilete da Avon.

Há professores com uma lógica de direita que circulam nas escolas públicas, assim como há professores de esquerda que transitam pelas escolas privadas. Embora eu não seja adepta das relações hierárquicas, uma boa direção e coordenação institucional faz toda a diferença. A equipe pode ser excelente, mas se a coordenação for falha e não valorizar a equipe num todo os seus integrantes no particular... Chapéu... Finito. Os professores e outros funcionários vão para o seu posto de trabalho insatisfeitos, contrariados, desmotivados. Uma equipe pode ser mediana com algumas fragilidades mas nada que uma boa coordenação não resolva.

Hoje temos a grande oportunidade de questionar a qualidade das escolas privadas, visto ser visível a falta dum conhecimento mais amplo e profundo daqueles que se dizem, que se pretendem ser da ala dos privilegiados, dentro duma lógica meritocrata.


Por terras brasileiras a universidade pública é totalmente gratuita, contrariamente a uma grande maioria dos países. Resultado: no Brasil o sistema de ensino superior está inserido num lógica de comunismo oligárquico. As cotas raciais ainda são debate, pois a população "não branca" ainda é minoria. Há ainda, em muitos casos, o esquecimento que essas instituições públicas vivem do dinheiro do contribuinte. Contribuinte esse que muitas vezes não tem acesso a uma educação de qualidade.

Há uns bons anos atrás eu tive uma professora de História, que disse para mim em particular que eu era como ela: "radical". Logo fui perguntar à minha tia o que queria dizer aquilo: "radical", pois de primeira não me identifiquei.  Ao que conclui que ela era de esquerda, rebelde como mandava o figurino nos idos anos 80 no sul da Europa, mais propriamente em Portugal.  Isto no 8º ano, teria eu 14 ou 15 anos. E isto na escola pública, embora tenha passado os primeiros 6 anos em escola particular. Até hoje pergunto se fez alguma diferença em  relação à pública. Talvez.... Sei que no 8º ano tirava sempre 20, na escala de 20, porque eu fazia a minha interpretação em cima dos factos históricos e escrevia com analogias, metáforas e sentido critico. Logo fui avisada que na universidade, se a quisesse fazer, não haveria espaço para esses "devaneios".

Considerando que "devaneios", no caso, é colocar o olhar poético sobre os factos resumo e concluo que sou do torto. Está comprovado cientificamente que quem nasce torto tarde ou nunca se endireita. Para todos os efeitos eu sou do tempo das botas ortopédicas. Até hoje o ortopedismo deixa-me com as ideias e os pensamentos do avesso. Assim como fico com alergia galopante, vulgus farfalheira peitoral,  com os esquerdismos radicais que no rótulo vem com letras pequeninas ou até mesmo legíveis: autoritarismo.




Ana Piu
Br, 25.05.2016

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