segunda-feira, 13 de outubro de 2014

DESCENDO DO VIGÉSIMO ANDAR

DESCENDO DO VIGÉSIMO ANDAR
As árvores custam a serem vistas. Uma bananeira surge do nada. A bananeira já lá estava, talvez. Nada vem do nada. Ou vem? A tendencia humana é cobrir o que já lá estava. Alguém terá plantado aquela bananeira numa fresta onde o asfalto esqueceu de ir?
O motorista do ônibus é prestável. Falamos de igual para igual. Gosto disso. A cidade é grande. Deixei passar o ponto que devia descer. Volto para trás com um malão. Ao fim deste tempo todo não sei fazer malas... Coloco coisas que não vou precisar e outras que deviam vir ficam para trás.... Mas vamos combinar! Mais vale levar roupa quente do que uma toalha de banho! A toalha de banho pode ser sempre improvisada com a blusa que vai para lavar! Quanto ao frio... Nunca se sabe! E rapar frio!? Caramba! Vai tu que eu não! Afinal sei fazer malas de viajem. Mas são muito incomodas para serem transportadas. Viva a velha mochila de campismo!
Chego ao teatro. "Boa tarde!", falo para o segurança que me abre o portão. "Agora sim é boa tarde!" "Porquê?", pergunto. "Porque você chegou!"
Gosto dessa simpatia que não é forçada. Gosto dessa simpatia que mesmo numa grande cidade, cinzenta tantas vezes acontece.
No final da apresentação há pessoas do público que se apresentam e demonstram que gostaram com um abraço, sorriso e palavras. Gosto muito disso. Não conheço muitos lugares fora do Brasil onde isso aconteça. Principalmente numa grande cidade.
Duas pessoas que conheço nesse dia 12 de Outubro, que no Brasil é dia da criança, dizem que já estiveram em Lisboa. Uma delas uma temporada, outra seis anos a viver. Ambas dizem que gostaram muito e que foram muito bem tratadas pelos portugueses, no caso lisboetas. Fico surpreendida. E eu que acho que os lisboetas são uns malcriadões, mal dispostões. Fico intimamente orgulhosa que dois brasileiros tenham tido essa experiência. Afinal sermos agradáveis uns para os outros não custa nada e não precisamos de ser amigos de longa data. Uma questão de leveza que permite uma vida um tanto mais respirável, mesmo que amontoada de carros e outras poluições externas ao nosso interior.
Não viveria diariamente em São Paulo, mas encheu-me as medidas a possibilidade de ali poder voltar. Para depois voltar para a roça entre cavalos, vacas, gatos, cachorros e passarada.
Ana Piu
Br, 13.10.2014



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