quinta-feira, 16 de outubro de 2014

CADA DIA É O NOSSO ANIVERSÁRIO

Quando era mais piriri, Isto no século passado do milénio que já lá foi, fazia contas à minha idade no badalado ano 2000. Vinte e seis anos a passar para os 27 no Setembro que naquele ano foi na Primavera e não no Outono, como de costume. À despedida do Verão lisboeta vozes escutavam-se: "Aiiiiii mas o que vais fazer para o Matogrosso! Ter filhos lá tão longe!!".................................. "Há milhares e milhares de anos que a Humanidade nasce e morre em todos os pontos do planeta e a Chapada dos Guimarães é daqueles lugares!...", respondi. Quem nasce torto tarde ou nunca se endireita. Mas também o que é ser torto e ser direito?

Todos diziam, quase todos ao que parece,  que o mundo acabaria no ano 2000. Olha como as coisas são! Nesse ano começava uma vida dentro da minha barriga que quando saiu cá para fora chorei de emoção. Quando voltamos para casa vinha um outro ser do tamanho de uma régua da escola. Cinquenta centímetros com um pé que cabia inteirinho na boca. Naquela noite não dormi, olhando as estrelas feliz. Depois esse ser foi crescendo. Hoje esse ser está do meu tamanho. Sabe o que gosta e não gosta. Tem sentido crítico e também aqueles estereótipos próprios da idade. Nunca esquecer que também já lá tivemos e quantas e quantas vezes somos tão ou mais adolescentes que os adolescentes. Na idade da Nina eu escutava a Elis Regina cantando 'Como os Nossos Pais" do Belchior. Hoje ela escuta Justin Bieber. Gostos. Cresci a achar que mesmo assim nos emanciparíamos um pouco mais, mas contudo, no entanto, todavia não é bem assim. Concluo que sou uma cosmonauta do mundo paralelo (eu e os meus amigos e amigas mais próximas de há uns bons anos) onde o casamento não tem nenhum ou quase nenhum valor e que ter filhos é uma escolha e não um programa certinho de carreira, carro, casa, cachorro e pantufas.  Que o que tem valor é nos valorizarmos realmente uns aos outros e o resto é converseta pendureta e formatações, no meu ponto de vista, caducas.

Educar não é nada fácil, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças. Respeitar e fazermos-nos respeitar penso que é a base de tudo. Espero conseguir passar esses princípios tanto para os seres que saíram da minha barriga como para mim. Assim como rir de nós mesmos faz muito bem à barriga, dizem os especialistas, assim como à respiração.

Ana Piu
Br, 16.10.2014


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