segunda-feira, 18 de junho de 2012

Palavra de honra

- Palavra de honra!... Quantas vezes é preciso explicar-te?
- Mas eu estava a contar com aquele trabalho!...
- Sim, mas a pessoa mudou de ideias!
- Mas a sua mudança de ideias alterou a minha vida! Eu não aceitei outras coisas para fazer aquele trabalho!
- Ela lá terá as suas razões.
- Sim, ela tem as suas razões e eu tenho os meus filhos. E ela além de ter as suas razões também tem filhos. Talvez ficasse mais fácil de entender o quanto é importante para mim trabalhar, além de eu gostar de trabalhar!
- Palavra de honra! Mas tu não entendes? Isto ‘tá mal para toda a gente?!
- Sim, mas o trabalho aconteceu. O que aconteceu é que contaram com outras pessoas. E se eu não tivesse ligado…Talvez só soubesse mais tarde.
- Mas vocês não amigas?
- Somos. Por isso também. Além de sermos amigas existe uma palavra. Essa tal palavra de honra que tanto repetes. E depois também acho que trabalho é trabalho e conhaque é conhaque. Mas já que somos amigas isso deve ser preservado. E amizade não é um dado adquirido
- Mas vocês fizeram algum contrato?
- Não. Mas a palavra não é já um contrato?
- Palavra de honra! Em que mundo vives?
- Neste. Bom, mas quando falo de contrato a alguém é como se falasse que a Laika também já foi a Saturno… Hmmmm. Talvez tenhas razão. Talvez o mundo que eu gostaria de viver não é real. Bom, deixa p’ra lá!… Talvez seja eu que esteja equivocada.

A piU ((Peça em vários aquetos; vidas e obras dos intermitentes do espequetáculo Luz i tanço)
Barão Geraldo, 17 de Junho de 2012

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