sexta-feira, 15 de junho de 2012

Espaço axial

    Espaço axial: linha, que partindo da axila descoberta pelo braço aberto, atravessa o espaço demostrando os limites físicos do corpo humano. Os movimentos rectilineos e circulares, tanto dos membros superiores como inferiores, desenham figuras no espaço que delimitam esse espaço axial. A proximidade e a distância de outros seres viventes do espaço axial do sujeito depende do próprio sujeito e dos modos locais dos grupos de sujeitos que interagem entre si. A proximidade física no metro em Copenhaga será, por supuesto, distinta da proximidade dos corpos num machibombo em Luanda. Se há quem dê um beijo e um abraço de juntar o peito há quem  “se limite” a estender a mão. Se há quem beije o outro no rosto como se tivesse a lançar bolas de ténis, ele tem outros que dão uma bacalhauzada (aperto de mão) com todos os dedos e a palma da mão inteirinha, com o devido calor humano.
Se há quem se põe em cima de nós para falar ao ponto de vermos o movimento da glote num vai e vem entusiasmado, outros que se nos aproximarmos se retraem mantendo a devida distância.
    Quanto a mim faz me confusão o encavalitanço desnecessário. A carruagem lotada junto à porta de entrada e saida de passageiros e o resto vazio. Parece-me duma tacanhez egocêntrica. Bloqueia-se a porta, as pessoas em cima uma das outras e outros que pegem o próximo!... E nas ruas!?... Mesmo havendo um monte de espaço em redor, nós vamos para cima uns dos outros. Terá haver com carências emocionais inconscientes? Eu vou para cima do outro para me sentir mais seguro ou eu vou para cima do outro para lhe mostrar que este espaço/ território é meu?
    Volvidos séculos depois do Da Vinci ter concebido este belo croqui parece que a relação com o nosso espaço axial e o dos outro é ainda algo obscuro. Faça-se luz em nossas mentes e corpos, pois há mais espaço no mundo do que nós podemos imaginar! Talvez não seja preciso nos encavalitarmos só porque sim. Falarmos por cima uns dos outro, pisarmos o outro que é para ele aprender quem chegou primeiro ou quem chegou por último mas com convicção. Haver espaço para todos não significa que esses espaços não sejam alvos de conflito e negociação. Porém, se individualmente estivermos centrados, quiça o conflito e a negociação sejam um pouquinho mais construtivos.


A piU
Barão Geraldo,14 de Junho de 2012

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