quarta-feira, 20 de junho de 2012

Confissões duma Maria simplesmente Maria



A pessoa tem vontade de beber um copo. Pronto, vá dois, dois e meio. E entabular dois dedinhos de conversa. Vai que não vai e liga à amiga. Não pode. Não tem com quem deixar os filhos. Liga a outra. “Siiiiim! Tás boa? Passa-se alguma coisa contigo? Precisas de conversar? É que hoje não posso. Já tenho outras pessoas…” .....dassseeeee. Quem te manda a ti quereres ser amiga do pessoal da psicologia? Ligas para três copos e três décimos e a pessoa acha que tás mal e precisas de desabafar, falar de ti! Bom, alé! O melhor é sair e depois logo se vê! Deixa fluir!

Passo pelos bares dos artistas. Fiiuuuuu!! “Oláááá! Tás booooa? Tás a fazer alguma coisa? Eu cá tou a ensaiar uma peça com o Edmundo Carrasco. Uma coisa super pra frente! Somos 20 figurantes em cena, mas eu tenho uma fala e despimo-nos todos ao mesmo tempo enquanto toca a Traviata blá blá blá pois EU isto blá blá EU aquilo blá Olha olha! Quem vem lá?! A Maria Robison de Meloooo! Olá Robison de Melooooo! Querida!” Utla! É tempo de sair de fininho. Digo que tou aflita com as minhas necessidades fisiológicas e alá!

Mais a frente um jovem saltitão, estudante de medecina, sorri:”Oi! Voçê é de onde? É daqui?”;”Hmm. Sim e não... Agora sou!’; “Qual o seu nome?”:” Maria.”,”Maria quê?”,” Maria quê? (para que é que ele quer saber o nome da minha família se eu não sou daqui?) “Maria daqui”, respondo lançando a cabeça para trás rindo do insólito da pergunta. O jovem rapaz num salto desaparece, sem eu dar por nada, para o seu grupo de amigos.”Hmmm. Acho que entendi. Se lhe tivesse dito que me chamava Maria Caganini Van Shleka talvez achasse que eu era uma pessoa importante. Uma moçinha de bem e do bem. Hmmm. C est la bie! Non uori bi happy!”

Encontro um conhecido. “Pois EU agora ando a estudar a relação do camponês, ex emigrante em França, com as novas tecnologias. Porque dentro dum contexto blá blá blá.” Interrompo. “É pá a minha experiência com os franceses dum modo geral… Malta xenófoba com a mania que são os tais e os mais.”, digo. “Especifica. Franceses? Que franceses? De que contexto? Que idade? Que classe? Qual o género? Especifica!” Diz irritado o tal conhecido que é antropólogo. Pôôôçaaaass!!! Caraças eu só queria beber 4 copos e um dedinho e posar as mãos numa mesa gordurosa dum tasco ranhoso com toda a gente a rir alto, a dizer disparates, a falar por jogos de palavras ou a ficar calado. Sei lá! Beber dois copinhos. Vá! UM!...E relaxar o plexo solar.

A piU
Barão Geraldo, 19 de Junho de 2012

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