-Tá tudo a correr bem?
-Sim, nada a apontar.
-Tem de vir cá ao escritório. Precisamos de falar consigo.
- Passa-se alguma coisa?
- Amanhã aqui no escritório depois do seu horário de expediente.
(…)
-O senhor vai ter que se ir embora. Dispensamos os seus serviços.
-Mas…
- Demos-lhe a última oportunidade e senhor voltou a cometer o mesmo erro. O seu colega informou-nos que é muito difícil de trabalhar consigo.
- Difícil como? Eu propus-lhe ensiná-lo a mexer no computador fora do horário, visto que se não o faz eu fico sobrecarregado.
- Ensiná-lo a mexer no computador? A vossa formação dada aqui é idêntica!
- Bom, não é bem.
-Se ele precisar de ajuda vem ter connosco. Agora, o senhor tem de colocar os dados dos pacientes e ser simpático em frente a eles. Isto é um lar de pessoas idosas e temos de manter uma boa imagem para os nossos utentes.
- Sim, mas não é uma questão de ser simpático. O meu colega chegou agora ao serviço e eu disponibilizei-me ajudá-lo, porque me sinto sobrecarregado. E por querer fazer um bom trabalho, por vezes fico frustrado.
- O senhor cria conflitos com os seus colegas.
- Conflitos? Quando sinto dificuldade no trabalho de equipa tento resolver. Por vezes fico cansado de trabalhar com pessoas que ainda não adquiriram o básico. Bem sei que tenho de ter paciência, mas durante o expediente nem sempre é fácil.
- O senhor está despedido.
- Por favor, não faça isso comigo! A minha mãe está numa cama e precisa de mim.
- Lamentamos.
-Por favor, dêem-me mais uns meses para eu conseguir encontra alguma coisa. Saio daqui e não tenho direito nem a um fundo desemprego! Nunca paguei a segurança social, por causa da carga fiscal que fui obrigado a pagar todos os meses!... Eu que dei tantos anos a esta casa!
- Por favor não insista! Vai ser pior para si! Nós avisámos que não queríamos mais queixas suas.
- Queixas como? Porque o meu colega não falou comigo e não aceitou em que eu partilharsse os meus conhecimentos com ele?
- O senhor não tem de partilhar nada. Limite-se a fazer o trabalho no horário do seu expediente.
- Por favor!!
- Primeiro colocou em causa a nossa chefia, depois diz que os seus colegas ainda não adquiriram os conhecimentos básicos.
- O que eu questionei em relação à chefia foi o método de trabalho utilizado e a vossa postura displicente durante as formações com formadores externos.
- Se o senhor é assim tão bom vá procurar outro lugar!!!
- Por favor! A minha mãe depende de mim!!
(…)
- Queremos congratulá-lo pelo seu desempenho nestes últimos três meses. Gostaríamos de fazer um jantar não propriamente de despedida deste emprego, mas um jantar em homenagem à sua nova vida.
- Agradeço o facto de me terem deixado prestar os meus serviços por mais três meses, mas creio que não é adequado esse jantar. Não me sinto preparado.
- E a sua mãe onde vai ficar?
- Vou colocá-la aqui na vossa instituição de beneficência. Vou-lhe mandando dinheiro sempre que possa.
A piU
Barão Geraldo, 19 de Junho de 2012
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