Este é uma história de amor muito, mas muito, muito, muito antiga. Desde o antes, do antes, do antes do ontem. Aconteceu com Celta, Romano, Suevo e Galego. Galego era mais um intermediário, uma espécie de bobo da corte. Não perdia quase nenhuma oportunidade de comentar. Umas vezes era mais feliz nas suas sacadas de entendimento pelo amor e inocência, em outras mancava um pouco mais no seu convencimento que o sarcasmo e o moralismo o redimiam de algo que não gostava tanto em si mesmo. Galego era mesmo assim e por isso um personagem fundamental.
Até onde a memória vai foi Romano que iniciou toda esta epopeia, toda essa tal história de amor muito, mas muito, muito, muito antiga. Desde o antes, do antes, do antes do ontem. Romano era um mano que curtia conquistar. Tanto é que o Império já ia grande. Romano gostava de medir forças e desconfiava um tanto do amor, logo desconfiava de si próprio. Chamava amor a invasão e evasão. Um dia reparou na existência de Celta, uma amazona com cabelo de raios de sol envolto em algumas nuvens . Celta era uma mulher interindependente. Precisava do coletivo para sobreviver mas não temia subidas de montanhas e descidas aos pântanos. Não se sabe ao certo se Romano a apreciava, a admirava ou simplesmente escarnecia do brilho que Celta trazia dentro de si, mesmo quando algumas vezes era envolta em nuvens. Nuvens essas que logo logo regariam uma bela plantação de girassóis.
Nesse tempos haviam muitas batalhas campais, Alguns campos de girassóis ficavam devastados e regados em corpos trespassados por espadas. Havia algum tempo que Suevo e os seus companheiros barbudos e cabeludos desciam até aquele enclave para o conquistar. Quem os avistou ao longe foi Galego que foi avisar Romano. Nessa época Galego nem sabia da existência de Celta. Passava o dia a comer, a dormir e a jogar pedras a pássaros, porque no fundo sentia rancor por não ter asas como eles.
Suevo descia com os seus companheiros, prontos para tudo! Ao longe Celta passava num cavalo veloz e de aspecto selvagem. Faísca era o seu nome. Dum momento para o outro Celta e o seu cavalo foram enlaçados numa armadilha colocada por alguém que não dava, nem nunca deu, as caras. Celta pediu ajuda e Suevo correu. Como nos romances cor de rosa que algumas vezes imitam a vida, quando Celta e Suevo trocaram de olhares foi amor à primeira vista.
Escutaram-se urros, Suevo tinha que partir depois duma longa troca de olhares como um longo beijo. Suevo e Romano travaram uma batalha. Galego não sabia de que lado havia de ficar, pois assistira à demonstração de amor se Suevo por Celta, mas Galego aprendera que deveria ficar do lado dos machos conquistadores. Galego preferiu assim escolher o que não é ao que já é. E o que já é que já era, pergunta você que chegou até aqui? Pergunte-se a si mesme. Todes nós trazemos as respostas dentro de nós.
Passaram-se muitos anos, séculos, quase um milénio e Romano, que iniciara esta saga quando da primeira vez que abordara Celta, e em que Suevo olhou Celta de perto e de longe e aos poucos foi a enxergando como mulher menina e não como uma menininha que cabia debaixo do ombro. Galego aos poucos foi aprendendo o que é o amor ao observar esse amor, muitas vezes subtil, que ia de Suevo até Celta e de Celta até Suevo. Quanto a Romano falarei no próximo texto como este se reconciliou com a vida, com ele mesmo propriamente, com Celta, Suevo e Galego ainda brindou a tudo isso!
A Piu
B'Olhão Geral Zen 10/10/2020
Sem comentários:
Enviar um comentário