Marjolaine Leray |
É muito importante nós sabermos o nosso lugar, a nossa missão ou o nos propósito, prefiro até propósito porque é algo que nós descobrimos ao nos auto conhecer já missão parece aquele efeito teatral deus ex machina algo que vem de fora e que nos pega quase de surpresa.
Para falar sinceramente, indo direito ao assunto eu não disponibilizei o meu tempo precioso, nem que seja a rir de bobagem, a assistir e escutar o direito de antena da Regina Porcina que defende umas coisas muito nefastas. Sim, a Regina assumiu o papel de Porcina e não de Malu, Mulher. Por amor próprio, auto cuidado e re existência eu retiro o meu foco de atenção, sem me alienar, de toda essa piada de mau gosto num momento tão sensível no Brasil e no mundo.
Tenho um querido amigo ator de longa data, que tão generosamente recebeu o trabalho teatral do meu grupo em 1999 numa turnê por um dos Estados do Brasil durante um mês e que tem um espetáculo que ele tão orgulhosamente apresentava como sendo dirigido pela Regina Duarte. A minha memória dessa senhora era dum seriado que passou em Portugal em que ela era a protagonista de " A jornalista", depois do " Malu Mulher", depois veio o Roque Santeiro onde ela atuava com o Lima Duarte- Sinhozinho Malta- a pindérica, a cafona da Porcina.
Depois da entrevista boçal e violenta dessa pseudo secretária da cultura eu fiquei pensando se ela não estaria sofrendo pressão para ter um discurso incoerente e odioso. Veja-se o Geraldo Vandré volvidos alguns tempos depois do seu exílio. Qual a sua postura e discurso. Hmmmm... Pois. pois é. É muito fácil, principalmente uma esquerda mais gourmet digamos não direi gourmet e sim...supostamente esclarecida fazer juízos de valor, " bota pedra na Geni" que criticou a Elis Regina, principalmente através da extinta revista Pasquim, que muito aprecio, alegando que ela era conivente e acobardada com o regime ao aceitar o " convite" de se apresentar aos mili. Dá para imaginar as ameaças que ela, figura popular e carismática (inter)nacionalmente e mãe de filhos que deve ter sofrido após ter dado uma entrevista fora, na Europa, afirmando que o Brasil era governado por gorilas? Dá para imaginar?....
Já a Regina Porcina eu fui pesquisar o que o Lima Duarte pensa de tudo isto, ao invés de perguntar para esse meu amigo ator e cineasta pessoalmente. Fui pesquisar na midia, porque se a pessoa assume mediaticamente não fica uma conversa a meia boca no diz que diz, " mas não fale para ninguém!"
E o Lima Duarte é incrível! Passo a citar, e de seguida coloco a carta da querida Fernanda Montenegro que renunciou o cargo. Ambas as falas fazem me acreditar que a Regina Porcina, que nada tem a ver com a Malu Duarte, é uma deslumbrada ambiciosa que caiu na sua própria armadilha. Ah! O Lima Duarte não tem a ver com o Sinhozinho Malta. Logo, a Regina Porcina nada tem a ver com a Malu Do arte. Está explicado. Não?
" — Eu acho que para o Brasil de hoje ficou ideal: um Sinhozinho Malta no poder e uma Porcina no ministério — comentou.
— Estou torcendo para que ela permaneça, convença o presidente da importância estratégica da arte, da cultura e da economia criativa para o desenvolvimento do país e realize um ótimo trabalho, com absoluto respeito à liberdade de expressão e de criação. Regina é bem intencionada e conhece a área. Mas vai precisar de respaldo interno e apoio externo para atingir seus objetivos. "
in: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/noticia/2020/01/um-sinhozinho-malta-no-poder-e-uma-porcina-no-ministerio-diz-lima-duarte-ck5n694xv007g01qbotjr7ljo.html
" Diante da sondagem que me foi feita, repasso minha vida e, felizmente ou infelizmente, compreendo que o meu amor profundo para com o exercício do Teatro ainda não foi esgotado. Ao contrário: está mais vivo do que nunca. Deixando agora o Teatro, a sensação que eu teria seria a de uma vida inacabada. Creio firmemente que cada cidadão deva exercer sua arte ou seu trabalho em conformidade com a sua vocação. Estaria sendo leviana se, pensando desse modo, agisse de outro.
Não é fácil dizer não.
Não vejo que seja mais fácil decidir pelo Teatro. Ou mais seguro. O Teatro nunca foi fácil ou seguro.
Mas é o meu lugar.
Tenho certeza de que todos os intelectuais e artistas, entidades da classe, que me demonstraram apoio através de cartas, telegramas, telefonemas, visitas, compreenderão a minha opção.
Pode parecer uma frase bombástica e teatral, mas não devemos temer nem o Teatro, nem as palavras: não estou preparada para partir.
Nesses novos tempos, gostaria que você, Aparecido, assim como o Presidente José Sarney, entendessem que a melhor maneira de prestar meus serviços à cultura brasileira, é permanecer no palco, onde continuarei à disposição do meu país, humildemente.
De sua amiga, cujo sentimento básico é a fidelidade.
Fernanda Montenegro
Rio de Janeiro, 09 de maio de 1985. "
A Piu
Kampinas SP 09/ 05/2020
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