domingo, 3 de maio de 2020

EU TAMBÉM JÁ FUI MAMÃE DA HEIDI!

Há pouco tempo, numa reunião virtual entre mulheres, escutei estas três premissas de comunicação que considero fundamentais para toda e qualquer situação: 1. Escuta generosa que pressupõe que quem fala está bem intencionad@, logo não personalizar de forma pejorativa o que está sendo dito. 2. Não dar conselhos quando não é pedido. Cada pessoa vive a sua realidade que pode ser muito diferente da nossa, assim como essa coisa de sermos um pouquinho psicólogas umas e uns d@s outrs!... É como alguém que não é profissional da palhaçaria dizer que é também " um pouquinho palhaç@". Isso existe? Ser um pouquinho qualquer coisa? Ou se é ou não se é e para se ser é preciso dedicação e também humildade. Quanto mais dedicação mais humildade se adquire. Ou não? Pois quanto mais nos envolvemos mais sabemos o quanto dá trabalho, o que é necessário nos entregarmos e conheceremos assim o nosso potencial e também limitações. Logo, com essa entrega profunda também reconhecemos nas companheiros e companheiros a força, o potencial do seu trabalho. Esteja lá este em que nível estiver.
Ah! A terceira premissa! Contarmos até 20 antes de falarmos, pois podem existir pessoas mais tímidas na roda. Contar até 20 permite-nos também respirar, pensar tranquilamente antes de falar. E assim os encontros, sejam estes virtuais ou presenciais, tornam-se mais horizontais onde a hierarquia não faz sentido. Uma coisa é respeitarmos-nos mutuamente e reconhecer que existem pessoas que vieram antes de nós, que ocupam determinadas funções que é para respeitar. É como a relação estudante/ professor, mãe/ filh@, diretor(a)/ ator ou atriz, chefe/ empregado etc etc. Uma função ou uma trajetória não é sinónimo de relação de subjugação, bajulação e/ou desconsideração tanto dum lado como do outro.
Hoje, confinad@s, à quarentena por conta da pandemia planetária temos a incrível oportunidade de olharmos para os nossos medos, maniazinhas, surdezes, soberbas, arrogâncias fajutas, cegueiras emocionais, ideias feitas sobre o que se é ser bem sucedid@, pensamentos negativos em relação aos outros e ao mundo.
A arte da palhaçaria, nas suas inúmeras formas de abordagens, linhas e comicidades, é provocação inocente, da criança que descobre o mundo cuja a eventual "crueldade" vem duma curiosidade de arrancar as asas a uma mosca para saber como é, de pintar um gato de verde porque acha que ele ficará mais bonito. A arte da palhaçaria é a tonteria, o prazer de brincar e sonhar sem malícia. Claro que nós, adultos, podemos colocar nessa arte desse fazer teatral e circense as nossas críticas sociais! Mas sem perder o foco da utopia, dum mundo emocionalmente mais sustentável. Termos uma postura não violenta, uma comunicação não violenta é TRANS-FOR-MA-DOR! Para não dizer RE-VO-LU-CI-O-NÁ-RIO! Oooops já disse!
Está agora em cartaz virtual o filme turco " Milagre da cela 7" do realizador Mehemet Ada Oztekin. Passa-se entre os anos 70 ou 80 num cenário mediterrânico. Uma menina duns 7 anos, filha do " tonto" do povoado deseja muito ter uma mala de escola plastificada dum vermelho vivo com o desenho da Heidi. Caramba! Aquela menina também gostava da Heidi como eu! Eu tinha uma mala escolar, só que laranja, e com o Speedy Gonzalez!!! Como a globalização através da televisão chega a várias partes do mundo em forma de consumismo! Ora essa mala foi adquirida pela filha dum general. E essa menina para fazer pirraça ao "tonto" que corre atrás da mala desejada pela sua filha é incriminado da morte da menina que acidentalmente cai ao mar. Um dramalhão comovente.
Resumindo e concluindo, os generais também tem filhos e sentem dor com a sua perda, mas como eles muitos de nós deixamos nos arrastar pelas aparências, suposições sem averiguar de facto os factos. E isso acontece algumas vezes sem necessariamente haver uma frieza premeditada nem abuso de poder. No final prova-se que o "tonto" além de ser um coração cheio de amor é inocente. O que eu mais desejo para esta quarentena é que observemos os nossos generais, subalternos que cumprem ordens - ah! no filme ainda tem um desertor que é testemunha ocular do acidente!- e os nossos " tontos de coração grande" internos. Quem nós queremos potencializar? Seria imensamente bonito que os militares se tornassem Forças Amadas e não Armadas. Porque afinal de contas o nosso maior inimigo somos nós mesm@s quando não nos permitimos sentir, sentir medo, sentir amor, sentir tristeza e também muita alegria de estar viv@, sermos ridículos com o nosso prazer de brincar sem espezinhar o outro, considerando-o incapaz para esse mundo de força bruta, duma virilidade duvidosa , dum sucesso ganho a qualquer custo. VIVA A NOSSA CRIANÇA INTERIOR QUE HÁ DENTRO DE NÓS COM MATURIDADE!!!!
A Piu
Kampinas Esse Pê 03/05/2020

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