terça-feira, 20 de dezembro de 2016

SE EU QUISER USAR TURBANTE USO; SE EU NÃO QUISER NÃO USO. O BIGODE MEU!



(...) a ingenuidade masculina é desconcertante. Há muitas maneiras subtis mediante as quais os homens tiram proveito da alteridade da mulher. Para todos os que sofrem de complexo de inferioridade, há nisso remédio milagroso: ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso, do que o homem que duvida da sua virilidade. Os que não se intimidam com os seus semelhantes mostram-se também muito mais dispostos a reconhecer na mulher um semelhante. (...) É preciso ter muita abnegação para recusar a apresentar-se como o sujeito único e absoluto.
BEAUVOIR, Simone "O segundo sexo", Bertrand editora, Lisbo (1970, 1975, 1987)
Este livro foi escrito em 1949, depois vieram os beatniks, os hippies, a contra cultural, os punks e outros que por convicção ou modismo abraçaram a causa de se livrarem de velhos padrões. Dos ditos karmas. Mas... passinho daqui, passinho dali os medinhos, as inseguranças aliadas a arrogâncias emergem. Isso não acontecem só com os homens, as mulheres que seguem uma lógica patriarcal de competição são a mesmice coisa. Depois há os de cabelo curto ou comprido, que acham que são super emancipados, mas viram a cara para o lado e colocam os óculos escuros quando um(a) semelhante brilha e toma a vida nas suas mãos. Ainda com a capacidade de sinalizar machismo nesses mesmos sujeitos , sem se darem conta que isso que sinalizam está realmente dentro de si. Pois é o padrão que reconhecem. A isso chama-se pseudo libertação. Já é tempo de estarmos atentos a isso dentro de nós, ao invés de estar constantemente em posição acusatória. E nós? Qual é a parte que nos diz respeito para fazer a diferença?
A Piu
Br, 2012.2016

Foto de Ana Piu.

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