" Não, não quero que saias à rua. Vamos nos salvaguardar!" Olha só o que me vejo a dizer aquele ser que muitas e tantas vezes saímos juntas à rua na Avenida da Liberdade da cidade de Lisboa, ainda ela era criança pequena. Sim, saímos à rua aos milhares várias vezes, até o número diminuir e as decisões neo liberais mantendo-se a ferro e fogo. Conclui uma vez mais que sair à rua é mais um símbolo da nossa prática quotidiana. De que nos vale sair à rua se não nos mobilizamos na continuidade? De que nos vale erguer o punho se nos comportamos diariamente uns com os outros sem o coração aberto, com juízos de valor, promovendo mal entendidos, difamações, cobranças egóicas? Isso por um lado.
Por outro, eu curto muito a minha integridade física e de quem amo. Não curto levar porrada da bófia, no caso dos milicas. Não curto e não quero. E também não encontro barato nenhum nas bombas de gás. E isso não me faz menos ou mais heroína. Porém venero a minha, a nossa vida. Escrever, atuar, compartilhar a minha arte é um ato de resistência. Assim como propor-me a ser melhor ser humano. Olhar de frente as minhas sombras, aceitá-las para me tornar mais leve, mais livre, com mais AMOR. E isso é profundamente revolucionário.
Ana Piu
Brasil, 02.09.2016
Brasil, 02.09.2016
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