Apesar de não praticar budismo zen, curto muito escutar as palestras da Monja Coen. Começar o dia ou intervalar o dia ou até mesmo finalizar o dia com as suas palavras é revitalizante. Ela fala da condição humana sem ismos. Isso eu admiro e subscrevo. Como não tenta converter ninguém a nenhum ismo tá tudo certo para o meu lado. "Qual o sentido do casamento nos dias de hoje?". Pois é, a duas semanas de completar 43 anos e mãe ainda me pergunto acerca disso. Eu, vinda duma geração pós fascismo, em vias de emancipação e democratização da mulher num Portugal em vias de desprovincianismo, em que a maioria não tinha como objetivo de vida casar eu ainda me pergunto a mesma pergunta da Coen. Não significa que as pessoas não se juntem, não se amem, não se sonhem juntas. A Monja Coen dá a resposta: um olhar junto, com respeito e amor mútuo. Eu concordo. Porque não haveria de concordar? Mas continuo a perguntar: Porque as pessoas fazem questão de oficializar o casamento? É para agradar a família? É um sonho de infância, resultado dos livros de contos de fada? É tentar acreditar que só assim se atinge a felicidade, quando o protocolo é firmado? É uma visão conservadora? É um motivo para celebrar a vida, mesmo com ideias libertárias?
Enfim, da minha parte só faria ou faz sentido o casamento se houver esse respeito mútuo, esse desejo profundo de fazermos tudo para que juntos estejamos bem com uma boa dose de humor, estimulo intelectual, leveza livre de joguinhos amorosos extra conjugais que não passam de ruído, e uma grande liberdade de sermos quem somos e deixarmos ser. Porque estar junto é ter confiança mútua, que se resume em lealdade e amorosidade. A paixão vai e a amorosidade fica. Caso contrário não faz sentido.
Em suma, resumindo e concluindo a Beauvoir não deixa de ser uma inspiração também e se algum dia me casar não é para assistir tv juntos e muito menos vivermos despolitizados. Também não significa vivermos atormentados pela situação politica, eventualmente mais injusta. Estar junto é sonhar e realizar sonhos juntos com ou sem festança, daquelas que custam os olhos da cara com familiares que não se encontram desde o último funeral ou até mesmo casamento.
Estar junto é estar junto. O resto é mais ou menos protocolos que nós inventamos para a nossa vida.
Ana Piu
Br, 09.09.2016
Br, 09.09.2016
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