domingo, 25 de setembro de 2016

BORA MUDAR O PARADIGMA? BORA DEIXARMOS DE SER FORASTEIROS PARA NÓS MESMOS E UNS PARA OS OUTROS?


É tempo de cura interior? Talvez isso venha no calendário Maia. Não sei. Se não vem poderia vir, visto a sabedoria indígena ser tão poderosa e tão relegada ao esquecimento. É tempo de sermos mais humildes nas nossas certezas. E antes de ser um movimento coletivo, urge um movimento individual.
Não tenho a coragem desta artista que se submete às psicopatias de cada um, quando a estas lhes é dado espaço. Mas já me coloquei no lugar da vulnerabilidade, aquela vulnerabilidade de ser "forasteira". Algumas vezes também somos "forasteiros" na "nossa própria terra". A nossa terra é onde estamos. A nossa terra é o espaço sideral, o cosmos. Temos de abrir mais os sentidos para sabedoria indígena, para compreender que assim o é.
Estar num lugar de vulnerabilidade possibilita-nos entender o fundo de cada ser humano. Há quem se aproxime e acolha com a compreensão de quem já esteve nesse lugar; há quem ache que a sua atitude caridosa vertical vai ajudar além do seu reconforto de ego; há quem pura e simplesmente despreza e há quem ainda espezinha, provavelmente porque se acha superior e não aguenta a sua própria vulnerabilidade.
Mais do que um direito é um dever sanarmos as nossas dores interiores, algumas lá do fundo dos tempos. Não me parece que seja naqueles igrejas de surto, de culto ao surto, que ficam aos berros excomugando a vida porque esta é obra do diabo.
Enfim, cada um terá de trilhar o seu caminho espiritual com ou sem deuses. No rebanho ou fora dele. Pessoalmente os rebanhos... Enfim.... Sejamos livres para escolher o que melhor nos preenche! A isso se chama ativismo espiritual. Muitos de nós nunca aprendeu. Nunca aprendeu a respirar conscientemente, a ter uma postura física adequada a que o coração se abra e a olhar para a vida com respeito e para os outros com olhos de gente e não de alienados em chagas sentimentais e emocionais interiores por curar.
É tempo de estarmos atentos a nós mesmos para que esse grande cliché deixe de o ser: AMOR.
Ana Piu
Br, 25.09.2016

Em 1974, a artista Marina Abramovic fez uma performance em que ela dizia para visitantes que não se moveria durante seis horas, não importa o que fizessem com ela. Ela colocou à disposição em uma mesa do seu lado 72 objetos que poderiam ser usados para agradar ou destruir, incluindo desde flores até uma faca e uma arma carregada. Ela convidou os visitantes a usar os objetos nela da maneira que desejassem.
Inicialmente, disse Abramović, visitantes estavam pacíficos e tímidos, mas se tornaram violentos rapidamente: “ A experiência que eu aprendi foi que… se você deixar a decisão para o público, você pode ser morta… Eu me senti muito violada. Cortaram minhas roupas, enfiaram espinhos de rosas na minha barriga, uma pessoa apontou a arma para a minha cabeça, e outra tirou a arma de perto. Isso criou uma atmosfera agressiva. Após exatamente 6 horas, como planejei, eu me levantei e comecei a andar em direção ao público. Todos fugiram correndo, escapando de um confronto real.”
Esta performance revelou algo terrível sobre a humanidade, similar ao que o Experimento da prisão de Stanford, de Philip Zimbardo e o Experimento de obediência de Stanley Milgram, também mostraram a rapidez com que pessoas se agridem dependendo das circunstâncias.
Essa performance mostrou como é fácil desumanizar uma pessoa que não pode se defender, e é particularmente poderosa porque desafia o que achamos que sabemos sobre nós mesmos.


Autor do texto desconhecido(por enquanto)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

PAUSA DA LEITURA DE " VEIAS ABERTAS" DO EDUARDO GALEANO- escutando a intuição

''Não julgue cada dia pela colheita que você colhe, mas pelas sementes que você planta ''

Robert Louis Stevenson, (1850-1894) 


O indizível é a intuição do que já foi, do que é e do que será. A intuição é um herança ancestral que não podemos nem devemos esquecer. Honrar os ancestrais é honrar os nossos filhos. É honrarmos-nos enquanto seres viventes na intuição que nos direciona para o essencial. Reescrevendo a História.
Ana Piu
Brasil, 18.09.2016

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

TÁS A VER? EU TOU TA VER.

A mesa virou-se sozinha?
Vai que não vai vai a mesa já andava a pedi-las para ser virada
A mesa virou-se sozinha com um toque de mágica
Não, as mesas não se viram sozinhas com toques de mágica
As mesas viram-se para dar aquela arejada do que parece definitivo,mas nada é definitivo
Uma mesa Luis XIV é pesada para virar e algumas já se enraizaram que parece que nasceram de nascimento natural
Uma mesa de camping é mais frágil. Com um ventinho mais certeiro zás!
E uma mesa Pero Vaz Caminha? Oh essa aí é preciso muito pulmão para dar aquela virada definitiva. O melhor é não fumar nada de nada! Nem um palhinhas para que a chacoalhada seja digna do seu chacoalho
Ana Piu
Br, 14.09.2016

terça-feira, 13 de setembro de 2016

NINGUÉM NASCE MISÓGINO, TORNA-SE MISÓGINO


Podemos escolher o modo como vamos viver a nossa feminilidade. Não há um jeito único, não há um jeito errado. Assim nos alerta, Simone de Beauvoir no livro " O segundo sexo", escrito em 1949 aos seus 41 anos. A misoginia pode-se manifestar duma forma mais evidente como mais subtil. Existem homens, como mulheres, que renegam a feminilidade como expressão de liberdade. Renegam o facto das mulheres serem autónomas, poderem viver dignamente do seu trabalho e serem boas, até mesmo excelentes no que fazem. Isso intimida muitos homens e muitas mulheres.
Existem homens "viciados" em mulheres que são misóginos. Talvez essa seja uma das redundâncias da misoginia. Usam as mulheres a seu belo prazer para de seguida desprezá-las, descartá-las, desvalorizá-las. Um misógino é alguém que carece de amor próprio. Qual então o desafio? Sentir compaixão e enviar boas vibrações para esse ser vivente. E quando nós temos atitudes misóginas? Sim, quando olhamos de revés uma mulher que não se envergonha de ser quem é, no seu poder de se resignificar, de se recriar, de seduzir através do seu potencial. De não temer envelhecer com arte. Porque quem tem medo de envelhecer tem medo da vida. Vive num ideal de beleza e jovialidade à laia de publicidade da cueca cuela.
Uma mulher e um homem que se assume como é constrange, não é mesmo? Porque duma maneira ou outra fomos educados e educadas para andarmos todos muito obedientes e apagadinhos. Essa é grande questão do século XX e XXI! Ao mesmo tempo que há uma democratização, uma emancipação esta acontece num contexto capitalista em que a competição e o individualismo são os motes do agir no dia a dia. Agora pergunto: Uma mulher e/ou um homem competente não é de todo competitivo? Sim, porque a competitividade não virá da falta de competência? Na falta de acreditar em si mesmo, logo nos outros como um corpo orgânico que juntos temos mais força, tornando-nos melhores seres humanos.
Ana Piu
Br, 13.09.2016

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

SUCH A GOSTOZICE WAY OF LIFE

Querer ser 'gostosoni num tem pruglema' nenhum. A questão é quando a aparência berra, guincha estridentemente mais alto que a essência.
Paquerar, flirtar é um jogo, que se quer lúdico, divertido, leve. A questão é quando não é leal. Segue uma lógica dúbia de competição e disputa de egos. A paquerada fica ali num vai não vai. O ser vivente lança uma semente que não vislumbra que algo que floresça. Só quer se sentir desejado, mas não se envolve... É só mais um joguete de ego. Um ego que lança charme, que espirra sedução para todo o lado mas não assume nada com ninguém. Nem assume o desrespeito que tem para com quem seduz. A isso chama-se falta de ética. Uma espécie de quebra corações. Ou falta de noção... Falta de auto conhecimento.

O que é interessante analisar é a postura quebra corações. O que nos leva ter essa postura? Insegurança.... Quem transporta o coração inteiro e pulsante não quebra corações gratuitamente. Porquê? Porque se inteira do seu próprio coração e dos demais. Logo, dispensa joguinhos que levam a becos, a pular a cerca duma rua sem saída.

Enfim, o mundo já anda tão quebradiço que nos entregarmos a esse paradigma é desistirmos de nós mesmos. E nós queremos realmente isso?

Se fecharmos os olhos e respirarmos fundo. todos nós queremos amar e sermos amados. Seja lá de que jeito maneira isso se manifestar. É isso que no fundo no fundo todos nós queremos. Só que por vezes somos uns atrapalhados. Esquecemos de enxaguar a visão. Como o Raulito canta: "Quem não tem colírios usa óculos escuros".

Ana Piu
Brasil, 12.09.2016


QUEM TEM MEDO DO AMOR? DO AMOR, DO AMOR

Sim, o amor vive no coração dos valentes. Quem despreza o amor o que traz dentro de si? Não desprezar quem ao nosso redor está não será um ato de bravura? Viver é um ato de heroísmo. Então, que sejamos todos heróis! Amar é um ato de coragem. A 12 de Setembro, o day after de acontecimentos mundiais fatídicos. Um deles a 1973 e outro a 2001, não será nosso dever mudar o rumo da História e preencher as nossas vidas de modo a que os nossos filhos e netos possam se orgulhar e inspirar.? Já é tempo de nos desenvencilharmos de lógicas patriarcais. Ah, por exemplo, a lógica da gostozice, que por aqui é uma prática comum, é uma continuidade da lógica patriarcal. E que dificilmente é viável para honrar o amor na sua plenitude. Honrar o amor é honrarmos-nos, não com aquele moralismo caduco beato. Honrar o amor é honrarmos quem amamos, quem nos ama. Honrar a vida, não despreza-la. É difícil? Cada um terá de acionar a sua capacidade de superar os seus limites. A isso se chama: combater a sua própria mediocridade. Mediocridade atrai mediocridade. Amorosidade atrai amorosidade. É uma espécie de lei da física quântica. ihiih Quanto mais nos entregamos à vida, mais a vida se entrega a nós. LÓGICO! Para viver é preciso coragem, porque requer amar. AH POIS! POIZÉ! Ora raios, pois pois.
Ana Piu
Brasil, 12.09.2016


domingo, 11 de setembro de 2016

A REDUNDÂNCIA DO AMOR LIVRE




Alguns poderão chamar-me careta, que ainda não saquei o que é o amor livre, que o pessoal é mesmo é poligâmico e por aí vai. Mas agora pergunto: amor livre não é uma redundância? Se é amor é livre. Amar é querer bem incondicionalmente sem possessão. Se o ser amado não quer ficar connosco paciência... Está num outro momento da sua vida. Ou então não aprecia o nosso amor. Logo teremos de nos perguntar:´devo alimentar um amor de quem não aprecia o amor que nutro?- e ainda: " Se alguém quer ficar com um rol de amantes, enamorantes e outras coisas que parecem acolhedoras mas que acabam por ser distantes, devo aguentar uma situação que me faz infeliz ou insegura ou sem confiança numa relação que sinto frágil porque é tudo e não é nada?
Pronto, esta é a minha caretisse! Ainda estou para conhecer sujeitos atuantes que saibam lidar com o amor livre a médio e longo prazo. E vamos já aqui combinar que amor livre tem como base o respeito pelos diferentes parceiros. Muito diferente de " safadice de ocasião". E uma coisa é amar diferentes pessoas, mas com tipos de amor diferentes do romântico, daquele intimo, companheiro, ao limite para todas ou quase todas as ocasiões. Pergunto honestamente: Se construir um amor honestamente romântico com uma visão construtiva a médio longo prazo já é uma trabalheira com alguém, pois a demanda de gerir emoções e energias é muita imagina com mais um ou dois parceiros?
Eh pá, não sei. Tenho dificuldade em ter uma visão clara do sucesso duma prática de amor livre poligâmico a médio e longo prazo. E com isto não quero apregoar que o "viveram felizes para sempre" é uma obrigação. Mas já que as pessoas se disponibilizam a tentarem serem felizes umas com as outras, se eventualmente cada uma for para seu lado que esse respeito mútuo permaneça. Parece-me que é o mínimo! Vai-se a paixão, a tal de tesão, o amor, mas fica a amorosidade. O amor é o que as pessoas combinam entre si para que não se firam gratuitamente, não é? É ou não é? :)
Parece-me bem e decente. Decente, claro, numa perspectiva igualitária sem falsos moralismos
Ana Piu
Br, 11.09.2016



sexta-feira, 9 de setembro de 2016

POR QUE É O PESSOAL AINDA SE CASA?

Apesar de não praticar budismo zen, curto muito escutar as palestras da Monja Coen. Começar o dia ou intervalar o dia ou até mesmo finalizar o dia com as suas palavras é revitalizante. Ela fala da condição humana sem ismos. Isso eu admiro e subscrevo. Como não tenta converter ninguém a nenhum ismo tá tudo certo para o meu lado. "Qual o sentido do casamento nos dias de hoje?". Pois é, a duas semanas de completar 43 anos e mãe ainda me pergunto acerca disso. Eu, vinda duma geração pós fascismo, em vias de emancipação e democratização da mulher num Portugal em vias de desprovincianismo, em que a maioria não tinha como objetivo de vida casar eu ainda me pergunto a mesma pergunta da Coen. Não significa que as pessoas não se juntem, não se amem, não se sonhem juntas. A Monja Coen dá a resposta: um olhar junto, com respeito e amor mútuo. Eu concordo. Porque não haveria de concordar? Mas continuo a perguntar: Porque as pessoas fazem questão de oficializar o casamento? É para agradar a família? É um sonho de infância, resultado dos livros de contos de fada? É tentar acreditar que só assim se atinge a felicidade, quando o protocolo é firmado? É uma visão conservadora? É um motivo para celebrar a vida, mesmo com ideias libertárias?
Enfim, da minha parte só faria ou faz sentido o casamento se houver esse respeito mútuo, esse desejo profundo de fazermos tudo para que juntos estejamos bem com uma boa dose de humor, estimulo intelectual, leveza livre de joguinhos amorosos extra conjugais que não passam de ruído, e uma grande liberdade de sermos quem somos e deixarmos ser. Porque estar junto é ter confiança mútua, que se resume em lealdade e amorosidade. A paixão vai e a amorosidade fica. Caso contrário não faz sentido.
Em suma, resumindo e concluindo a Beauvoir não deixa de ser uma inspiração também e se algum dia me casar não é para assistir tv juntos e muito menos vivermos despolitizados. Também não significa vivermos atormentados pela situação politica, eventualmente mais injusta. Estar junto é sonhar e realizar sonhos juntos com ou sem festança, daquelas que custam os olhos da cara com familiares que não se encontram desde o último funeral ou até mesmo casamento.
Estar junto é estar junto. O resto é mais ou menos protocolos que nós inventamos para a nossa vida.
Ana Piu
Br, 09.09.2016

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

QUEM TEM MEDO DO PALHACINHO?

Nós somos o que ingerimos, digerimos e deixamos de digerir e ingerir. Somos os pensamentos que alimentamos dentro de nós, assim como os sentimentos. Somos o que comemos e bebemos, assim como o modo que escolhemos em nos relacionarmos uns com os outros, e naturalmente, antes disso, como nos relacionamos como nosso self. O tal do 'eu" interior. E daí temos a escolha para despertar a criança livre dentro de nós ou um sucedâneo de palhacinho malvado. Sai p'ra lá palhacinho malvadinho assim como noticias que nos fazem desacreditar na humanidade!!! Sai p'ra lá! Este corpo, esta alma, este espirito não te pertencem! ;)
Ana Piu
Br,08.09.201

Série: A TRIBO DOS DÂNDIS CONTEMPORÂNEOS

Todos os anos todos os dândis roots gourmet encontram-se nas ilhas flutuantes do Indico. São quarenta ilhas ao todo. Já vai na quadragésima oitava edição. Revisitar as ilhas das festas do passado é extremamente excitante. Sempre ao estilo roots glamouroso, chegam dândis de toda a parte do mundo. Desde Goa, Katmandu, Vilarinho das Furnas, Nova Basileia, Gutenblau, Vivianstock, Frederich Wolks, entre outros principais pontos planetários onde o movimento dândi roots urbe glamour se encontram com frequência.
Esta tribo caracteriza-se pela sua excentricidade com reminiscências do romantismo do século XIX, os loucos anos vinte do século XX, e ao beatnicks que impulsionaram nos anos cinquenta a contra cultura dos anos sessenta do mesmo século. Admiradores da arte, são elegantes com uma atitude blasé compondo a sua grande preocupação pela aparência. Não se sabe ao certo do que vivem, pois além de nutrirem uma forte admiração pelo ócio viajam o mundo inteiro num conforto roots incompatível com os bolsos de todo e qualquer cidadão comum. Há quem diga que vivem de heranças familiares, outros de rendimentos de negócios recentes de seus progenitores, outros vivem de quem se fazem acompanhar fruto duma relação duvidosa entre amizade e interesse, outros ainda de negócios igualmente duvidosos que contribuem para o glamour das festas anuais de uma das ilhas do Oceano Indico.
Quando se encontram conversam entre si numa língua que mais ninguém domina ou conhece. Isto para reforçar a sua atitude elitista com pretensões aristocráticas. Muitos destes dândis são oriundos duma pequena burguesia emergente. Outros não. São abrasonados, embora endividados mantendo essa atitude negligé. Falam de coleções de arte e das novas medicinas alternativas. Nutrem um cuidado especial com a alimentação, chegando a levantar bandeira por essa causa. Mas na verdade, a grande preocupação é se diferenciarem da restante populaça.
As suas festas são lindíssimas, porque exóticas. O paraíso na terra. Sempre decoradas com os mais lindos tecidos indianos, com máscaras do Bali e esteiras da Tailândia. Tudo é iluminado a velas. A festa dura uma semana inteira. Organizadores de eventos etno chiques, são colecionadores de arte e grandes empresários da indústria de energia solar, assim como investidores da indústria alimentar bio organic.
São encontros muito divertidos, onde casais se formam e se desfazem, também. Vivem-se momentos grupais inesquecíveis. Há toda uma assessoria terapêutica como respaldo a todos estes encontros excêntricos, cujas conversas intelectuais são meros adornos para impressionar. Os convidados são assíduos nos encontros, mantendo essa cumplicidade de riso fácil e descomprometido.
Ana Piu
Br, 07.09.2016

domingo, 4 de setembro de 2016

O LAICO E O RELIGIOSO E O RISO POLITICAMENTE (IN)CORRETO

Um Estado tem de ser laico, devendo no entanto acolher todas as religiões desde que estas se disponham a coabitar com outras. Um Estado que tem um cunho religioso já se torna complicado, pois dificilmente vai acolher outras religiões e ou ateus. Além de ser arcaico um Estado ter um viés religioso é anti democrático. Veja-se o caso do recente golpe no Brasil. Em nome da religião comete-se e legitima-se uma atrocidade reminiscente.
Rirmos da religião é politicamente incorreto? Depende do que estamos rindo, como estamos rindo e quem queremos que ria. Uma questão de ética. Se é para rir da crença alheia, ofendendo ostensivamente, é incorreto. É um discurso de ódio. Veja-se o sucedido em Paris no caso do “Je suis Charlie”. Ora o Charlie estava a contribuir para um discurso de ódio ao ridicularizar os muçulmanos, tendo conhecimento que há uma islamofobia galopante na Europa. Deu-se mal. Azar!... Deve ter encontrado no céu os fundamentalistas que zombava. Por outro lado, rir da religião que oprime a nossa sociedade é no mínimo um gesto ético. Como é que eu não me poderia rir da Igreja Católica Apostólica Romana que durante estes últimos 800 anos tem oprimido o meu povo português e por consequência outros povos além-mar? Não precisamos de falar agora da Inquisição para justificar tal facto. Também rir dos ivan bélicos é no mínimo uma forma de criar um traço de giz de proteção em torno de nós mesmos.
Rir é liberta dor, desde que saibamos com clareza que estamos a rir do que aprisiona e não do que liberta. Conheço muita gente que precisa de fé para se libertar. Isso merece respeito. Já a fé moralista… Já é caso para nos rirmos. Porque o moralismo é como um carrapato. Se deixarmos, suga-nos até ao tutano.
Se rir for para abrir a cabeça para que o horizonte se abra em mil possibilidades de respeito à vida, então bora lá rir numa gargalhada geral. Aquém e além-mar.
Brasil, 04.09.2016



SER SNOB ( breves considerações acerca do snobismo laico e religioso)

Ser snob é achar que se é mais que os outros, que se é mais merecedor do oxigénio e da luz que os demais. Que a sua verdade é a Verdade. Há o snobismo laico, assim como há o snobismo religioso. Ambos carecem de espiritualidade, porque espiritualidade não rima com snobismo. No snobismo laico a reverência espiritual é motivo de chacota, desdém e até fobia. Veja-se o caso da Velha e cansada Europa, com incidência em França. Por isso a Europa está cansada. Carece de espiritualidade, de algo maior que transcenda, de poesia da existência.
Já o snobismo religioso é quando se despreza outras formas de encarar a existência, o Todo. São várias as manifestações de snobismo religioso. A primeira e mais evidente é tentar converter os demais à sua verdade; a segunda é desdenhar, minimizar outras práticas religiosas; a terceira e a que é-me visceral, porque secular, é cometer o genocídio de povos em nome da fé.
Estarmos atentos aos nossos deslizes snobes que estão no nosso chip sócio cultural é no mínimo propormos-nos a nos transcendermos e a olhar o Todo como um Todo Cósmico. Um Todo Cósmico que está dentro de nós, meras partículas finitas e eternas. Nós, pássaros poéticos materializados num momento efémero.
Ana Piu
Brasil, 04.09.2016

L'ELITE

A elite tem uma tendinite na parte da meningite que se situa perto da estalactite.
A elite detém o capital, acha que é a maior. Que é a tal e tal.
A elite é desfocada. E a populaça? O que pensa? O que anseia? Alguma fica embriagada! Gostaria de ser como a elite. Ah pois queria! Ser igualmente autoritária e mandona! Andar tudo numa fona, já 'dezia a nha vó''. Pensamento de populaça amassa mas não desfaz. Dificilmente vivem em paz. Vão à missa, vão culto, vão aquilo e vão a isto, transcendem-se mas não se entendem. Porque ascendem aos valores da elite. Oh maleita malvada!
Ana Piu
Brasil. 03.09.2016

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

SÊ A MUDANÇA QUE QUERES VER NO MUNDO (Gandhi)

" Não, não quero que saias à rua. Vamos nos salvaguardar!" Olha só o que me vejo a dizer aquele ser que muitas e tantas vezes saímos juntas à rua na Avenida da Liberdade da cidade de Lisboa, ainda ela era criança pequena. Sim, saímos à rua aos milhares várias vezes, até o número diminuir e as decisões neo liberais mantendo-se a ferro e fogo. Conclui uma vez mais que sair à rua é mais um símbolo da nossa prática quotidiana. De que nos vale sair à rua se não nos mobilizamos na continuidade? De que nos vale erguer o punho se nos comportamos diariamente uns com os outros sem o coração aberto, com juízos de valor, promovendo mal entendidos, difamações, cobranças egóicas? Isso por um lado.
Por outro, eu curto muito a minha integridade física e de quem amo. Não curto levar porrada da bófia, no caso dos milicas. Não curto e não quero. E também não encontro barato nenhum nas bombas de gás. E isso não me faz menos ou mais heroína. Porém venero a minha, a nossa vida. Escrever, atuar, compartilhar a minha arte é um ato de resistência. Assim como propor-me a ser melhor ser humano. Olhar de frente as minhas sombras, aceitá-las para me tornar mais leve, mais livre, com mais AMOR. E isso é profundamente revolucionário.
Ana Piu
Brasil, 02.09.2016

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A atriz Ana Piu fará intervenções todos os domingos deste mês (4, 11, 18 e 25), das 15h30 às 16h, antes das sessões dos espetáculos infantis do projeto “Pequeno Espectador”, no Sesc Campinas. As atividades contam com produção da Arte&Efeito.
Confira a programação completa e não deixe de levar a criançada:
http://www.sescsp.org.br/programac…/98953_PEQUENO+ESPECTADOR#

Todo o mundo está convidado sem exceção, porque o mundo é maior que o tamanho dos nossos braços. E um abraço é maior que o tamanho do mundo. Sintam-se todos abraçados.



crédito da foto: Margarida Ribeiro
Bell Trana D'Tall ( Ana Piu) e Alinda Baker ( Herica Veryano) partilham dicas e segredos do sagrado feminino.
Ana Piu
Brasil, 31.08.2016
Muchos obrigados, Gratidão, danka you, gracias muitas, verys mercis Circo Além da Lona
CRÉDITO: Alexandre Almeida

ESTAMOS CÁ PARA AS CURVAS

Em tempos 'muita' malucos gostaria aqui de dizer que esta é uma ótima oportunidade para o Brasil e não só rever o que é a cidadania, a liberdade, a democracia e outras coisas que dignificam cada ser humano. Em relação ao Brasil também aproveito para desejar que os movimentos sociais voltem a ter voz, porque "paradoxalmente" (?!) perderam força nestes últimos anos. Resultado: os urubus avançaram com os aplausos dos leigos e psicopatas. Porém! Porém! O meu trabalho académico, que tem o seu valor por ser prático e as teorias são "adornos" para uma possível melhor compreensão, saiu no jornal de empresas e negócios!! Olha a ironia da situação! Estamos cá para as curvas!!!!
Ana Piu
Br, 31.08.2016

AMOR EM TEMPOS DE CÓLERA*

AMOR EM TEMPOS DE CÓLERA*
Queridas pessoas, amigas de longa data, amigas recentes, conhecidas há muito ou pouco tempo, conhecidas de vista, desconhecidas, ainda por conhecer. Diante da conjetura política atual venho aqui declarar publicamente que não engulo coxinhas e passo ao largo. Pois nutrir rancor e outras negatividades faz verdadeiramente mal à saúde física e emocional. Não faço questão nenhuma de ser amiga de coxinhas, como tal siga para diante. Bem sei que a coisa pode descambar de vez em quando, que nem com um copo de vinho a coisa se digere. Mas há que evitar! De verdade. Passarmos por loucos faz parte, mas existem outros caminhos. Por vezes há um pessoal que é do povão com pensamento de coxinha. Demonstra a fragilidade do sistema educacional, Quanto a fascistas.... uuhhh É como enfrentar um cão raivoso. Manter a calma e a firmeza de seguir o nosso caminho sem sublinhar os seus discursos de ódio com o nosso ódio. Temos sempre duas escolhas para o nosso coração. Preenche-la de ódio ou Amor. E a vida já é um desafio, e tão grande e tão imensamente bela e preciosa que nos unamos a quem se quer bem mutuamente, para que os caminhos se abram com o sentido que queremos dar à nossa existência.
Ana Piu
Br, 1.9.2016
* Titulo dum livro do Garcia Marquez
crédito: Mayu Mayumi

COMUNICADO DO MOVIMENTO DAS FORÇAS AMADAS

Dezoito e vinte sete do horário de Brasília, o Movimento das Forças Amadas difunde o seu primeiro comunicado através dos microfones das redes sociais: "Aqui posto de comando do movimento das Forças Amadas. As Forças Amadas Internacionais apelam para todos os habitantes do território brasileiro no sentido de darem as mãos nos quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal. Para que apelamos para o bom senso dos cidadãos no sentido de serem evitados quais quer discursos de ódio de parte a parte. Tal confronto, além de desnecessários, só poderiam conduzir a sérios prejuízos individuais. O que há que a evitar a todo o custo. Não obstante a preocupação de mantermos a firmeza de estarmos juntos de mãos dadas e nunca esquecermos que fazemos parte do Movimento das Forças Amadas."
Ana Piu
Br,1.9.2016
crédito: Margarida Ribeiro in Encontro Internacional de Palhaços de Vila do Conde, Portugal 2015.